
S�o Lu�s (MA) - O governador do Maranh�o, Fl�vio Dino (PCdoB), articulador central da proposta de cancelamento do impeachment apresentada pelo deputado Waldir Maranh�o (PP-MA), lamentou a decis�o de seu aliado pol�tico de revogar o ato na noite desta segunda-feira, 9. O fato de o Senado ignorar a decis�o e a press�o dos caciques do PP, que sinalizaram que poderiam at� expuls�-lo da legenda, pesaram para o recuo. Se essa amea�a se concretizar, Maranh�o j� tem um caminho para tomar.
Ao Estad�o, Flavio Dino disse que o PCdoB est� de portas abertas para Waldir Maranh�o, apesar de o assunto, segundo o governador, n�o ter sido tratado entre eles. "Se ele desejar, ser� muito bem acolhido, mas ele n�o apresentou esse pleito. Acho que ele continua no partido dele, pelo menos foi o que ele me disse ontem (segunda) � noite. Mas se ele desejar, claro que vamos fili�-lo, sem nenhum problema", disse Dino.
Correligion�rios de Waldir Maranh�o afirmam que seu apoio recente a Fl�vio Dino est� atrelado � composi��o de uma chapa com o governador nas elei��es de 2018, al�m da oferta do comando da Secretaria de Tecnologia no governo maranhense. Dino negou. "Nunca houve esse acordo de ele ser senador na minha chapa. O que existe � um desejo dele e de outros de disputarem essa chapa, o que � um desejo leg�timo, afinal ele est� no terceiro mandato de deputado federal. Mas isso n�o foi tratado."
A mudan�a de partido ou de aliados nunca foi um problema para Waldir Maranh�o. Em sua escalada pol�tica, j� passou pelo PDT, PTB, PSB e PP, da mesma forma que trocou o apoio que dava � fam�lia Sarney para, depois, tornar-se seu rival pol�tico e agora, juntar-se ao governador maranhense.
Waldir Maranh�o telefonou para Fl�vio Dino momentos antes de entregar a revoga��o do ato que cancelava o processo de impeachment na C�mara, pr�ximo da meia-noite de segunda. "Ele disse que foi cobrado pelo partido e que resolveu revogar, diante dessa press�o partid�ria. Eu lamento, mas respeito. Ele j� fez muito, j� fez mais do que a maioria, ao votar contra o impeachment e ao apresentar esse pedido", comentou.
Dino, que deu sugest�es para a elabora��o da proposta amarrada por Waldir com o advogado-geral da Uni�o, Jos� Eduardo Cardozo, defendeu a legitimidade do ato que causou a ira da oposi��o. "Juridicamente, era uma proposta extremamente consistente. Havia um recurso que nunca foi apreciado. Houve um of�cio do Senado cobrando uma posi��o, e ele respondeu ao of�cio. Era uma situa��o normal e, tecnicamente, ele tinha raz�o."
Uma das principais lideran�as que t�m puxado a defesa de Dilma, Fl�vio Dino voltou a criticar a imposi��o que partidos fizeram aos seus parlamentares. "Todos deveriam ter liberdade de votar, mas o que o processo mostra � o contr�rio disso, os julgadores n�o t�m liberdade diante do instituto de fechamento de quest�o, da orienta��o partid�ria, inclusive com aplica��o de san��es. Do ponto de vista jur�dico, � uma situa��o esquisita, esdr�xula."
Na avalia��o do governador, a tentativa feita pelo presidente interino da C�mara n�o foi uma a��o desesperada, mas uma medida que se soma a outras, desde que o processo de impedimento come�ou a correr no Congresso. "Faz parte de um conjunto de quest�es jur�dicas que est� sendo apresentado desde o in�cio, para mostrar que esse processo � uma anomalia. Hora a gente ganha, hora a gente perde. � da vida."
Dino afirmou que Cardozo vai buscar novamente o Supremo Tribunal Federal e que h� um movimento contr�rio ao impeachment sendo organizado, inclusive, por juristas internacionais. "Quem olha de fora, n�o entende. � claro que esse neg�cio de pedalada � uma fic��o jur�dica, um artif�cio ret�rico. Est�o gerando um caos institucional e uma inseguran�a jur�dica brutal. � uma situa��o esdr�xula, absurda e que n�o vai acabar bem", disse. "N�o � uma quest�o de apoiar ou n�o a presidente Dilma, mas de ter uma consci�ncia clara sobre um conjunto de valores e respeito �s regras do jogo, para que n�o se banalize um instituto como o impeachment, que � uma pena de morte. Imagine se um acidente de tr�nsito levasse a uma pena de morte. N�o tem proporcionalidade."
O governador, que voltou na manh� de segunda para o Pal�cio dos Le�es, em S�o Lu�s, disse que a presidente Dilma n�o entrou em contato com ele para falar sobre a tentativa apresentada por Waldir Maranh�o.
Perguntado sobre a possibilidade de sofrer retalia��es em uma prov�vel gest�o de Michel Temer, Dino disse que n�o v� nenhuma possibilidade de isso ocorrer. "N�o imagino que um governo interino e fr�gil v� se dedicar a fazer persegui��es. Seria estapaf�rdio. N�o � muito da fei��o, inclusive, do pr�prio Michel Temer. Tenho muita tranquilidade. Nosso governo � leg�timo, tem apoio popular, cumpre a lei e suas obriga��es. Nem que quisessem, n�o teriam como atrapalhar", disse.