
Os promotores que atuam na for�a-tarefa que investigam as acusa��es da Lava-Jato disseram na tarde desta quinta-feira, em coletiva na cidade de Curitiba (PR), que Cla�dia Cruz, esposa do presidente afastado da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abriu a conta que recebeu dinheiro de offshores e “omitiu a informa��o das autoridades cab�veis”. Os valores eram usados para diversos tipos de compras de luxo. “Dinheiro p�blico foi convertido em sapatos e roupas de grife”,afirmou o procurador Deltan Dellagnol. A den�ncia contra Cl�udia Cruz foi aceita pelo juiz federal S�rgio Moro nesta quinta-feira. A for�a-tarefa alega que ela praticou dois tipos de crime: oculta��o dos valores da conta e convers�o deles em bens de alto valor. Ele � r� por lavagem de dinheiro de mais de US$ 1 milh�o provenientes das irregularidades praticadas por Eduardo Cunha.
Para o procurador Diogo Castor de Matos a esposa de Cunha sabia a proced�ncia dos recursos usados por ela. “A senhora Cl�udia Cruz tinha gastos incompat�veis com o sal�rio de agentes pol�ticos (…) tinha consci�ncia das ilicitudes”, afirmou o procurador Diogo Castor de Matos. Ela era benefici�ria de uma conta, segundo eles, que era abastecida com recursos il�citos.
Sobre a filha deles, Daniele Cunha, Matos disse que ela era benefici�ria do cart�o de cr�dito de Cla�dia e que, pelo menos a pr�ncipio, n�o existem fatos que a liguem a abertura das contas. Apesar disso, h� outros elementos que est�o sendo levantados pelos investigadores.
De acordo com a for�a-tarefa, a conta era abastecida por uma offshore com sede em Cingapura e movimentada na Sui�a. Apesar do indiciamento de Cl�udia, o real respons�vel pelo dinheiro, segundo os procuradores, � Cunha. “ O verdadeiro dono desse dinheiro e o controlador por tr�s desse valor � o deputado federal Eduardo Cunha”, disse Dellagnol.
Investiga��es apontaram que Cl�udia tinha plena consci�ncia dos crimes que praticava e � a �nica controladora da conta em nome da offshore K�pek, na Su��a, por meio da qual pagou despesas de cart�o de cr�dito no exterior em montante superior a US$ 1 milh�o num prazo de sete anos (2008 a 2014), valor totalmente incompat�vel com os sal�rios e o patrim�nio l�cito de seu marido. Quase a totalidade do dinheiro depositado na K�pek (99,7%) teve origem nas contas Triumph SP (US$ 1.050.000,00), Netherton (US$ 165 mil) e Orion SP (US$ 60 mil), todas pertencentes a Eduardo Cunha.
A defesa de Cl�udia Cruz disse que ela responder� �s imputa��es como fez at� o momento, colaborando com a Justi�a e entregando os documentos necess�rios � apura��o dos fatos. Destaca que n�o tem qualquer rela��o com atos de corrup��o ou de lavagem de dinheiro, n�o conhece os demais denunciados e jamais participou ou presenciou negocia��es il�citas.
Outros acusados
Tamb�m s�o acusados nesta den�ncia Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da �rea Internacional da estatal petrol�fera, pelo crime de corrup��o passiva; Jo�o Augusto Rezende Henriques, operador que representava os interesses do PMDB no esquema, por corrup��o passiva, lavagem de dinheiro e evas�o de divisas; e Idalecio Oliveira, empres�rio portugu�s propriet�rio da CBH (Companie Beninoise des Hydrocarbures Sarl), pelos crimes de corrup��o ativa e lavagem de dinheiro.
Procuradores comprovaram a partir de documentos enviados pelo Minist�rio P�blico da Su��a ao Brasil, informa��es obtidas por meio das quebras de sigilo banc�rio e fiscal e depoimentos de colabora��es premiadas, o pagamento de propina num total de US$ 10 milh�es (cerca de R$ 36 milh�es) para que a aquisi��o do campo de petr�leo na �frica fosse concretizada. O neg�cio foi fechado em US$ 34,5 milh�es, o que significa que quase um ter�o do valor total foi destinado a pagamento de vantagem indevida.
Entre os benefici�rios da propina est� o deputado afastado Eduardo Cunha, que tinha participa��o direta na indica��o e manuten��o de cargos na Diretoria Internacional da estatal, e que atuou de modo consistente para que o neg�cio fosse fechado. Para que o pagamento fosse efetuado sem deixar lastros, foi estruturado um esquema para que a propina passasse por diversas contas em nome de "laranjas" (empresas offshores sediadas em para�sos fiscais) antes de chegar nos destinat�rios finais e de ser convertido em bens.
Com Ag�ncia Estado