(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Declara��o de ministro leva delegado da PF do bastidor ao holofote

Entrada conturbada do novo ministro da Justi�a p�s o discreto diretor-geral da Pol�cia Federal, Leandro Daiello, no centro da disputa entre agentes e delegados com o Planalto


postado em 28/03/2016 06:00 / atualizado em 28/03/2016 07:31

Daiello, há cinco anos no cargo, já enfrentou várias crises internas. Agora, tem recebido apoio da categoria (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 14/1/11)
Daiello, h� cinco anos no cargo, j� enfrentou v�rias crises internas. Agora, tem recebido apoio da categoria (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 14/1/11)

A declara��o do novo ministro da Justi�a, Eug�nio Arag�o, de amea�ar de afastamento delegados da Pol�cia Federal diante do “cheiro de vazamento” de informa��es referentes a investiga��es, jogou o foco da aten��o sobre o discreto diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra, que h� mais de cinco anos ocupa o comando da corpora��o. Desde que assumiu a cadeira, no primeiro governo da presidente Dilma Rousseff, Daiello tem evitado as pol�micas e troca uma boa briga pelo trabalho de bastidores, conforme relatam companheiros do delegado.

Longe de ser uma unanimidade, sua gest�o � frente da corpora��o – a mais longa at� hoje –, enfrentou v�rias crises institucionais, mas, agora, delegados se unem em apoio a Daiello. Sob o risco de eventualmente ser substitu�do em raz�o de insatisfa��es de representantes do PT, principalmente ap�s o vazamento pelo juiz S�rgio Moro de grava��o de conversa telef�nica entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, o diretor-geral da PF recebeu mo��o de apoio de entidades representantes das categorias, em especial da Associa��o dos Delegados de Pol�cia Federal.

Se Daiello permanece calado, apesar dos ataques que vem sofrendo, alguns de seus colegas defendem que ele j� deveria ter colocado seu cargo � disposi��o, assim como todos os delegados em postos comissionados na corpora��o, para deixar evidente a insatisfa��o com tentativas de interven��o na corpora��o. Desde que foi escolhido pelo ex-ministro da Justi�a Jos� Eduardo Cardozo como chefe da PF, mais em raz�o de ter chefiado tamb�m a superintend�ncia da corpora��o em S�o Paulo e de n�o ter padrinho pol�tico do que por seu curr�culo, Daiello ganhou a confian�a de Cardozo.

O processo de conquista m�tua entre Cardozo e o chefe da PF possibilitou ainda que a corpora��o fosse tocando opera��es espinhosas para o governo, como a Lava-Jato, a Zelotes, a Acr�nimo, al�m de outras 200 investiga��es que ele pr�prio admite estar em andamento. O apoio que ele recebe hoje dos colegas se aproxima muito da m�xima: ruim com ele, pior sem ele.

Como ainda superintendente de S�o Paulo, Daiello foi acusado de ter tentado por fim � Opera��o Satiagraha, comandada � �poca pelo delegado expulso da PF Prot�genes Queiroz. Em dezembro de 2010, ele teria pressionado Prot�genes durante reuni�o para saber quem eram os alvos dos mandados de pris�o expedidos pela Justi�a. Diante da recusa do ent�o delegado de fornecer os nomes, ele amea�ou n�o ceder ao subordinado o efetivo necess�rio para prender alvos como o empres�rio Naji Nahas e o ex-prefeito de S�o Paulo Celso Pitta. A reuni�o foi gravada.

CHIMARR�O Daiello � ga�cho, tem 44 anos, e descrito pelos colegas como uma pessoa af�vel, brincalhona, extrovertida, dedicado �s peladas de fim semana com os amigos e n�o abandona o h�bito do chimarr�o, que mant�m em seu gabinete para oferecer a todos que v�o at� ele. Desse jeito, n�o encontrou resist�ncias quando foi anunciado para conduzir a corpora��o. No entanto, com o tempo, a indecis�o e a insist�ncia em evitar quedas de bra�o, terminou por causar insatisfa��es internas. Por v�rias vezes, ele enfrentou movimentos de paralisa��o de agentes, peritos e papiloscopistas por reajuste de sal�rio e ainda teve que conviver com um racha entre os delegados e as demais carreiras.

Em julho de 2012, cerca de 400 servidores fizeram o enterro simb�lico de Daiello em Bras�lia e, � �poca, o acusavam de ser omisso e corporativista. Permaneceu em sil�ncio, n�o acusou o golpe, e ainda trabalhou nos bastidores para a aprova��o dentro do governo de duas leis de interesse dos delegados: como o impedimento do cargo de diretor-geral ser ocupado por outra carreira e ainda a proibi��o de troca de equipes de investigadores sem a devida justificativa.

A Associa��o dos Delegados jogou pesado junto a congressistas e Daiello se encarregou de fazer sua parte dentro dos gabinetes do governo. “Se n�o tiv�ssemos conseguido garantir que apenas delegados podem comandar a PF, com certeza, em tempos de representantes do Minist�rio P�blico no Minist�rio da Justi�a, o nomeado para a corpora��o seria um procurador”, disse um colega de Daiello.

AUTONOMIA As estocadas do subprocurador da Rep�blica e agora ministro da Justi�a, Eug�nio Arag�o, contra integrantes da PF na Opera��o Lava-Jato ocorrem justamente no momento em que os delegados colocam na rua a campanha pela autonomia administrativa e financeira da corpora��o, nos mesmos moldes do Minist�rio P�blico. Dentro dessa filosofia, a defesa do diretor-geral Daiello � parte dessa luta de n�o aceita��o de interfer�ncia externa. A Associa��o dos Delegados de Pol�cia Federal, que tem cerca de 150 filiados, fez consultas internas para formar uma lista tr�plice e emplacar o nome para o comando da PF. N�o obtiveram sucesso. E nem Daiello, que em outubro de 2014, quando da reelei��o de Dilma Rousseff, n�o teve seu nome citado entre os mais votados.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)