
Uma manifesta��o contra o impeachment da presidente Dilma Roussef, na noite dessa ter�a-feira (10), encerrou a programa��o do d�cimo dia de acampamento na Pra�a da Liberdade, zona nobre de Belo Horizonte. O m�sico Tico Santa Cruz e o rapper Fl�vio Renegado foram convidados para discursar em um ato pol�tico-cultural, que teve tamb�m a participa��o de diversos debates, servi�os e atra��es oferecidos por movimentos sociais.
O acampamento foi montado ap�s uma manifesta��o no dia 1º de maio, quando se celebra o Dia do Trabalhador. Ele � organizado pela Frente Brasil Popular, que � composta pela Central �nica dos Trabalhadores (CUT-MG), pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), por entidades estudantis, sindicatos e outros grupos populares.
H� na pra�a cerca de 60 barracas. Tamb�m foi estruturado um espa�o para debate e um pequeno palco. Profissionais de sa�de identificados com a mobiliza��o oferecem, em um estande, servi�os b�sicos como aferi��o da press�o arterial e da temperatura.
Solidariedade
O deputado estadual Rog�rio Correia (PT) faz um balan�o positivo da mobiliza��o e considera que o processo de impeachment � um golpe. "O acampamento come�ou com poucas barracas e hoje temos a pra�a tomada. A solidariedade � grande. Muitas pessoas se integram nas atividades ao longo do dia. Essa resist�ncia ao golpe segue e ser� intensa".
Correia disse que a queda de Dilma Rousseff seria uma derrota pontual e a manuten��o da mobiliza��o popular poderia levar, mais � frente, a reformas sociais mais profundas. "Esse projeto que unifica as elites coloca em risco conquistas sociais com o Bolsa Fam�lia, o Prouni e as cotas, entre outras. Mas se resistirmos, podemos alcan�ar vit�rias at� mais avan�adas do que as que obtivemos at� agora. Precisamos de uma reforma pol�tica para que o Legislativo e o Judici�rio tenham mais controle social, reformas tribut�rias que distribuam mais renda e uma reforma midi�tica. N�o � mais poss�vel que oligop�lios de comunica��o dominem o pa�s e fa�am prosperar suas mentiras".
Semelhan�as
H� na pra�a cerca de 60 barracas e tamb�m foi estruturado um espa�o para debate e um pequeno palcoLeo Rodrigues/Ag�ncia Brasil
O jornalista Jos� Maria Rab�lo, de 87 anos, disse n�o ter d�vidas de que, ap�s algumas quedas, sempre vem uma vit�ria. Ele comparou o atual momento com outros que presenciou. "O que ocorreu em 1964 � muito parecido que o que est� se passando agora. No ex�lio, tamb�m vivi o golpe de 1973 no Chile, quando Pinochet assumiu o governo. E vejo muitas semelhan�as. N�o h� que se falar em erros da presidente Dilma Rousseff, porque est�o derrubando ela n�o pelos erros, mas pelos acertos. A causa de toda essa rea��o conservadora s�o os avan�os sociais. As classes dominantes, frente a qualquer avan�o social, sempre regiram dessa maneira", disse.
Fundador do PDT, ele se disse surpreso com a decis�o da legenda de aprovar posi��o contra o impeachment, mas est� c�tico quanto �s expuls�es dos parlamentares que n�o seguiram a orienta��o partid�ria. Em nota divulgada no m�s passado, a sigla anunciou que iniciaria o processo de expuls�o dos seis deputados federais que votaram a favor da admissibilidade do pedido de afastamento de Dilma Rousseff.
"Embora eu seja membro do diret�rio nacional, o PDT de hoje n�o � o meu PDT. O meu PDT � o PDT do Brizola. Nem sei se essas expuls�es ser�o concretizadas. O PDT se afastou das causas trabalhistas que justificou a sua funda��o. Acertou dessa vez e vamos ver se essa postura ir� perdurar", disse Rab�lo.
Embora n�o esteja acampada, a assistente social Ana Maria Belineli, de 26 anos, � presen�a certa nas atividades di�rias da Pra�a da Liberdade. Participante das Brigadas Populares, movimento que levanta a bandeira da reforma urbana, ela e mais um grupo de militantes fizeram mais cedo um ato contra a reintegra��o de posse dos terrenos onde est�o as ocupa��es Maria Vit�ria e Maria Guerreira, na regi�o de Venda Nova.
Em sua opini�o, o afastamento de Dilma Rousseff n�o vai colocar fim �s mobiliza��es das organiza��es sociais. "O papel dos movimentos � seguir nas ruas, ocupando os espa�os e denunciando o golpe. N�s n�o vamos sair".
O ge�grafo Thiago Sales, de 27 anos, foi convidado por um amigo para ir ao acampamento. Ele participou das atividades pela primeira vez. "A situa��o exige que tomemos posi��o. Acho essa mobiliza��o importante e vou voltar nos pr�ximos dias".