Janot pede que os quatro sejam inclu�dos no mesmo inqu�rito j� aberto no STF que investiga o senador Edson Lob�o (PMDB-MA) por suposto recebimento de propina paga pelas construtoras respons�veis pela constru��o da usina no Par� na �poca em que ele era ministro de Minas e Energia. O processo tramita em sigilo, ou seja, quando n�o � poss�vel acompanhar seu andamento no sistema virtual do STF, e seu relator � o ministro Edson Fachin.
A inclus�o dos quatro novos investigados tem como base duas dela��es premiadas obtidas na Lava Jato: a do ex-diretor de energia da Camargo Corr�a Luiz Carlos Martins e a do ex-senador Delc�dio Amaral (sem partido-MS). Ambos descreveram ao Minist�rio P�blico um esquema de desvio de dinheiro dos contratos para a constru��o de Belo Monte que servia para financiar campanhas eleitorais de diversos candidatos, inclusive da presidente da Rep�blica afastada, Dilma Rousseff.
Repartindo a propina
De acordo com Delc�dio, as negocia��es para a constru��o de Belo Monte envolveram o pagamento de pelo menos R$ 30 milh�es de propina ao PT e ao PMDB. O ex-senador relata que os repasses aos petistas foram coordenados pelo ent�o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e foram destinados tanto para a campanha de Dilma quanto para outras campanhas eleitorais.
O ex-senador tamb�m envolve os ex-ministros Erenice Guerra (Casa Civil) e Silas Rondeau (Minas e Energia) na articula��o do esquema. Delc�dio disse que, no �mbito do PMDB, era justamente Rondeau o respons�vel por distribuir o dinheiro desviado, cujo destino era o "grupo" do ex-senador Jos� Sarney (AP): al�m de Lob�o e do pr�prio Rondeau, os beneficiados seriam Renan, Juc�, Raupp e Jader.
J� Luiz Carlos Martins narra com detalhes a "ocorr�ncia sist�mica", conforme chamou Janot, do pagamento de propinas a agentes pol�ticos facilitadores da constru��o da usina de Belo Monte. Al�m de mencionar explicitamente que Lob�o, enquanto ministro de Minas e Energia, era o agente pol�tico corrupto por deter o controle dos contratos da Eletrobras, o delator tamb�m afirma ter sido cobrado a pagar propina para o PMDB, tendo feito contrata��es simuladas e usado notas frias para enviar dinheiro desviado ao Maranh�o, estado do senador.
"Os pol�ticos n�o apenas tinham consci�ncia de que os valores eram provenientes das vantagens indevidas destinadas aos diretores e altos funcion�rios de empresas p�blicas e sociedades de economia mista federais, mas tamb�m atuavam, direta ou indiretamente, para a continuidade do esquema de pagamento de vantagens indevidas, seja pela manuten��o dos diretores em seus cargos, seja pela manuten��o do cartel de empresas ou, ao menos, pela n�o interfer�ncia em seu funcionamento" sustenta Janot no pedido enviado ao STF.
No pedido enviado ao STF, Janot lembra que o caso de Belo Monte tamb�m est� sendo investigado pelo juiz S�rgio Moro, na primeira inst�ncia, que acumula os processos contra quem n�o tem foro privilegiado. Segundo a PGR, al�m de Erenice, Palocci e Rondeau, fazem parte desta lista o diretor afastado da Eletrobras Valter Cardeal e o ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto.
Outros inqu�ritos
Renan, Juc�, Raupp e Jader j� s�o investigados na Lava Jato. Do grupo, o presidente do Senado � o recordista de procedimentos no STF, com 12 inqu�ritos no total, nove dos quais por envolvimento no esquema de corrup��o da Petrobras. Se o pedido de Janot sobre Belo Monte for aceito, ser� o 13º inqu�rito contra Renan no Supremo.
Juc�, al�m da investiga��o na Lava Jato, acumula mais quatro inqu�ritos. Ele aparece inclusive ao lado de Renan em uma investiga��o da Opera��o Zelotes, por ind�cios de que ambos negociaram no Senado pagamentos de R$ 45 milh�es com lobistas, em troca de aprovar emenda parlamentar de interesse de montadoras de ve�culos.