
O sal�rio � menor do que os de deputado federal e estadual, trabalha-se mais dias por semana e o emprego n�o d� direito a aux�lio-moradia e outras verbas que engordam o contracheque. Mesmo assim, e em cen�rio de crise econ�mica e quebradeira nos caixas municipais, os ex-parlamentares mineiros que trocaram as cadeiras na Assembleia ou C�mara dos Deputados pretendem continuar comandando as prefeituras para as quais foram eleitos e v�o tentar nas urnas o aval para mais quatro anos em outubro. Como eles, pelo menos 38 dos atuais deputados federais ou estaduais de Minas querem se tornar prefeitos. Al�m da vaidade de ser o principal nome no munic�pio de origem, ter a caneta na m�o para comandar or�amentos inteiros e visibilidade para quando voltar a disputar mandatos parlamentares s�o alguns dos atrativos que tornam o cargo t�o concorrido.
Mesmo com a “carga pesada”, Piau diz que ainda compensa ser prefeito. “� s� imaginar uma partida de futebol. Quando voc� � parlamentar fica s� no meio campo tocando de ladinho. J� o prefeito corre o campo todo, tem que ir para frente, fazer gol e voltar para a defesa”, disse o peemedebista, que considera mais f�cil o trabalho no Legislativo. Segundo o parlamentar, o desafio � grande, j� que tudo � cobrado diretamente no munic�pio, mas a satisfa��o compensa. Ele teve que cortar pessoal e custeio para conseguir fechar o or�amento. Piau est� adiando a decis�o, mas considera bem prov�vel tentar se reeleger. Segundo ele, concorrer para outros cargos, s� se for no Senado, governo ou vice-governador.

Em Uberl�ndia, no Tri�ngulo, o ex-deputado federal, agora prefeito Gilmar Machado (PT) diz que se estivesse na C�mara dos Deputados estaria com vergonha. “Aquele espet�culo do dia 17 vai ficar marcado na hist�ria. Tem alguns deputados de Minas que deveriam ter vergonha de falar que s�o do estado”, disse, se referindo � vota��o do impeachment da presidente Dilma Rousseff na C�mara. Machado afirmou que recebeu o munic�pio no vermelho e vai entregar com saldo positivo. “F�cil n�o �, mas estamos conseguindo melhorar a arrecada��o. Como prefeito voc� tem a oportunidade de ver o trabalho concretizado”, diz. O petista, por�m, afirma que prefeito responde a muito mais processo. “Principalmente quando � do PT, � compra de rem�dio, problema com transfer�ncia de hospital, tudo vem para o prefeito”, atesta.

Vaidade pesa na hora de escolher
Para o presidente da Associa��o Mineira de Munic�pios (AMM) e prefeito de Par� de Minas, Ant�nio J�lio (PMDB), porta-voz da choradeira das prefeituras, ainda vale a pena estar no Executivo municipal. Para ele, � uma quest�o de “vaidade” e “miss�o” pol�tica. “O parlamento � mais tranquilo, n�o tem tanta responsabilidade, at� porque hoje o CPF do gestor municipal responde por todas as mazelas da Constitui��o de 88. S�o direitos da crian�a, do idoso, judicializa��o da sa�de, se n�o cumprir � o prefeito que � penalizado. Mas quem disputa o cargo n�o v� essas dificuldades, � a vaidade de ser prefeito”,diz.
Ant�nio J�lio vai tentar a reelei��o, mesmo com a perspectiva de fechar o ano com um or�amento menor do que o previsto – eram R$ 170 milh�es, mas n�o deve chegar a R$ 150 milh�es. “Estou com uma m�dia de 60 dias de atraso no pagamento de fornecedores mas fazendo todo o esfor�o para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. O cara quando p�e na cabe�a que quer ser prefeito n�o v� dificuldade”, refor�a. De acordo com a AMM, enquanto a lei obriga as prefeituras a investir 15% em educa��o, todos est�o precisando gastar 25% da receita. Al�m disso, 70% dos prefeitos n�o devem conseguir cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Al�m dos aumentos de sal�rio e energia el�trica, as despesas cresceram no m�nimo 20% e todos vivemos esse dilema de equilibrar as contas com uma receita que diminuiu em m�dia 15%.
O prefeito de Contagem, Carlin Moura (PCdoB) tamb�m afirma que uma cidade tem desafios enormes, mas j� se prepara para tentar continuar no poder. “J� tinha consci�ncia que administrar uma cidade do porte de Contagem, com um or�amento de R$ 1,3 bilh�o era um desafio, e nos deparamos com uma das maiores crises econ�micas e pol�ticas do Brasil. Mas vamos tentar a reelei��o para continuar cumprindo os compromissos assumidos com a popula��o”,disse. O prefeito tamb�m precisou fazer cortes, inclusive no pr�prio sal�rio que foi a R$ 19 mil e dos servidores comissionados para conseguir lidar com a queda na arrecada��o. “N�o estou na pol�tica por sal�rio, mas por um compromisso social. Estou muito satisfeito como prefeito”, garante.
O vice-prefeito de Belo Horizonte, D�lio Malheiros (PSD), tentou duas vezes concorrer enquanto era deputado federal e acabou ocupando a cadeira como substituto do prefeito Marcio Lacerda. Gostou tanto que vai tentar agora ser o titular da cadeira para administrar um or�amento de R$ 9,5 bilh�es. “� um desafio gigantesco. � onde voc� poder� contribuir de forma efetiva para melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem na cidade. A experi�ncia no Executivo � diferenciadas e traz uma realiza��o pessoal �nica, mesmo com todos os riscos que hoje representa”, disse.