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Estado de Minas

Pol�ticos preferem disputar prefeituras em vez do Legislativo

Possibilidade de ver a concretiza��o do trabalho no Executivo � maior incentivo para a troca da cadeira de deputado pela de prefeito, mesmo que a remunera��o seja menor


postado em 23/05/2016 06:00 / atualizado em 23/05/2016 07:46

Paulo Piau, Márcio Reinaldo e Gilmar Machado afirmam que estão cansados da atividade parlamentar (foto: Ramon Lisboa/Newton França/Beto Oliveira)
Paulo Piau, M�rcio Reinaldo e Gilmar Machado afirmam que est�o cansados da atividade parlamentar (foto: Ramon Lisboa/Newton Fran�a/Beto Oliveira)

O sal�rio � menor do que os de deputado federal e estadual, trabalha-se mais dias por semana e o emprego n�o d� direito a aux�lio-moradia e outras verbas que engordam o contracheque. Mesmo assim, e em cen�rio de crise econ�mica e quebradeira nos caixas municipais, os ex-parlamentares mineiros que trocaram as cadeiras na Assembleia ou C�mara dos Deputados pretendem continuar comandando as prefeituras para as quais foram eleitos e v�o tentar nas urnas o aval para mais quatro anos em outubro. Como eles, pelo menos 38 dos atuais deputados federais ou estaduais de Minas querem se tornar prefeitos. Al�m da vaidade de ser o principal nome no munic�pio de origem, ter a caneta na m�o para comandar or�amentos inteiros e visibilidade para quando voltar a disputar mandatos parlamentares s�o alguns dos atrativos que tornam o cargo t�o concorrido.

“N�o volto mais a ser deputado estadual e federal, J� passei por l� e a miss�o est� cumprida”, afirma o prefeito de Uberaba, no Tri�ngulo, Paulo Piau (PMDB), que trocou o sal�rio de R$ 33,7 mil (valor pago hoje aos membros da C�mara) por um de R$ 20 mil. Deputado federal at� 2012, o peemedebista foi eleito com 79,7 mil votos para administrar uma cidade com um or�amento de cerca de R$ 1 bilh�o. Piau diz que os prefeitos que pegaram a atual gest�o tiveram de lidar com uma economia ladeira abaixo, com queda de arrecada��o no fundo de participa��o e nos tributos estaduais. “No caso de Uberaba, a receita subiu 4% mas a infla��o foi de 10,7%, isso significa que o poder de comprar rem�dio, gasolina e pagar conta de energia foi muito menor. Trabalhei com menos dinheiro em 2015 e, em 2016, estamos indo pelo mesmo caminho”, afirmou.

Mesmo com a “carga pesada”, Piau diz que ainda compensa ser prefeito. “� s� imaginar uma partida de futebol. Quando voc� � parlamentar fica s� no meio campo tocando de ladinho. J� o prefeito corre o campo todo, tem que ir para frente, fazer gol e voltar para a defesa”, disse o peemedebista, que considera mais f�cil o trabalho no Legislativo. Segundo o parlamentar, o desafio � grande, j� que tudo � cobrado diretamente no munic�pio, mas a satisfa��o compensa. Ele teve que cortar pessoal e custeio para conseguir fechar o or�amento. Piau est� adiando a decis�o, mas considera bem prov�vel tentar se reeleger. Segundo ele, concorrer para outros cargos, s� se for no Senado, governo ou vice-governador.

Ref�m Outro que ainda n�o confirma mas est� quase colocando o time em campo para se reeleger � o prefeito de Sete Lagoas, Regi�o Central, M�rcio Reinaldo (PP). Para ele, a vida de prefeito � mais din�mica. “Deputado fica muito ref�m de um contexto maior, varia com o gosto das lideran�as que estejam no Congresso. N�o � ruim, mas chega a cansar. Depois de 20 anos cheguei � exaust�o”, conta. Para o prefeito, enquanto falta ver os resultados pr�ticos no Legislativo, a vida no Executivo � estressante e problem�tica. “� tomar um choque el�trico a cada duas horas. � um buraco ali que fez cair uma pessoa, um fulano que teve problema no hospital, a adutora que estourou e deixou o bairro sem �gua. E o prefeito � culpado de tudo”, diz. Ainda assim, M�rcio Reinaldo diz que a compensa��o vem ao enxergar uma obra pronta. “Vamos entregar agora um projeto de tratamento de �gua, � uma satisfa��o enorme.”

