Lula diz � PF que nunca pediu dinheiro para Instituto e responsabiliza Okamotto

S�o Paulo - Em seu depoimento prestado para a Pol�cia Federal na Lava Jato no dia 4 de mar�o, quando foi levado de maneira coercitiva para depor por determina��o do juiz S�rgio Moro, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva disse que nunca procurou empresas para pedir dinheiro para os projetos da entidade.

"N�o, porque n�o faz parte da minha vida pol�tica, ou seja, eu desde que estava no sindicato eu tomei uma decis�o: eu n�o posso pedir nada a ningu�m porque eu ficaria vulner�vel diante das pessoas", afirmou o petista, investigado na Lava Jato por suspeita de ter utilizado sua entidade e suas palestras para receber propinas de empreiteiras envolvidas no esquema de corrup��o na Petrobras.

Evasivo, o ex-presidente atribuiu a Paulo Okamotto, presidente do instituto, e aos quatro diretores da entidade - Clara Ant, Celso Marcondes, Paulo Vannuchi e Luiz Dulci - a responsabilidade por pedir recursos e cuidar dos projetos da entidade.

Ele afirmou ainda que "n�o gosta" de participar das reuni�es da diretoria do seu instituto porque tem a ideia de "que os diretores t�m que ter muita autonomia" com rela��o a ele, afirmou o petista.

A movimenta��o financeira do Instituto Lula e da empresa de palestras do ex-presidentes LILS � uma das frentes de investiga��o da Lava Jato contra Lula.

Segundo a for�a-tarefa, a maior parte do dinheiro que entrou no Instituto Lula e na LILS Palestras, entre 2011 a 2014, saiu de empresas do esquema Petrobras: Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galv�o e UTC. Os investigadores apuram se teria havido repasses de propinas do esquema de corrup��o por meio destes pagamentos.

Os investigadores informaram que no instituto, as empreiteiras foram respons�veis pelo ingresso de R$ 20,7 milh�es de um total de R$ 35 milh�es contabilizados. Na LILS, foram R$ 10 milh�es.

Questionado sobre quem tem a fun��o de pedir recursos para os projetos da entidade, o ex-presidente citou a dire��o. Os delegados da Pol�cia Federal, ent�o, perguntaram quem era a pessoa espec�fica respons�vel por pedir as doa��es. "Deve ser o tesoureiro e o diretor financeiro do instituto", respondeu o petista.

Indagou pelo delegado quem seriam essas pessoas, Lula respondeu. "Hoje eu acho que � o Celso Marcondes, mas isso funciona como qualquer instituto, do Fernando Henrique Cardoso, do Sarney, do Bill Gates, do Bill Clinton, do Kofi Annan", respondeu Lula, que afirmou ainda que a entidade n�o tinha diretor financeiro nos �ltimos oito anos.

Os delegados insistiram no assunto e chegam a perguntar se mais alguma pessoa no Instituto pedia recursos.

"Deve ter mais gente que pedia, a� teria que perguntar pra quem conhece", respondeu o ex-presidente. O delegado, mais na frente do depoimento, questiona ent�o quem seriam os diretores financeiros.

"O Paulo Okamotto, pode perguntar para o Paulo quem � que pedia", disse o petista. Sem dar uma resposta objetiva, o ex-presidente afirmou ainda que "acha" que Okamotto pode pedir doa��es para a entidade e, ao ser questionado se j� ouviu Okamotto comemorar ou mesmo noticiar o recebimento de doa��o para o Instituto, Lula disse apenas "n�o".

Lula chegou a fazer uma brincadeira sobre suas movimenta��es financeiras quando questionado sobre a quantia de dinheiro que entrava mensalmente na entidade.

"Nem no instituto e nem em casa eu cuido disso, em casa tem uma mulher chamada dona Marisa que cuida e no instituto tem pessoas que cuidam”, afirmou o petista, em refer�ncia a sua esposa Marisa Let�cia.