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Estado de Minas

"Num governo Temer, ministro ser� ministro", diz Moreira Franco

Um dos principais articuladores do impeachment, ex-governador do Rio e ex-ministro Wellington Moreira Franco revela que a principal aposta do vice Michel Temer ser� a escolha do titular da Fazenda


postado em 01/05/2016 06:00 / atualizado em 01/05/2016 07:52

(foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(foto: Marcelo Camargo/Ag�ncia Brasil)
Presidente da Funda��o Ulysses Guimar�es, o ex-governador do Rio e ex-ministro Wellington Moreira Franco � um dos integrantes do chamado “n�cleo duro” do governo que est� sendo montado pelo vice-presidente Michel Temer para assumir o poder t�o logo a presidente Dilma Rousseff seja afastada do cargo pelo Senado, por um per�odo de at� 180 dias, at� que o impeachment seja julgado. Nesta entrevista ao Correio Braziliense/Estado de Minas, Moreira evita falar em nomes para compor o novo minist�rio, mas deixa claro que a maior estrela da equipe ser� o futuro ministro da Fazenda, cargo para o qual o mais cotado � o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. “Existem v�rios nomes, que a imprensa fala, mas Meirelles tem todas as condi��es t�cnicas, pol�ticas e pessoais para ser um grande ministro da Fazenda.” Para ele, a principal tarefa do governo Temer ser� enfrentar a crise econ�mica, da� a import�ncia da escolha da equipe da �rea. Moreira � um dos respons�veis pela elabora��o do documento “Uma ponte para o futuro”, um esbo�o de programa de governo, � muito criticado por setores sindicais e pol�ticos de esquerda, inclusive de oposi��o. Ele classifica essas cr�ticas como “baboseiras”. Ministro da Avia��o Civil do governo Dilma no primeiro mandato, foi descartado pela presidente da Rep�blica na montagem do segundo governo. Desde ent�o, movimentou-se intensamente para que o PMDB aderisse ao impeachment. � cotado para ocupar uma secretaria especial que ser� encarregada de viabilizar o programa de concess�es e parcerias p�blico-privadas para atrair investimentos e reaquecer a economia.


Como est� a montagem do governo Michel Temer?
O presidente Michel Temer � muito discreto. Pessoalmente, sua milit�ncia pol�tica se pauta sempre pelo recato, discri��o e pelo cuidado institucional. Foi assim que se deu nas tr�s vezes em que foi presidente da C�mara e � assim agora. As conversas que ele tem tido, que eu ouvi de muita gente, s�o de quem est� preocupado com o pa�s, mas n�o se antecipa al�m do que lhe mandam as regras institucionais. Seria sempre uma situa��o constrangedora para ele e para o interlocutor dele, se ele avan�asse em montagem de governo.

Quais seriam as tarefas de um governo com caracter�sticas de transi��o, de emerg�ncia diante da crise?
O eventual impedimento da presidente n�o vai significar apagar o grande problema que o Brasil vive. O primeiro problema do Brasil � a economia, o segundo � a economia e o terceiro tamb�m � a economia. Esse desastre econ�mico tem nos colocado nessa situa��o que vivemos e estamos numa situa��o muito ruim. O desemprego aumenta, o sal�rio diminui, as pessoas est�o vivendo muita dificuldade. Eu n�o tenho a menor d�vida de dizer que a principal carga, a grande responsabilidade do pr�ximo governo � a mesma do atual, � o ministro da Fazenda, que a ele caber� definir o rumo, o caminho que ser� seguido, para que n�s possamos, em primeiro lugar, estabelecer o equil�brio fiscal, porque sem equil�brio fiscal n�o ter� crescimento, sem crescimento n�o ter� emprego, sem emprego n�o tem renda. E a popula��o e o pa�s v�o sofrer muito. Da� a import�ncia da escolha do ministro da Fazenda, porque o que veio at� agora n�o foi capaz e a grande defici�ncia deste governo � a falta de rumo nessa �rea.

