Bras�lia, 03 - De olho nos votos do impeachment, a presidente Dilma Rousseff aceitou trocar o ministro do Esporte na quarta-feira passada para evitar o rompimento definitivo com o PRB. Vinte quatro horas depois, o contrato de publicidade da pasta - no valor de R$ 44 milh�es - foi prorrogado sem licita��o, medida que beneficiou um empres�rio ligado ao partido. Entre as duas empresas contempladas est� a Fields Comunica��o, cujo propriet�rio, o publicit�rio Sidney Campos, j� foi filiado ao PRB e mant�m amizade com lideran�as do PC do B, como o atual deputado federal Orlando Silva (SP), que foi ministro do Esporte entre 2006 e 2011, nos governos Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Na semana passada, Dilma chegou a pedir a Macedo que intercedesse no PRB para convencer a bancada a votar contra o impeachment. Os dois falaram por telefone. Na conversa, o bispo disse que o interlocutor da sigla era Marcos Pereira, o presidente nacional do PRB. Uma m� not�cia para Dilma. Isso porque, no �ltimo dia 16, fora Pereira o principal respons�vel por articular o rompimento do partido com o governo. Para voltar atr�s, ele cobrou de Dilma a demiss�o de George Hilton, deputado eleito pelo PRB que chegara ao comando do Esporte em janeiro de 2015.
Ao longo do ano passado, Pereira e Hilton se desentenderam, e o dirigente partid�rio come�ou a jogar a bancada contra o ministro. Hilton tentou se segurar no cargo migrando para o PROS. Contudo, para tentar reverter os votos do PRB, Dilma resolveu ceder a Pereira. Ele, por�m, preferiu n�o indicar um filiado do partido para o Esporte a fim de "n�o se desmoralizar", segundo contou um deputado da sigla.
Pereira, ent�o, sugeriu um nome que agradava ao PRB e ao PC do B ao mesmo tempo: Ricardo Leyser, que j� havia sido secret�rio executivo do minist�rio e at� a semana passada era o secret�rio Nacional de Esporte de Alto Rendimento. Leyser � filiado ao PC do B.
"Como vai ter Olimp�ada neste ano, eu sugeri o Ricardo, o Aldo Rebelo (ex-ministro do Esporte e atual ministro da Defesa) ou o Edinho Silva (atual ministro da Secretaria de Comunica��o Social)", contou Pereira ao Estado. Apesar de ter defendido o rompimento com Dilma, ele afirmou que o partido � "independente". "N�o somos oposi��o", ressaltou.
At� a �ltima sexta-feira, tr�s dos quatro principais cargos da pasta ainda eram ocupados por filiados ao PRB. "Mas eles dever�o sair", garantiu Pereira. Apesar de ter j� defendido o impeachment de Dilma, ele afirmou que a bancada s� dever� tomar um posicionamento oficial "nas pr�ximas semanas" - discurso similar a PSD, PP e PR, que negociam mais espa�o na Esplanada dos Minist�rios. Nas contas do Pal�cio do Planalto, Dilma tem esperan�a de contar com pelo menos 11 dos 22 votos do PRB. Trata-se do mesmo n�mero de deputados que s�o ligados � Universal.
Sentado na cadeira
Na sexta-feira, um dia ap�s a renova��o do contrato da sua empresa com o Minist�rio do Esporte, o publicit�rio Sidney Campos esteve na pasta para uma reuni�o. Conforme apurou o Estado, ele chegou a se sentar por alguns instantes na cadeira do novo ministro Ricardo Leyser.