Bras�lia - Guiados pela dela��o do ex-vereador do PT Alexandre Romano, os investigadores da for�a-tarefa da Lava-Jato em S�o Paulo fizeram busca e apreens�o na casa e nas empresas de Carlos Cortegoso. Conhecido como "gar�om do Lula", o empres�rio de S�o Bernardo do Campo (SP) � dono da Focal Confec��es e Comunica��o, segunda maior fornecedora da campanha de 2014 de Dilma Rousseff, e da CRLS Consultoria e Eventos, que teria escoado o dinheiro da propina vinda de desvios no Minist�rio do Planejamento na gest�o de Paulo Bernardo.
Os policiais chegaram na Focal por volta das 6h e permaneceram at� �s 14h30. A reportagem apurou que a��o j� era esperada por Cortegoso. Em conversas com amigos, o empres�rio repetia que ap�s a fase Pixuleco 2, em agosto de 2015, a situa��o havia complicado e a sua pris�o era iminente.
Muito pr�ximo do ex-tesoureiro Jo�o Vaccari Neto, o empres�rio atua em campanhas do partido desde a d�cada de 90 e forneceu material gr�fico e camisetas para todas as campanhas presidenciais a partir de 2002. Segundo o delator da Custo Brasil, foi Vaccari quem indicou a CRLS como destinat�ria da propina direcionada ao PT pela Consist Software Limitada.
"Num primeiro momento era a CRLS, representada pelo Cortegoso, que realizava os pagamentos emitindo notas contra a Consist. Num segundo momento, era a empresa Politec, representada pelo Helio Oliveira, que realizava o pagamento. E, por fim, num terceiro momento era a Jamp, representada pelo Miltom Pascowitch", afirmou Romano em um de seus depoimentos.
Gar�om do Lula
Cortegoso ficou conhecido como "gar�om do Lula" porque trabalhou em um restaurante em S�o Bernardo do Campo frequentado pelo ent�o sindicalista. No fim dos anos 90, Cortegoso montou uma empresa de produ��o de camisetas e material de campanha. Com a chegada do PT ao Pal�cio do Planalto, em 2002, o neg�cio cresceu rapidamente e ele virou o principal fornecedor das campanhas do partido.
Ao mesmo tempo, come�aram a ser identificadas irregularidades em seus neg�cios. A primeira vez que o nome do empres�rio veio a p�blico foi em 2005, quando o publicit�rio Marcos Val�rio entregou � CPI dos Correios uma lista na qual listava os destinat�rios do dinheiro para caixa 2 proveniente do Mensal�o do PT. Na CPI, os dados de Val�rio foram analisados e concluiu-se que a quantia recebida era de R$ 300 mil.
Mesmo al�ado ao centro do at� ent�o maior esc�ndalo do PT, Cortegoso n�o teve problemas para continuar como fornecedor do partido. Em 2006, na campanha � reelei��o de Luiz In�cio Lula da Silva manteve a estreita rela��o com o empres�rio e pagou R$ 3,9 milh�es � Focal.
Quatro anos depois, na primeira campanha de Dilma Rousseff, os gastos do partido com a Focal quase quadruplicaram e chegaram a R$ 14,5 milh�es.
Em 2014, os gastos com a Focal aumentaram ainda mais e chegaram a R$ 23 milh�es. O valor e o fato da Focal estar em nome de um motorista com sal�rio de R$ 2 mil levaram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a pedir uma investiga��o nas contas de Dilma. O processo ainda est� em andamento.
Al�m da campanha presidencial, a empresa de Cortegoso recebeu R$ 158 mil da candidatura da senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), mulher do ex-ministro Paulo Bernardo.
Outro alvo da opera��o com rela��o com a Focal � o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira. Foragido da Justi�a, o antecessor de Vaccari pagou cerca de R$ 26 mil para a empresa na campanha de 2010. Na decis�o que autorizou a pris�o de Ferreira, o juiz Paulo Bueno de Azevedo mostrou um e-mail que, segundo ele, corrobora com a vers�o do delator de que o petista seria um dos destinat�rios da propina proveniente da Consist.
"Ilustre, para vosso conhecimento, n�o vir� os valores neste m�s", diz o e-mail enviado por Romano ao operador de Ferreira, o advogado Daisson Portanova. Perguntado, o advogado da campanha de Dilma, Fl�vio Caetano, informou n�o ter nada a comentar. A reportagem n�o encontrou Cortegoso para comentar a a��o da PF.