Bras�lia – A Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) apertou o cerco ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) – colocado ontem no centro da trama da Opera��o Lava-Jato. Em den�ncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Lula foi acusado pelo procurador-geral Rodrigo Janot de ter atuado para evitar a dela��o do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerver�. Se o STF aceitar a den�ncia, Lula se tornar� r�u por tentativa de obstruir a Justi�a. Em uma segunda frente, a PGR pediu que o ex-presidente seja investigado no inqu�rito principal que apura o esquema de corrup��o na Petrobras. E Lula ainda foi inclu�do no pedido de investiga��o contra a presidente Dilma Rousseff, tamb�m feito ontem ao STF. Os dois petistas s�o acusados de interferir nas investiga��es da Lava-Jato com a nomea��o dele para a Casa Civil e do ministro Marcelo Navarro no Superior Tribunal de Justi�a.
Segundo a tese de Janot, Lula atuou em conluio com Delc�dio para tentar comprar o sil�ncio de Cerver�. No caso de Delc�dio, existe grava��o que mostra o senador em plena negocia��o para ajudar o ex-diretor da Petrobras a fugir. O procurador cita tamb�m o agendamento de uma reuni�o entre Lula e o senador no Instituto Lula em meio �s negocia��es para supostamente calar Cerver�, conforme mostra o a�dio.
J� no pedido para que Lula seja investigado no principal inqu�rito da Lava-Jato, Janot incluiu mais 30 pessoas. Se o pedido de investiga��o ser� aceito, por�m, � uma decis�o que caber� ao ministro Teori Zavascki, que � o relator da Opera��o Lava-Jato no STF. Al�m de Lula, outras figuras de destaque do governo, como o chefe de gabinete da Presid�ncia, Jaques Wagner, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e o ministro da Comunica��o Social, Edinho Silva, foram inclu�dos no pedido de Janot. Os ex-ministros Antonio Palocci e Erenice Guerra, al�m do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, tamb�m est�o na lista.
O presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) tamb�m s�o alvos da PGR. Esse mesmo inqu�rito, j� investiga 39 pessoas, entre elas, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Juc� (PMDB-RR). Agora, Janot defende que a inclus�o dos novos investigados vem de encontro ao avan�o das investiga��es. O procurador disse que “esse aprofundamento das investiga��es mostrou que a organiza��o criminosa tem dois eixos centrais. O primeiro ligado a membros do PT e o segundo ao PMDB”.
“No caso deste (PMDB), as provas colhidas indicam para uma subdivis�o interna de poder entre o PMDB da C�mara dos Deputados e o PMDB do Senado. Estes dois grupos, embora vinculados ao mesmo partido, ao que parece, atuam de forma aut�noma, tanto em rela��o �s indica��es pol�ticas para compor cargos relevantes no governo quanto na destina��o de propina arrecadada a partir dos neg�cios escusos firmados no �mbito daquelas indica��es”, afirma Janot.
O Instituto Lula reagiu duramente. Segundo a nota, “a pe�a (de Janot) indica apenas suposi��es e hip�teses sem qualquer valor de prova”. Para o petista, “trata-se de uma antecipa��o de ju�zo, ofensiva e inaceit�vel, com base unicamente na palavra de um criminoso”, diz em refer�ncia a Delc�dio. “O ex-presidente Lula n�o participou nem direta nem indiretamente de qualquer dos fatos investigados na Opera��o Lava-Jato”, rebate. “Lula n�o deve e n�o teme investiga��es.”
Dilma � inclu�da em pedido de investiga��o
Janot pediu autoriza��o ao STF tamb�m para investigar a presidente Dilma e Lula por causa da nomea��o do petista para a Casa Civil. As investiga��es tamb�m dependem de autoriza��o pr�via do ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo. A apura��o sobre a conduta da presidente Dilma seria por embara�o �s investiga��es sobre organiza��o criminosa. Em uma das conversas gravadas, Dilma fala com Lula sobre a posse dele na Casa Civil. A presidente diz que enviar� o termo de posse por um emiss�rio e que Lula s� deveria usar o documento em caso de necessidade. A equipe de procuradores respons�vel pelas investiga��o da Lava-Jato em Bras�lia considerou a conversa comprometedora. Dilma estaria tentando promover Lula a ministro para, com isso, tir�-lo do alcance das investiga��es da for�a-tarefa do Minist�rio P�blico Federal sobre ele e outros dirigentes do PT. Para investigadores, poderia estar configurada na a��o da presidente uma tentativa de embara�o �s investiga��es da organiza��o criminosa.
Contra a presidente, pesou tamb�m na decis�o da PGR um dos depoimentos em que Delc�dio acusa Dilma de nomear Marcelo Navarro para o STJ com a miss�o de tirar da pris�o o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrech, detido em Curitiba desde o ano passado. O ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, foi inclu�do nas investiga��es por causa de uma conversa com um assessor de Delc�dio, na qual o ministro pergunta o que poderia fazer para ajudar a fam�lia do senador que, naquele momento, estava preso e prestes a assinar um acordo de dela��o premiada. Para os investigadores, Mercadante estaria interessado em demover o senador da dela��o. Delc�dio n�o apresentou provas da acusa��o, mas procuradores consideram necess�rio colocar a quest�o em pratos limpos.