O ex-presidente da Andrade Gutierrez Rog�rio Nora de S� afirmou � Justi�a Federal, no Rio, que o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, durante sua gest�o � frente da presid�ncia da Eletronuclear, pediu "contribui��o pol�tica" para o PT e para o PMDB e "contribui��o cient�fica". Segundo Rog�rio Nora, que � um dos 11 delatores da empreiteira, na Opera��o Lava Jato, Othon Luiz pediu 1% para seus "projetos futuros".
"Em seu interrogat�rio, Rog�rio Nora, r�u colaborador, confirmou que, na condi��o de presidente da construtora Andrade Gutierrez, quando houve a decis�o pela retomada da obra de Angra 3, teve contato com Othon Luiz que indagou se a empreiteira concordava que, para que esses contratos tivessem sequ�ncia, fosse realizada uma "contribui��o pol�tica" para o PT e para o PMDB. Em sequ�ncia, Othon Luiz colocou que ele, em raz�o de ser um cientista, gostaria que a Andrade Gutierrez contribu�sse com ele com 1% sobre o valor das obras para que ele pudesse atender aos seus projetos futuros", informa o Minist�rio P�blico Federal nas alega��es finais entregues � Justi�a na sexta-feira, dia 3.
"Rog�rio disse ter concordado com o pedido, sendo definido que, quando os contratos passassem a ter efic�cia, haveria o pagamento da "contribui��o pol�tica" e da "contribui��o cient�fica” para Othon Luiz", diz o depoimento.
O executivo ligado � Andrade Gutierrez citou uma reuni�o ocorrida em S�o Paulo na sede da empreiteira com Othon Luiz. Segundo Rog�rio Nora, foi estabelecido por ele que, a partir daquele momento, outro executivo da Andrade Gutierrez Cl�vis Primo, "que estava presente na ocasi�o, era quem cuidaria desses assuntos".
"Rog�rio Nora ainda mencionou reuni�o anterior realizada com Othon Luiz no Rio de Janeiro em que ele, referindo-se � retomada da obra, estabeleceu a necessidade de pagamento de colabora��o no patamar de 1% para o desenvolvimento de projeto de turbinas, tendo o executivo da Andrade Gutierrez anu�do imediatamente ao pleito", aponta a Procuradoria.
"Indagado a respeito do benef�cio que a Andrade Gutierrez esperava ter ao realizar os pagamentos de propina para Othon Luiz, Rog�rio Nora respondeu que n�o esperava benef�cio em rela��o � lucratividade da obra, mas sim que a empresa n�o fosse prejudicada ou sofresse algum tipo de repres�lia que atrapalhasse o seu andamento. Ao final, esclareceu n�o ter participado de qualquer situa��o il�cita envolvendo a licita��o para a montagem eletromec�nica."
A Procuradoria sustenta que Othon "era o principal mentor do esquema e benefici�rio dos recursos de propina que foram por longos per�odos canalizadas para sua empresa Aratec pelas empreiteiras Engevix e Andrade Gutierrez".
Os investigadores afirmam que o almirante "determinou a abertura de contas banc�rias das offshores Hydropower Enterprise Limited para lavar parte dos ativos sujos oriundos dos crimes praticados em detrimento da Eletronuclear".
O Minist�rio P�blico Federal pediu, na sexta-feira, a condena��o do ex-presidente da Eletronuclear. O processo � derivado da Opera��o Lava Jato e corre na 7ª Vara Criminal do Rio. O processo ainda pede a condena��o de outras 13 pessoas por desvios superiores a R$ 4,4 milh�es, al�m do bloqueio e restitui��o do valor.
O PT, o PMDB e o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva negam taxativamente recebimento de propinas. O espa�o est� aberto para manifesta��o.