A investiga��o, denominada "Panama Papers" se baseou no vazamento de dados do escrit�rio de advocacia panamenho Mossack Fonseca e na an�lise de 11,5 milh�es de documentos por 370 jornalistas de mais de cem jornais em 70 pa�ses de todo o mundo sobre 140 autoridades pol�ticas e personalidades internacionais.
Segundo a p�gina na internet do International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ), um coletivo de jornalistas investigativos que revelou m�ltiplos esc�ndalos, 12 chefes de Estado em exerc�cio e que j� deixaram os postos s�o citados.
"Os documentos cont�m novos detalhes sobre grandes esc�ndalos, como (...) o extenso caso de lavagem de dinheiro no Brasil e alega��es de propina que abalaram a Fifa", diz um trecho da apresenta��o do documento no site.
Segundo o La Naci�n, jornal argentino que participou da an�lise dos documentos, "no Brasil, a Mossack Fonseca esteve envolvida no recente caso de propina e lavagem de dinheiro denominado 'Lava-Jato'".
Brasil
Citados de maneira direta ou indireta nos documentos vazados neste domingo, est�oo presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o usineiro e ex-deputado federal Jo�o Lyra (PTB-AL) est�o entre os pol�ticos brasileiros mencionados nos arquivos. Outros nomes de brasileiros que aparecem s�o Nestor Cerver� e Edison Lob�o.
Os documentos revelam que, ao menos, 107 empresas offshore est�o ligadas a investigados pela Lava-Jato e que a Mossack Fonseca operou para seis grandes empresas e fam�lias citadas na opera��o, como a empreiteira Odebrecht e as fam�lias Mendes J�nior, Schabin, Queiroz Galv�o, Feffer e Walter Faria.
R�sssia
Nos documentos � mencionado o c�rculo pr�ximo do presidente russo, Vladimir Putin, e sociedades ligadas ao presidente chin�s, Xi Jinping, que tem afirmado sua determina��o em combater a corrup��o.
Nos arquivos tamb�m aparecem os nomes do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e do primeiro-ministro island�s, Sigmundur David Gunnlaugsson.
"Eu nunca ocultei bens", defendeu-se o premi� island�s, suspeito de ter escondido milh�es de d�lares nas Ilhas Virgens brit�nicas.
Outro que aparece nas listas � o presidente argentino Mauricio Macri.
"Macri integrou, juntamente com seu pai e seu irm�o, Mariano, o diret�rio de uma sociedade 'offshore' registrada nas Bahamas desde 1998, identificada como Fleg Trading Ltda. Tratou-se de uma deriva��o da holding que os Macri tinham montado na Argentina e no Brasil", destacou o La Naci�n.
Segundo um comunicado do governo argentino, o presidente Macri n�o tem, nem teve a��es da empresa Fleg Trading.
"Esta sociedade, que tinha como objetivo participar de outras sociedades n�o financeiras como investidora ou holding no Brasil, esteve vinculada ao grupo empres�rio familiar e da� o senhor Macri ser designado ocasionalmente como diretor, sem participa��o acion�ria. Constou, sim, na declara��o juramentada de seu pai, Franco Macri", acrescentou o governo em Buenos Aires.
"O senhor Mauricio Macri nunca teve, nem tem participa��o no capital desta sociedade", refor�ou o comunicado oficial.
Na Venezuela, o capit�o reformado do Ex�rcito Adri�n Vel�zquez - ex-chefe de seguran�a do falecido presidente Hugo Ch�vez -, o general reformado V�ctor Cruz Weffer, que dirigiu o plano piloto de a��es sociais chavistas, e Jes�s Villanueva, auditor da petroleira PDVSA est�o entre os venezuelanos mencionados nos documentos, segundo informa��o publicada nos sites ArmandoInfo, Runrunes e El Pitazo.
O primeiro teria aberto uma empresa de milh�es de d�lares em um para�so fiscal nas ilhas Seychelles, bem como em Caracas e no Panam�, mesma estrat�gia utilizada por Weffer - primeiro caso de corrup��o do governo Ch�vez, acusado de desviar aproximadamente um milh�o de d�lares para contas pr�prias. J� Villanueva teria desviado fundos milion�rios para uma empresa panamenha.
A p�gina na Internet da emissora americana Univisi�n acrescentou que Vel�zquez � casado com Claudia D�az, que foi enfermeira do presidente falecido, tesoureira da Na��o e esteve � frente de um milion�rio fundo de desenvolvimento venezuelano, o Fonden.
