Em depoimento no Conselho de �tica da C�mara dos Deputados, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, confirmou o repasse de dinheiro oriundo do esquema de propina na Petrobras ao presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Baiano disse que os pagamentos eram feitos em esp�cie e que os repasses ocorreram em 2011 e 2012.
Baiano � apontado na Opera��o Lava-Jato, da Pol�cia Federal, como operador de recursos para o PMDB no esquema de pagamento de propina em neg�cios irregulares envolvendo a Petrobras. Baiano confirmou aos deputados as informa��es iniciais prestadas por outros delatores do esquema, o doleiro Alberto Youssef e o empres�rio J�lio Camargo. De acordo com Camargo, Cunha cobrou o pagamento a Baiano de subornos atrasados no valor de US$ 15 milh�es, para viabilizar a contrata��o de dois navios-sondas do estaleiro Samsung, representado no Brasil por Camargo.
Questionado pelo deputado Marcos Rog�rio (DEM-RO), relator do processo contra Cunha, se tinha conhecimento de repasse de propina a Cunha em contas no exterior, Baiano disse n�o ter conhecimento de que houvesse repasse de dinheiro para contas no exterior. Segundo Fernando Baiano, os valores eram entregues pelo doleiro Alberto Youssef e depois ele levava a quantia para Cunha. “A pessoa que recebia a propina era um funcion�rio do escrit�rio de Cunha no Rio de Janeiro, chamada Altair”, acrescentou.
Durante o depoimento, o lobista disse que conheceu Cunha em 2009, em um caf� da manh�, em um hotel. Posteriormente, o deputado questionou Baiano sobre a possibilidade de doa��o para campanha eleitoral. Baiano disse que as empresas n�o doavam para campanha, mas que Cunha disse que poderia ajud�-lo a cobrar uma d�vida de US$ 16 milh�es de J�lio Camargo pela intermedia��o de contratos de navios- sonda com a Petrobras. “E eu sinalizei que se ele me ajudasse na cobran�a dessa d�vida eu poderia ajudar na campanha”, disse o lobista, que afirmou que se encontrava com Cunha nos finais de semana no escrit�rio do deputado no Rio de Janeiro.
Cunha
Cunha nega as acusa��es. O advogado do peemedebista, Marcelo Nobre, contestou as declara��es de Fernando Baiano a respeito do pagamento de propina, alegando que as acusa��es n�o tem a ver com o processo em tramita��o no Conselho de �tica, que apura se o presidente da C�mara, Eduardo Cunha, quebrou o decoro parlamentar ao afirmar n�o ter contas no exterior. Documentos do Minist�rio P�blico da Su��a revelaram a exist�ncia de contas ligadas a Cunha naquele pa�s. O presidente da C�mara nega ser dono das contas, que, segundo ele, s�o administradas por trustes e afirma ser o “usufrutu�rio” dos ativos mantidos no exterior.
Para a defesa de Cunha, o depoimento de Baiano n�o pode ser usado no processo no colegiado. “N�o podemos admitir que discutamos aqui a imputa��o de vantagem indevida se sequer tivemos condi��o de apresentar a defesa nesse sentido e essa imputa��o n�o foi aceita nesse conselho”, criticou o advogado de Cunha, Marcelo Nobre.
Na semana passada, o vice-presidente da Casa, Waldir Maranh�o (PP-MA), determinou que o foco da apura��o no colegiado fique somente sobre a suspeita de que Cunha teria contas banc�rias secretas no exterior e de que teria mentido sobre a exist�ncia delas em depoimento � Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Petrobras. “N�o foi ele quem limitou, foi este conselho, foi o pr�prio colegiado quando decidiu excluir do processo as quest�es relativas a vantagens indevidas”, defendeu.
Para o deputado Julio Delgado (PSB-MG), o depoimento de Baiano deixa claro que Cunha mentiu na CPI da Petrobras ao dizer que Fernando Baiano nunca foi a casa dele. "J� estive na casa dele [Cunha]", disse Baiano ao ser questionado pelo deputado. Delgado tamb�m criticou a estrat�gia da defesa de Cunha de querer limitar as investiga��es. "O campe�o da Lava Jato � o Eduardo Cunha. � o que tem mais processos na Lava Jato", disse o deputado.
Com Ag�ncia Brasil