A ideia � blindar a economia?
Quando o ministro for escolhido, ele vai dizer qual � a ideia. N�s fizemos l� na funda��o uma s�rie de estudos, ouvimos muitas pessoas para que n�s pud�ssemos com muita seguran�a voltar a praticar os fundamentos macroecon�micos que nos deram grandes resultados, que s�o: estabilidade fiscal, super�vit prim�rio, infla��o controlada, controle dos gastos, pol�tica de c�mbio correta, seguran�a jur�dica. Ou seja, princ�pios contidos na Carta aos Brasileiros adotados por Lula, que nos permitiram um per�odo de grande inser��o de milh�es de brasileiros no mercado de consumo, e tamb�m na �poca do Plano Real, que nos permitiu controlar a hiperinfla��o. Ent�o, com esses princ�pios, n�o h� d�vida, n�s temos compromisso. Agora, o detalhamento voc� ter� quando voc� tiver a oportunidade. Se o Michel Temer for presidente da Rep�blica e escolher o ministro da Fazenda, voc� ter� a oportunidade de ouvi-lo, porque s�o responsabilidade e atribui��o dele. E no governo do presidente Temer, se vier a ocorrer, ministro ser� ministro, secret�rio-executivo ser� secret�rio-executivo, respons�veis por �reas ser�o respons�veis por �reas, e n�o essa desorganiza��o hier�rquica e de autoridade que n�s vimos nos �ltimos anos no Brasil.

O PT afirma que um ajuste inspirado no plano de voc�s implicaria grandes sacrif�cios para a popula��o mais pobre.

Isso � baboseira. Baboseira porque eles aplicaram esses mesmos fundamentos quando o presidente Lula assinou a Carta aos Brasileiros, ganhou a elei��o e fez um primeiro mandato baseado em parte e o segundo mandato muito comprometido com esses princ�pios e a consequ�ncia foi ampliar em 40 milh�es o n�mero de brasileiros que tiveram conquistas, sobretudo os jovens, as mulheres e os negros. O que mostra que, em vez de ajudar a popula��o quando eles dizem isso, eles est�o � criando p�nico, querendo justificar o grande erro que cometeram, que foi abandonar exatamente esses princ�pios que deram os resultados que n�s obtivemos na economia. Este governo foi leniente com a infla��o, leniente com o gasto p�blico, com a pedalada final e quis pagar empr�stimos com mais empr�stimos, aumentou a d�vida p�blica.

A presidente Dilma prepara um pacote de bondades para este 1º de Maio, inclusive o aumento do Bolsa-Fam�lia.
Com rela��o a essas mudan�as, particularmente no Bolsa-Fam�lia, � uma pena que ela s� olhe para um direito dos brasileiros que precisam, o Bolsa-Fam�lia, como vingan�a. Se for feito isso no 1º de Maio, nada mais � do que vingan�a. Porque o �ltimo reajuste foi em junho de 2014, �s v�speras das elei��es. E o reajuste daquela �poca n�o levou em conta a infla��o. Voc�s que acompanharam o crescimento da infla��o daquele per�odo at� agora devem avaliar o sofrimento que os brasileiros que recebem o Bolsa-Fam�lia t�m passado no governo atual. Porque desde 2014 n�o h� reajuste e est� em R$ 77. Isso n�o � bondade, isso n�o � compromisso social, isso � vingan�a. � querer tratar coisa p�blica de maneira irrespons�vel.


Um dos protagonistas do impeachment foi o presidente da C�mara, Eduardo Cunha, que � um s�mbolo das coisas que devem ser mudadas na pol�tica brasileira. Qual vai ser o papel do Eduardo Cunha daqui pra frente?
Ele � o presidente da C�mara eleito pelos deputados. Ele tem um processo no Supremo Tribunal Federal e esse processo est� sendo julgado de acordo com os ritos processuais, ele est� sendo investigado pela Pol�cia Federal, ele tem inqu�ritos que est�o sendo institu�dos no Supremo, como manda a Constitui��o brasileira. Da mesma forma que tem regras para a elei��o, no regimento interno tem regras para se tirar o mandato dele. Ent�o, n�s temos a Conselho de �tica, que � o local para essas regras de retirada, e essas institui��es est�o funcionando e continuar�o a funcionar. O papel que ele vai cumprir � o papel que est� na Constitui��o.

H� um certo questionamento com rela��o ao Michel Temer querer formar um governo de amigos e, quando falam isso, est�o se referindo ao senhor, ao Padilha, ao pr�prio Juc�. Como o senhor v� isso?
Cada um tem a sua import�ncia e � respeitada. Eu coloco isso a� muito mais no campo da intriga do que no da verdade. � claro que todo governo tem seu n�cleo, que s�o as pessoas mais pr�ximas ao presidente. Eu tinha, como governador e prefeito que fui, pessoas mais pr�ximas a mim e isso � natural.

O Temer, quando assumir, encontrar� um governo em frangalhos. Com muita gente pendurada nos cargos comissionados e um plantel de minist�rios que deve ser reduzido. Como vai ficar isso?
Eu tenho uma proposta a lhe fazer: fa�a essa pergunta a ele ou ao porta-voz dele, ou at� a mim, quando ou se ele assumir. Agora � uma precipita��o.


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