O Planalto d� como certa a admiss�o do processo na Comiss�o Especial a ser instalada no Senado nas pr�ximas 48 horas e considera a situa��o "dram�tica". Nesta segunda-feira, 18, no plen�rio do Senado, o governo tem 28 votos, mas na primeira vota��o precisa de 41.
"Eu vou lutar at� o fim", afirmou Dilma, de acordo com relato dos que estiveram com ela, no Pal�cio da Alvorada. "A luta continuar� at� o �ltimo instante nas ruas, na Justi�a e no Parlamento. N�o podemos descansar. Quem pensa que eu vou renunciar pode tirar o cavalinho da chuva", emendou a presidente. Ela acompanhou a vota��o no Alvorada, onde se reuniu com Lula - que ontem completou um m�s de nomea��o suspensa na Casa Civil - e com ministros do PT.
O advogado-geral da Uni�o, Jos� Eduardo Cardozo, escalado como porta-voz do governo ap�s a vota��o, disse que Dilma n�o vai renunciar e que ela far� um pronunciamento hoje. O ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presid�ncia, Jaques Wagner, classificou a decis�o como "retrocesso". "Acreditamos que o Senado, que representa a Federa��o, possa observar com mais nitidez as acusa��es contra a presidenta, uma vez que atingem tamb�m alguns governadores de Estado."
Apesar da declara��o de resist�ncia do governo, nos bastidores o Planalto avalia que a guerra ser� ainda mais dura. Em conversas reservadas, dirigentes do PT diziam ontem que a �nica chance de sobreviv�ncia de Dilma reside na amplia��o do desgaste do vice-presidente Michel Temer.
Na noite de domingo, 17, quando a vota��o do impeachment na C�mara j� indicava a derrota, o coment�rio no Alvorada era que Temer "n�o vai ter paz" de hoje em diante. Dilma mostrou inconformismo com o fato de a sess�o ser conduzida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da C�mara e r�u da Opera��o Lava Jato.
"Mesmo que Temer venha a ser um presidente interino, n�o vai aguentar tr�s meses no cargo. Ele � s�cio de Cunha e n�s vamos expor toda sua fragilidade. Vamos infernizar", disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). "De inferno o PT entende, mas n�s queremos o contr�rio. Queremos o c�u", rebateu o senador Romero Juc� (PMDB-RR).
O governo aposta agora no presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para evitar que prazos de tramita��o do processo sejam atropelados.
Auxiliares da presidente admitiram, por�m, que a situa��o ficou mais dif�cil por causa da larga margem de votos com que o impeachment foi aprovado na C�mara. Na pr�tica, ocorreu o que o Planalto temia, uma goleada de "7 a 1". At� recentemente, quando acreditavam ser poss�vel reverter o processo, ministros afirmavam que um governo sem 172 votos na C�mara - n�mero que era necess�rio para barrar o impeachment - n�o teria mesmo condi��es de administrar o Pa�s.
Na �ltima hora, o Planalto apelou para as aus�ncias - que contariam a favor de Dilma. Esperava de 20 a 30 faltas, mas apenas dois deputados n�o apareceram.
Elei��es
Na coletiva no Pal�cio do Planalto, ao ser perguntado sobre a proposta de convocar novas elei��es, Jos� Eduardo Cardozo disse que a presidente est� disposta a "dialogar com setores da sociedade que querem encontrar sa�das para a crise dentro das regras constitucionais."
A tese tem respaldo de integrantes do PT, por acharem que poderia beneficiar o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Tamb�m � uma forma de alvejar Temer. "Qual a legitimidade ter� um vice-presidente que n�o foi eleito pelo voto popular?", perguntou o ministro do Desenvolvimento Agr�rio, Patrus Ananias (PT-MG), que reassumiu o mandato de deputado para votar contra o impeachment. "Qualquer governo que nas�a de golpe n�o � reconhecido pelo PT", disse o presidente do partido, Rui Falc�o.
Bicicleta
No dia em que seria votado o destino de seu mandato, Dilma fez a sua pedalada matinal, s� que um pouco mais tarde do que de costume. Saiu por volta das 7 horas, mas preferiu encurtar o passeio de bicicleta, que durou 45 minutos. No trajeto, manteve a passagem pelo Pal�cio do Jaburu, resid�ncia oficial de Temer.