
Rio e Bras�lia - Uma aula de economia ao ar livre agitou a tarde de 23 de mar�o de 1990, na pra�a Floriano, conhecida como Cinel�ndia, no centro do Rio. Ao p� das escadarias da C�mara Municipal, transformada desde a campanha de 1982 no quartel-general dos seguidores mais apaixonados de Leonel Brizola (PDT), o deputado federal pedetista e economista Cesar Maia tentava explicar aos correligion�rios seu apoio ao Plano Collor, mas n�o conseguiu convencer ningu�m.
Cercado por militantes que o insultavam, precisou de escolta da Pol�cia Militar para deixar o local ileso. Estava com o filho, um jovem de 19 anos.
Vinte e seis anos depois, o jovem que acompanhou a aula na Brizol�ndia tem 46 anos, e no quinto mandato como deputado federal, tentar� a presid�ncia da C�mara. Ironicamente, chegou a articular apoio da esquerda - o PT foi liberado pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva para apoi�-lo.
Ex-aliado do ent�o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Rodrigo Maia (DEM-RJ) trocou o antipetismo que o levou a articular o impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo pragmatismo. "Sou aliado do presidente Temer e quero trabalhar para reconstruir a harmonia na C�mara", disse � Coluna do Estad�o, no s�bado, 9. O peemedebista renunciou na quinta-feira passada ao cargo, do qual fora afastado, assim como do mandato, pelo Supremo Tribunal Federal.
Rodrigo soube se beneficiar da alian�a com Cunha em torno do afastamento de Dilma. Virou presidente da Comiss�o Especial da reforma pol�tica e, quando o ent�o presidente da C�mara destituiu o deputado Marcelo Castro da relatoria do projeto, nomeou Rodrigo relator de plen�rio. Tornou-se, assim, principal canal de di�logo com PSDB, PPS e DEM. O abalo na rela��o veio com a indica��o de Andr� Moura (PSC-SE) por Cunha para a lideran�a do governo na C�mara.
Quatro anos atr�s, Rodrigo j� dera outro exemplo de pragmatismo nas elei��es do Rio. Aceitou encabe�ar uma chapa para prefeito do Rio tendo como candidata a vice Clarissa Garotinho, do PR, filha do advers�rio Anthony Garotinho. Era uma alian�a entre dois cl�s pol�ticos que, depois de viver anos de protagonismo e disputas em campos opostos, atravessava dias dif�ceis. Cesar fora prefeito por tr�s vezes, desde 1993, e elegera um sucessor, em 1996. Anthony Garotinho controlou o governo de 1999 a 2002.
Em 2012, por�m, Cesar e Garotinho estavam longe do poder e tentaram a uni�o. N�o funcionou. O resultado da alian�a para a disputa municipal foi uma soma de rejei��es. Rodrigo terminou em terceiro lugar, com apenas 2,94% dos votos. Na elei��o seguinte, para deputado federal, em 2014, Rodrigo teve sua vota��o mais baixa desde 1998: pouco mais de 53 mil votos.
Trajet�ria
Rodrigo Maia nasceu no Chile, onde o pai vivia o ex�lio. Aos 26 anos foi nomeado secret�rio de Governo da gest�o Luiz Paulo Conde (1997-2000), ent�o um aliado eleito pela for�a de Cesar, na prefeitura do Rio. Pela proximidade e at� semelhan�a f�sica com o ex-chefe do Executivo carioca, foi apelidado "Baby Sauro", uma refer�ncia a um seriado americano dos anos 1990.
Ainda menino, acompanhou a carreira pol�tica do pai. Viu-o pr�ximo de l�deres como Brizola, Ulysses Guimar�es, Marcello Alencar, deputados, senadores, governadores. Elegeu-se deputado federal pela primeira vez em 1998, aos 28 anos, com quase 100 mil votos, na mesma elei��o que Cesar, pelo PFL, perdeu para Garotinho a disputa pelo governo fluminense. Rodrigo foi reeleito em 2002, 2006, 2010 e 2014. Foi vice-l�der (2003-2005), l�der (2005-2007) e presidente do PFL. Em 2007, o partido virou DEM, sob seu comando.
Casamento
Onze anos atr�s foi alvo de protesto quando se casou, na Igreja de S�o Francisco de Paula, no Centro do Rio, com Patr�cia Vasconcelos, enteada de Moreira Franco, hoje secret�rio executivo do Programa de Parcerias e Investimentos. Revoltados com a presen�a na cerim�nia de pol�ticos como o ent�o governador de Minas Gerais, A�cio Neves, o governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin, e o ent�o prefeito de S�o Paulo, Jos� Serra, todos do PSDB, e indignados com a suposta retirada das imedia��es de mendigos e camel�s, cerca de cem manifestantes se aglomeraram sob gritos de "oligarquia, oligarquia".