
Dois dias depois de quase 4 milh�es de pessoas tomarem as ruas do pa�s para protestar contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), a crise pol�tica que parece n�o ter fim ganhou mais um cap�tulo com a divulga��o, pelo Supremo Tribunal Federal, do teor da dela��o premiada do senador Delc�dio do Amaral (PT-MS). Em depoimento de 254 p�ginas, o parlamentar colocou na linha de tiro os principais nomes da pol�tica nacional: a presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), os presidentes da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), integrantes do governo, parlamentares, empres�rios, advogados e o presidente do maior partido de oposi��o ao Pal�cio do Planalto, o senador mineiro A�cio Neves (PSDB).
O envolvimento de Mercadante levou parlamentares da oposi��o a cobrar da PGR um pedido de pris�o do ministro – que at� o fechamento desta edi��o n�o havia sido discutido. E as declara��es do petista ati�aram ainda mais Delc�dio, que veio a p�blico com outra revela��o bomb�stica: depois de ficar 87 dias preso sob a acusa��o de tentar atrapalhar as investiga��es da Opera��o Lava-Jato, afirmou que agiu a mando de Dilma – de quem foi l�der no Senado – e Lula. Em entrevista ao jornal O Globo, ele foi categ�rico: “Cad� o governo que se dizia republicano, que nada interferiria nas investiga��es? A grava��o do Aloizio confirma o que eles sempre negaram. Na minha dela��o fica claro que fui escalado, como l�der do governo, pela Dilma e pelo Lula para barrar a Lava-Jato.” Ainda nessa ter�a-feira (15), o senador, que j� estava afastado do partido, pediu desfilia��o do PT.
Padrinho
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) foi acusado por Delc�dio do Amaral de participar de um suposto esc�ndalo de aquisi��o il�cita de etanol na BR Distribuidora, entre 1997 e 2001. O operador do esquema seria Jo�o Augusto Rezende Henriques, ex-diretor da subsidi�ria, que fez dep�sitos apontados pela Lava-Jato como propina para o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em 2011. Segundo a dela��o de Delc�dio, Henriques era “apadrinhado” de Temer. De acordo com a assessoria, Michel Temer “nunca foi padrinho” de Jo�o Henriques, n�o o conhecia quando foi indicado ao cargo, pois a indica��o foi pela bancada do PMDB.
Em outro trecho da dela��o, s�o citados o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ministro do STF Ricardo Lewandowski. Em conversa gravada por um assessor dele, funcion�rio de Mercadante teria levado o recado de que o ministro da Educa��o prometia interceder junto ao ministro e a Renan para elaborar uma maneira de fazer com que os senadores revogassem o aval da Casa para que fosse preso. As assessorias do STF e de Renan negaram as declara��es.
Em rela��o ao senador A�cio Neves, Delc�dio disse que o mineiro foi benefici�rio de um “grande esquema de corrup��o em Furnas”, operacionalizado por Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas, e que teria “v�nculo muito forte” com A�cio. Em nota, o senador negou as cita��es, que chamou de “mentirosas”, e que n�o se “sustentam na realidade”.