A investiga��o sobre o desembargador � mantida em segredo de justi�a no STJ desde maio do ano passado. Documento encaminhado pela Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) ao tribunal em 3 de fevereiro, ao qual o Estado teve acesso, aponta que as dilig�ncias feitas pela Pol�cia Federal at� agora para identificar o magistrado "n�o foram conclusivas". Com base em novo levantamento de poss�vel nome, feito pela PGR, o ministro Lu�s Felipe Salom�o, relator da Lava-Jato no STJ, encaminhou o caso novamente � PF local.
O caso foi descoberto quando, em depoimento, uma testemunha da Lava Jato narrou que um desembargador catarinense tinha rela��o com empresa de armazenagem de documentos que fez opera��es de lavagem de dinheiro para a Arxo Industrial do Brasil.
A Arxo tamb�m � de Santa Catarina e foi investigada na nona fase da Opera��o Lava Jato, intitulada "My Way", ocasi�o em que teve dois dirigentes presos por determina��o do juiz S�rgio Moro. No depoimento, a testemunha da Lava Jato fez men��o, ainda, a uma rela��o do desembargador citado com "tatuagem corporal".
Segundo fontes com acesso � investiga��o, a men��o ao desembargador foi feita pela contadora Meire Pozza, que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef, pe�a central na Lava Jato.
Possibilidades
O primeiro nome considerado pelos investigadores foi o do desembargador Luiz C�sar Medeiros. A suspeita foi levantada porque o filho do juiz � s�cio de uma empresa prestadora de servi�os de armazenagem de documentos.
A testemunha n�o reconheceu em foto o rosto de Medeiros, mas indicou a imagem de outro magistrado: Joel Dias Figueira J�nior. Como a pol�cia n�o encontrou nenhum registro de v�nculo entre Figueira J�nior e qualquer empresa de armazenagem de documentos, e considerando que o reconhecimento foi feito com "certo grau de d�vida, sem convic��o", as buscas pelo nome investigado continuaram.
O Tribunal de Justi�a de Santa Catarina tem em seu quadro 62 desembargadores, al�m dos ju�zes convocados para atuar eventualmente no �rg�o.
O Minist�rio P�blico chegou, ent�o, a um terceiro suspeito, desta vez o juiz convocado para atuar no TJ-SC Rodolfo Cezar Ribeiro da Silva Tridapalli. H� uma decis�o do juiz sobre a possibilidade de candidatos aos quadros da Pol�cia Militar e do Corpo de Bombeiros possu�rem tatuagem no corpo.
A partir da�, a PGR apurou que Tridapalli � s�cio da empresa RD Office Center, que realiza servi�o de armazenagem de documentos. Ele tamb�m foi s�cio da empresa Tridial - Servi�os de Digita��es, Arquivamento e Apoio Administrativo Ltda.
Com base nisso, a vice-procuradora-geral da Rep�blica, Ela Wiecko, pediu a remessa do caso de volta � Pol�cia Federal de Santa Catarina, para que investigadores confrontem a testemunha com a foto de Rodolfo Tripadalli.
Os desembargadores e o juiz n�o foram localizados pela reportagem nos telefones do tribunal, em raz�o do feriado da P�scoa.
A nona fase da Lava-Jato, na qual os dirigentes da Arxo foram presos, teve como alvo 26 empresas que atuariam como fachadas em contratos da Petrobras com fornecedores.
Na sede da Arxo, em Pi�arras (SC), foram apreendidos 518 rel�gios de luxo e o equivalente a R$ 3,2 milh�es, em notas de real, euro e d�lar. A empresa constr�i tanques de combust�veis e tinha v�nculos comerciais com a BR Distribuidora.
Quatro investiga��es
O STJ re�ne at� agora quatro investiga��es da Opera��o Lava Jato. Al�m da apura��o a respeito do desembargador catarinense, o ministro Lu�s Felipe Salom�o � respons�vel pelos inqu�ritos envolvendo o governador do Rio, Luiz Fernando Pez�o (PMDB), e seu antecessor, S�rgio Cabral; o governador do Acre, Ti�o Viana (PT), e o ex-ministro das Cidades M�rio Negromonte, atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Munic�pios da Bahia.
A investiga��o mais avan�ada � a que corre sobre Negromonte, que foi deputado pelo PP, na qual � esperada uma futura den�ncia pela Procuradoria-Geral da Rep�blica.