
"Tem muita gente que est� triste pela fal�ncia de um projeto, que era bonito, de inclus�o social. Infelizmente, veio junto de outro projeto, de poder. N�o podemos permitir que o projeto venha junto com a corrup��o", afirmou em palestra para empres�rios realizada pela C�mara Americana de Com�rcio Brasil-Estados Unidos, Amcham.
Lima disse ainda se considerar uma pessoa inclinada � esquerda e afirmou ter votado em Fernando Henrique Cardoso e Luiz In�cio Lula da Silva - al�m de Leonel Brizola, que foi derrotado na disputa de 1989, quando foi eleito Fernando Collor. Segundo o procurador, o problema da corrup��o no Brasil n�o � pessoal ou de um partido, mas do sistema que � alimentado pelos desvios de conduta.
"Votei em Brizola, Lula, Fernando Henrique, a quest�o n�o s�o os nomes, a quest�o � que o sistema, que � por natureza corruptor", afirmou na palestra. "Sempre fui uma pessoa mais � esquerda, depois que estudei nos Estados Unidos mudei um pouco", afirmou ao alegar que no Brasil o sistema � "conivente com a corrup��o".
Segundo Lima, a solu��o � mexer no cerne do sistema pol�tico e o custo dele no Brasil. Como fazer isso, no entanto, � um assunto para o debate, avalia. "A solu��o � baixar essa febre que nos acomete, diminuir o custo das campanhas, da pol�tica e, vou dizer mais, diminuir a personaliza��o da pol�tica. Como se fazer isso, a� a discuss�o vai para voto distrital, distrital misto, cl�usula de barreira. Precisamos de mudan�a, mas essa mudan�a ainda vai ser discutida e testada."
"O que me preocupa � a verifica��o de que a corrup��o est� entranhada no nosso sistema econ�mico e pol�tico. N�o vou dizer cultural, porque n�o sou daqueles que vai chamar brasileiro de Macuna�ma", disse, ao defender que o caso brasileiro tem solu��o.
Para ele a "esperteza" brasileira atingiu esferas sociais que n�o precisariam disso para viver, o que � preocupante. Ele associa esse fen�meno ao sistema de coaliz�o pol�tica, que tem na distribui��o de cargos a partidos uma das formas de sustenta��o do governo.
"O primeiro diagn�stico que me causa muita tristeza � que a democracia brasileira nunca foi efetiva, seja pelo coronelismo da Rep�blica Velha, seja pelo abuso do poder econ�mico na democracia atual. Temos um sistema pol�tico partid�rio extremamente caro, elei��es que demandam muito dinheiro. Temos sistema partid�rio que permite multiplica��o de partidos para obten��o de benesses", afirmou.
O procurador relatou ter se chocado com a informa��o que ouviu no r�dio pela manh� de que o governo Dilma Rousseff teria agora 2 mil cargos para redistribuir ap�s o desembarque do PMDB. "Nosso sistema de coaliz�o exige essa distribui��o de cargos, que � conscientemente dirigida � corrup��o."
� plateia de empres�rios e pessoas ligadas a setores de compliance, o procurador defendeu o projeto de lei elaborado com apoio do Minist�rio P�blico Federal e que foi enviado para discuss�o no Congresso Nacional, de um pacote com 10 medidas contra a corrup��o. Entre as medidas, por exemplo, h� a proposta de limitar recursos judiciais que protelam condena��es.
Ainda sobre a opera��o Lava-Jato, o procurador brincou que preferia estar "em casa, lendo" em vez de estar recebendo tanta aten��o e admitiu que os integrantes da for�a-tarefa tamb�m est�o sujeitos a erros. Ele argumentou, contudo, que � importante a opera��o existir para combater a corrup��o no pa�s.
Empresas
O procurador disse ainda que o sistema brasileiro se tornou injusto ao eleger entre as empresas as chamadas "campe�s nacionais" que t�m acesso privilegiado a mecanismos de financiamento no BNDES, por exemplo. "Na Lava-Jato, verificamos que h� empresas que t�m pol�ticos cativos. Isso � muito injusto com as empresas que n�o s�o campe�s nacionais", afirmou.
"Al�m de tudo, o mercado � muito influenciado pelas pr�ticas corruptas, pois o grande consumidor brasileiro ainda � o Estado. Junta-se aqui a vontade de comer dos pol�ticos com a fome das empresas", disse Lima.