Ap�s a divulga��o das informa��es, o governo do Panam� prometeu cooperar com a justi�a.
"O governo do Panam� cooperar� vigorosamente ante qualquer solicita��o ou assist�ncia que seja necess�ria, caso se desenvolva algum processo judicial", informou, em um comunicado, o Executivo panamenho.
Personalidades na berlinda
Na Espanha, o jornal El Confidencial e a emissora de televis�o La Sexta reportaram que nos "Pap�is do Panam�" aparecem mencionados o craque argentino Leonel Messi, o cineasta espanhol Pedro Almod�var e Pilar de Borb�n, tia do rei Felipe VI.
"Em 13 de junho de 2013, apenas um dia depois de sabido que tinha evadido 4,1 milh�es de euros", Messi e seu pai, Jorge Horacio Messi, "utilizaram um escrit�rio uruguaio para construir uma sociedade panamenha, com a qual teriam continuado faturando seus direitos de imagem pelas costas da Ag�ncia Tribut�ria" espanhola, reportou o El Confidencial.
Messi, que ser� julgado ao lado do pai no fim de maio, na Espanha, por supostamente usar uma s�rie de empresas fantasmas para fraudar 4,16 milh�es de euros em direitos de imagem entre 2007 e 2009, teria iniciado os tr�mites para adquirir a companhia Mega Star Entreprises Inc., ap�s seu caso ser divulgado na Espanha.
O jornal exibe um suposto documento com a assinatura de Messi e seu pai em que ambos "se comprometem a cobrir os custos nos quais pudesse incorrer a Mossack Fonseca por qualquer processo judicial derivado do uso da companhia".
A infanta Pilar de Borb�n, irm� do rei Juan Carlos e tia do atual monarca, tamb�m "presidiu e dirigiu durante anos uma empresa radicada no Panam�" e administrada pela Mossack Fonseca, segundo os documentos.
Pilar de Borb�n tornou-se presidente da Delantera Financiera SA em 1974, mas embora em 1993 n�o ocupasse mais a presid�ncia, continuou vinculada a esta sociedade, dissolvida em 24 de junho de 2014, cinco dias depois da proclama��o de Felipe como rei da Espanha.
Michel Platini na lista
Nos documentos tamb�m aparece citado o ex-presidente da Uefa, Michel Platini, mas em comunicado enviado � AFP, ele afirmou que todas as atividades relativas foram informadas �s autoridades su��as, onde o ex-jogador tem resid�ncia fiscal desde 2007.
A Federa��o Internacional de Futebol (Fifa) abriu investiga��o sobre o presidente do Pe�arol, o uruguaio Juan Pedro Damiani, membro de seu Comit� de �tica, que a investiga��o vincula como advogado de tr�s acusados pela justi�a americana no esc�ndalo de corrup��o da Fifa. Damiani disse estar "muito tranquilo".
A mesma investiga��o tamb�m revelou que o cineasta espanhol Pedro Almod�var e seu irm�o, Agust�n, aparecem como donos "de uma sociedade (Glen Valley Corporation) registrada nas Ilhas Virgens Brit�nicas, um territ�rio considerado ainda hoje como para�so fiscal pela Espanha", reportou o El Confidencial.
"A empresa permaneceu ativa de 22 de mar�o de 1991 a 11 de novembro de 1994", acrescentou o jornal espanhol.
As datas coincidem com os primeiros sucessos do diretor. Seu irm�o, que n�o negou a informa��o, enviou um comunicado ao El Confidencial, destacando que "diante das poss�veis insinua��es que poderiam resultar da informa��o de que disp�em, queremos manifestar que tanto Pedro quanto eu estamos a par de todas as nossas obriga��es tribut�rias".
O escrit�rio Mossack Fonseca informou � brit�nica BBC ter operado de forma "irrepreens�vel" durante 40 anos e que nunca foi acusado de nenhum crime penal.
Desconhece-se at� agora a origem dos documentos vazados, mas para o diretor e fundador da empresa, a divulga��o destes documentos constitui "um crime" e "um ataque" ao Panam�.
"Isto � um crime, um delito", declarou � AFP Ram�n Fonseca Mora, diretor e membro-fundador da empresa, em sua primeira rea��o ao vazamento de dados.