Tudo ainda ser� pesado politicamente, mas a tend�ncia � que n�o seja colocada na rua, logo no in�cio, uma proposta de reforma da Previd�ncia, por exemplo, que poderia se converter em muni��o para a tropa dilmista, que ficar� entrincheirada no Pal�cio da Alvorada. Al�m disso, n�o contribuiria para pacificar as ruas. Assim, h� muito cuidado na defini��o do "timing" de apresenta��o das propostas de reforma.
H� aliados de Temer sugerindo que ele comece com medidas "doces". Por exemplo, criando um programa de cr�dito para as fam�lias que ca�ram na inadimpl�ncia.
O cuidado com as medidas "amargas" decorre do fato de que o apoio pol�tico a elas � menor do que a vota��o deste domingo, 17, pode dar a entender. "O suporte para a sa�da da presidente n�o � o mesmo para uma coaliz�o liderada por Temer e uma agenda de ajustes na economia", avaliou o cientista pol�tico Rafael Cortez, da consultoria Tend�ncias.
Isso porque Temer e o PMDB s�o op��es de poder para a pr�xima elei��o presidencial, explicou. Isso os coloca numa posi��o ambivalente em rela��o a seu principal aliado no processo de afastamento de Dilma, o PSDB. Por um lado, eles compartilham uma responsabilidade sobre o que vier a ocorrer. Por outro, disputam a lideran�a do antipetismo.
Al�m disso, est� em curso um processo de reorganiza��o no universo dos partidos. A din�mica que vigorou desde os anos 1990 at� 2014, com o PT e o PSDB protagonizando a disputa federal e os demais partidos gravitando em torno deles, se foi. Agora, todos buscam ampliar seu espa�o. Assim, o vice-presidente n�o contaria com a boa vontade que foi dispensada a Itamar Franco (1992-1995), na �poca impedido de disputar a reelei��o.
O professor Jos� Matias-Pereira, da Universidade de Bras�lia (UnB), acredita que
Temer n�o tentar� concorrer � reelei��o, caso assuma o governo, por entender que chegou a essa condi��o para cumprir um papel constitucional. "Ele chega numa situa��o bastante interessante e prop�cia para fazer o que � necess�rio."
"O ganho pode vir da capacidade de Temer de construir um marco regulat�rio e um ambiente favor�vel para os investimentos", disse. O programa de concess�es, por exemplo, n�o depende do Congresso e tem uma agenda em andamento. H� investidores interessados nos empreendimentos, aguardando uma melhor defini��o do quadro pol�tico e econ�mico.
Da mesma forma, h� espa�o para avan�ar nas reformas microecon�micas, que tamb�m poder�o gerar efeitos positivos na economia. Para Matias-Pereira, o principal ganho viria com a montagem de uma equipe de pessoas competentes.