
Depois do desembarque oficial do PMDB, maior partido que dava sustenta��o ao seu governo, a presidente Dilma Rousseff (PT) tem no PP o principal foco na busca de votos para evitar sofrer um impeachment e j� trabalha nos bastidores para trazer os 49 deputados federais para o seu lado. A legenda, que se tornou a quarta maior bancada da C�mara dos Deputados – atr�s apenas de PMDB, PT e PSDB – depois das trocas partid�rias possibilitadas pela janela aberta por lei, � tamb�m a que tem o maior n�mero de investigados na Opera��o Lava-Jato. S�o 33 nomes de atuais ou ex-parlamentares. Com todo esse peso, o partido resolveu cozinhar o Pal�cio do Planalto at� as v�speras da vota��o da comiss�o do impeachment para decidir se continua na base ou refor�a a oposi��o.
� o que foi decidido em reuni�o das bancadas, nessa quarta-feira (30), com deputados e senadores. Segundo o l�der do PP na C�mara, Aguinaldo Ribeiro (PB), um dos investigados na Lava-Jato, a legenda deve reunir seu diret�rio em meados de abril. “O partido far� uma reuni�o no dia anterior � defini��o da comiss�o especial do impeachment, ou no dia imediatamente posterior � vota��o, e a� o diret�rio se manifestar� quanto a permanecer no projeto que construiu ou tomar outro rumo”, disse. A expectativa � de que a comiss�o do impeachment vote o parecer entre 11 e 15 de abril.
No mesmo dia que o PP decidiu adiar a decis�o, a Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) den�ncia contra sete integrantes do PP investigados na Opera��o Lava-Jato. A PGR pede que os deputados Luiz Fernando Ramos Faria (MG), Roberto Britto (BA), Mario Negromonte Junior (BA), Arthur Lira (BA) e Jos� Ot�vio Germano (RS) e os ex-deputados Mario Negromonte (BA) e Jo�o Pizzolatti (SC) respondam pelos crimes de corrup��o passiva, lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa. A den�ncia se baseia em dela��es premiadas e os detalhes n�o foram divulgados.
O PP tem hoje o Minist�rio da Integra��o Nacional, ocupado por Gilberto Occhi, mas j� teve a bem mais cobi�ada pasta das Cidades, que perdeu no fim de 2014 para o PSD. A troca teria motivado o in�cio das insatisfa��es na legenda, hoje dividida. “Ficou claro que n�o h� um pensamento consensualizado, ent�o, para debater melhor, haver� reuni�o do diret�rio nacional no dia 11 ou 12 de abril”, afirmou a senadora Ana Am�lia (RS), que encabe�a o grupo dos que defendem o rompimento com o governo Dilma. “N�o tem outra sa�da, n�o tem que aceitar cargo, tem � que cair fora”, afirmou. Segundo os deputados Jer�nimo Georgen (RS) e J�lio Lopes (RJ), que articularam a reuni�o dessa quarta-feira, a maioria da bancada do PP est� contra a presidente Dilma. J� a conta da dire��o partid�ria � de que 15 dos 49 estariam dispostos a votar pelo impeachment.
O l�der Aguinaldo Ribeiro n�o deu n�meros, mas tamb�m afirmou que a bancada est� dividida sobre como votar� o processo de impeachment. “H� uma postura clara de parlamentares que s�o contra e de parlamentares que s�o a favor. A posi��o � de que decidamos em conjunto”, disse. Para reverter os n�meros e tentar levar a bancada toda, as investidas j� come�aram. O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que vem cuidando da articula��o para evitar o afastamento da presidente, se encontrou nessa quarta-feira com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI). Antes mesmo de o peemedebista Marcelo Castro decidir se vai deixar o Minist�rio da Sa�de, pasta com maior or�amento e visibilidade, o posto j� teria sido oferecido ao PP. O l�der do partido, no entanto, n�o respondeu claramente se h� alguma determina��o no sentido de aceitar ou recusar cargos. Disse apenas que h� um calend�rio e que esse n�o � o momento de discutir isso.
A ala aliada ao vice-presidente Michel Temer, que tamb�m j� trabalha para a composi��o de um eventual governo do peemedebista, contando com a possibilidade do impeachment, tamb�m teria procurado o PP e oferecido o Minist�rio das Cidades.
DEFESA Outra bancada assediada por ambos os lados, o PR tamb�m anunciou que vai esperar o parecer da comiss�o especial do impeachment para decidir sobre a perman�ncia ou n�o no governo. Com 40 cadeiras, o partido tem hoje o Minist�rio dos Transportes e pode acrescentar o dos Portos. O argumento do l�der na C�mara, Maur�cio Quintella (AL), � que a legenda n�o pode se posicionar antes de ouvir a defesa da presidente que ainda nem chegou � Casa. O parlamentar negou que o Pal�cio do Planalto tenha oferecido cargos. “As conversas com o governo t�m sido no sentido de tentar convencer, claro, o partido a permanecer na base, o que � natural”, afirmou. Quintella confirmou que interlocutores de Temer tamb�m est�o abordando as legendas para compor um poss�vel governo.
Declaradamente contr�ria ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, a deputada federal Zenaide Maia (RN) renunciou nessa quarta-feira � vaga de titular do PR na comiss�o especial do impeachment na C�mara. Ela alegou problemas de sa�de na fam�lia para deixar o colegiado. Al�m da vaga dela, o plen�rio dever� eleger dois novos suplentes ap�s os antigos perderem as vagas por mudar de partido.