
Se estivessem no caixa do governo, os R$ 170 bilh�es do rombo or�ament�rio estimado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, poderiam turbinar os principais programas sociais e de investimentos do governo federal. O montante, que, se confirmado, representar� o maior saldo negativo nas contas p�blicas federais desde 1997 (quando come�ou a s�rie hist�rica do marcador), poderia tamb�m transformar positivamente �reas consideradas prioridade pela popula��o e setores carentes de investimentos p�blicos, como sa�de e educa��o. O or�amento de 2016 para o Minist�rio da Sa�de, com gastos estimados em R$ 88 bilh�es, seria duplicado. J� a Educa��o, pasta com gastos previstos de R$ 31,5 bilh�es, teria um or�amento cinco vezes maior se recebesse os recursos do d�ficit.
O Bolsa-Fam�lia, por sua vez, poderia ter seu or�amento multiplicado por seis caso o dinheiro do rombo estimado pela equipe econ�mica do governo interino de Michel Temer (PMDB) fosse aplicado no programa de transfer�ncia de renda. Em 2016, a pe�a or�ament�ria destinou R$ 27,1 bilh�es para o Bolsa-Fam�lia. Apesar de o relator do or�amento, o ent�o deputado e agora ministro da Sa�de, Ricardo Barros (PP), ter cogitado a possibilidade de retirar R$ 10 bilh�es do programa, tanto a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) quanto Michel Temer descartaram a redu��o nos gastos com o programa.
A �rea de investimentos em infraestrutura tamb�m poderia receber um refor�o significativo com o montante que deixar� os cofres p�blicos da Uni�o no vermelho. Somente para o Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC), que foi descartado por ministros do governo Temer e ser� substitu�do por um novo programa de parcerias com o setor privado, estavam previstos at� dezembro gastos de R$ 26,4 bilh�es.
No entanto, por falta de verbas, as principais obras de duplica��o de rodovias – como a BR-381, a Rodovia da Morte, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares – e melhorias em portos, aeroportos e ferrovias est�o praticamente paralisadas ou em ritmo lento desde o final do ano passado. O dinheiro do rombo poderia fazer os gastos do PAC se multiplicarem quatro vezes, o que solucionaria gargalos hist�ricos do pa�s.
O Minha casa, minha vida, outro programa-bandeira dos governos petistas, poderia ter uma abrang�ncia nove vezes maior, aumentando significativamente o n�mero de novas moradias subsidiadas pelo governo federal. No or�amento deste ano est�o previstos investimentos de R$ 19,3 bilh�es por meio do programa.
Na �rea da sa�de, considerada priorit�ria por metade da popula��o de acordo com pesquisa do Ibope, o total de gastos previstos para o ano poderia ser triplicado. O or�amento de R$ 88 bilh�es da pasta, o maior entre todos os minist�rios, chegaria a mais de R$ 250 bilh�es se recebesse todo o montante do rombo fiscal.
Na educa��o, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) cresceria mais de 13 vezes com todo o dinheiro do saldo negativo de 2016. Desde o ano passado, o Fies tem sofrido cortes no n�mero de vagas com o agravamento da crise econ�mica. Em 2015, foram previstos gastos de R$ 12,5 bilh�es com os subs�dios para estudantes universit�rios.