Em Uberl�ndia, no Tri�ngulo, o ex-deputado federal, agora prefeito Gilmar Machado (PT) diz que se estivesse na C�mara dos Deputados estaria com vergonha. “Aquele espet�culo do dia 17 vai ficar marcado na hist�ria. Tem alguns deputados de Minas que deveriam ter vergonha de falar que s�o do estado”, disse, se referindo � vota��o do impeachment da presidente Dilma Rousseff na C�mara. Machado afirmou que recebeu o munic�pio no vermelho e vai entregar com saldo positivo. “F�cil n�o �, mas estamos conseguindo melhorar a arrecada��o. Como prefeito voc� tem a oportunidade de ver o trabalho concretizado”, diz. O petista, por�m, afirma que prefeito responde a muito mais processo. “Principalmente quando � do PT, � compra de rem�dio, problema com transfer�ncia de hospital, tudo vem para o prefeito”, atesta.

Antônio Júlio e Carlim Moura admitem que vão tentar a reeleição para o cargo e Délio Malheiros, vice-prefeito de Belo Horizonte, agora vai enfrentar as urnas para ficar à frente da máquina da prefeitura da capital(foto: Nando Oliveira/Edésio Ferreira/Gladyston Rodrigues)
Ant�nio J�lio e Carlim Moura admitem que v�o tentar a reelei��o para o cargo e D�lio Malheiros, vice-prefeito de Belo Horizonte, agora vai enfrentar as urnas para ficar � frente da m�quina da prefeitura da capital (foto: Nando Oliveira/Ed�sio Ferreira/Gladyston Rodrigues)

Vaidade pesa na hora de escolher


Para o presidente da Associa��o Mineira de Munic�pios (AMM) e prefeito de Par� de Minas, Ant�nio J�lio (PMDB), porta-voz da choradeira das prefeituras, ainda vale a pena estar no Executivo municipal. Para ele, � uma quest�o de “vaidade” e “miss�o” pol�tica. “O parlamento � mais tranquilo, n�o tem tanta responsabilidade, at� porque hoje o CPF do gestor municipal responde por todas as mazelas da Constitui��o de 88. S�o direitos da crian�a, do idoso, judicializa��o da sa�de, se n�o cumprir � o prefeito que � penalizado. Mas quem disputa o cargo n�o v� essas dificuldades, � a vaidade de ser prefeito”,diz.

Ant�nio J�lio vai tentar a reelei��o, mesmo com a perspectiva de fechar o ano com um or�amento menor do que o previsto – eram R$ 170 milh�es, mas n�o deve chegar a R$ 150 milh�es. “Estou com uma m�dia de 60 dias de atraso no pagamento de fornecedores mas fazendo todo o esfor�o para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. O cara quando p�e na cabe�a que quer ser prefeito n�o v� dificuldade”, refor�a. De acordo com a AMM, enquanto a lei obriga as prefeituras a investir 15% em educa��o, todos est�o precisando gastar 25% da receita. Al�m disso, 70% dos prefeitos n�o devem conseguir cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Al�m dos aumentos de sal�rio e energia el�trica, as despesas cresceram no m�nimo 20% e todos vivemos esse dilema de equilibrar as contas com uma receita que diminuiu em m�dia 15%.

O prefeito de Contagem, Carlin Moura (PCdoB) tamb�m afirma que uma cidade tem desafios enormes, mas j� se prepara para tentar continuar no poder. “J� tinha consci�ncia que administrar uma cidade do porte de Contagem, com um or�amento de R$ 1,3 bilh�o era um desafio, e nos deparamos com uma das maiores crises econ�micas e pol�ticas do Brasil. Mas vamos tentar a reelei��o para continuar cumprindo os compromissos assumidos com a popula��o”,disse. O prefeito tamb�m precisou fazer cortes, inclusive no pr�prio sal�rio que foi a R$ 19 mil e dos servidores comissionados para conseguir lidar com a queda na arrecada��o. “N�o estou na pol�tica por sal�rio, mas por um compromisso social. Estou muito satisfeito como prefeito”, garante.

O vice-prefeito de Belo Horizonte, D�lio Malheiros (PSD), tentou duas vezes concorrer enquanto era deputado federal e acabou ocupando a cadeira como substituto do prefeito Marcio Lacerda. Gostou tanto que vai tentar agora ser o titular da cadeira para administrar um or�amento de R$ 9,5 bilh�es. “� um desafio gigantesco. � onde voc� poder� contribuir de forma efetiva para melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem na cidade. A experi�ncia no Executivo � diferenciadas e traz uma realiza��o pessoal �nica, mesmo com todos os riscos que hoje representa”, disse.




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