S�o Paulo - A Opera��o Custo Brasil indica que o advogado Guilherme de Salles Gon�alves, suposto repassador de propinas para o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento/Governo Lula e Comunica��es/Governo Dilma), bancou R$ 32 mil referentes a custos de um loft alugado em Bras�lia para uso da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) durante a campanha de 2010.
Nesta segunda-feira, 27, Gon�alves foi ouvido em audi�ncia de cust�dia pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6.ª Vara Federal Criminal, que deflagrou a Custo Brasil.
Al�m do advogado tiveram a pris�o decretada outros dez alvos da opera��o, que investiga o esquema Consist, entre eles Paulo Bernardo. O esquema Consist � um suposto desvio de R$ 100 milh�es a partir de empr�stimos consignados no �mbito do Minist�rio do Planejamento, na gest�o do marido de Gleisi.
Parte daquele montante, em torno de R$ 7 milh�es, teria sido repassada para o escrit�rio de Gon�alves, ligado ao PT - do escrit�rio teria sa�do a propina para Paulo Bernardo, no mesmo valor.
Em agosto de 2015, a Opera��o Pixuleco II, desdobramento da Lava Jato, fez buscas no escrit�rio e apreendeu documentos que indicam o elo de Gon�alves e campanhas eleitorais do partido e de Gleisi em 2010.
Na segunda-feira, ap�s o depoimento de Gon�alves, a defesa do ex-ministro pediu reconsidera��o da ordem de pris�o preventiva. O juiz federal assinalou que a audi�ncia "n�o tem por objetivo produ��o de prova, conforme esclarecido a todos os investigados".
Mesmo assim, o pr�prio Guilherme Gon�alves "decidiu falar sobre uma s�rie de quest�es referentes ao caso concreto, negando basicamente as suspeitas e ind�cios que recaem sobre ele".
O juiz anotou que ainda n�o foram apresentadas provas documentais, como, por exemplo, uma per�cia que demonstraria que os valores da Consist ficaram com o advogado.
"Contudo, o pr�prio investigado Guilherme, em dado momento, parece ter admitido que, �s vezes, o Fundo Consist pagava algumas despesas para PB, que seria Paulo Bernardo", assinalou o juiz na ata da audi�ncia de cust�dia. "Na sua alega��o, isto n�o seria algo il�cito, por�m pr�tica comum de seu escrit�rio, que seria especializado em quest�es eleitorais."
O juiz federal destacou. "Estamos diante, portanto, de um fato que pode ter m�ltiplas interpreta��es, qual seja, o pagamento para Paulo Bernardo retirado do Fundo Consist. A poss�vel justificativa n�o retira do fato, m�xime quando aparentemente admitido pelo investigado Guilherme de Salles Gon�alves, o seu car�ter indici�rio. Desta forma, os ind�cios, por enquanto, subsistem."
Na audi�ncia, Gon�alves, espontaneamente, disse que teria concordado com uma redu��o no valor de seus honor�rios. "N�o caberia ao Ju�zo formular perguntas nesta fase de audi�ncia de cust�dia, por�m n�o poderia restringir a fala do investigado, m�xime quando ele a considera �til � sua defesa. Assim, posta essa premissa, a princ�pio, pareceu um pouco estranho ao Ju�zo que o investigado estivesse prestando um servi�o absolutamente regular e, de inopino, concordasse com a redu��o dos valores, m�xime quando os ind�cios por ora demonstram que a redu��o dos valores se deu justamente por ocasi�o da sa�da de Paulo Bernardo do Minist�rio do Planejamento."
"Nem se diga que a vers�o de Guilherme de Salles Gon�alves j� confirma plenamente a de Paulo Bernardo. Cumpre notar que esta pode at� ser a conclus�o ap�s a instru��o. Por�m, ao menos por enquanto entendo que os ind�cios de materialidade e autoria delitiva subsistem nos autos, bem como os requisitos cautelares da pris�o preventiva dantes mencionados", ressaltou o juiz Paulo Bueno de Azevedo.
O magistrado anotou que Guilherme Gon�alves mencionou encontro com Paulo Bernardo na Pol�cia Federal. "As negativas dos fatos por ambos � algo natural, diante dos ind�cios que apontam que eles atuaram conjuntamente no alegado esquema."
"Ap�s o depoimento de Guilherme de Salles Gon�alves, n�o vislumbro, ao menos por ora, raz�es para rever a decis�o de manuten��o da pris�o preventiva de Paulo Bernardo. Portanto, mantenho a pris�o preventiva de Paulo Bernardo, sem preju�zo de an�lise de eventual peti��o escrita a ser apresentada pela defesa t�cnica", assinalou Azevedo.
O juiz pediu ao Minist�rio P�blico Federal manifesta��o sobre os pedidos de revoga��o da pris�o preventiva apresentados por escrito e sobre os pedidos de desbloqueio de valores dos alvos da Opera��o Custo Brasil.
Defesas
A defesa do ex-ministro Paulo Bernardo, em nota, disse que "o depoimento de Guilherme Gon�alves deixa claro que Paulo Bernardo n�o se beneficiou de maneira alguma dos valores que foram recebidos da Consist".
A assessoria de Gleisi Hoffmann tamb�m publicou nota. "Nesta segunda-feira, 27, a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR) se manifestou da tribuna do plen�rio do Senado e criticou a a��o da Pol�cia Federal, que na quinta, 23, prendeu seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo.
"Nem em pesadelos eu teria sido capaz de supor que estaria aqui, nesta tribuna, para defender meu marido de uma pris�o", declarou Gleisi, com a voz embargada. "Mas aqui estou para apontar uma injusti�a, sentindo na pr�pria pele o que aflige diariamente milhares de pessoas atingidas pelo abuso do poder legal e policial. Aqui estou, serena e humilde, mas n�o humilhada", continuou.
Gleisi disse que a pris�o foi um desprop�sito, pois Bernardo n�o apresentava risco de fuga e se colocou � disposi��o da Justi�a diversas vezes para esclarecer os fatos.
A senadora acusou a PF de cometer excessos com o intuito de espetacularizar o processo. Na quinta-feira, 23, agentes da PF fizeram buscas no apartamento funcional em que a petista mora com Paulo Bernardo, em Bras�lia.
O alvo foi exclusivamente o ex-ministro. A PF n�o apreendeu documentos da senadora porque tal medida s� poderia ser executada por ordem do Supremo Tribunal Federal.
Ainda na tribuna do Senado, Gleisi disse que a Justi�a atua de maneira seletiva e promove espet�culos midi�ticos contra alguns pol�ticos. "A opera��o montada para a busca e apreens�o em nossa casa e para a pris�o do Paulo foi surreal. At� helic�pteros foram usados, for�a policial armada, muitos carros. Para que isso, chamar aten��o? Demonstra��o de for�a? Humilha��o? Gasto de dinheiro p�blico desnecess�rio, � isso. Foi uma clara tentativa de humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma."
