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Estado de Minas

Maia prega consenso m�nimo e avalia: "Elei��o de 2016 vai ser o caos"

Ele afirma que uma nova agenda ser� implantada na C�mara, voltada mais para os temas econ�micos do que para os debates conservadores


postado em 21/07/2016 10:35

"Como eu consegui unificar minha base melhor do que a do Rog�rio, eu fui beneficiado por isso. Mas at� tr�s dias antes, havia a prefer�ncia do governo por uma composi��o pelo centr�o" (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Respons�vel pela volta do DEM ao comando da C�mara — a �ltima vez tinha sido h� quase 20 anos, quando a legenda ainda chamava-se PFL — Rodrigo Maia (RJ) acredita que o retorno do partido ao principal posto da Casa � a prova de que � poss�vel “ter uma ideologia e manter-se fiel a ela”. Ao derrotar o grupo aglutinado em torno do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Maia afirma que uma nova agenda ser� implantada na Casa, voltada mais para os temas econ�micos do que para os debates conservadores.

Para o novo presidente da Casa, os trabalhos devem se concentrar em tr�s eixos: as pautas econ�micas; uma reforma pol�tica negociada com os partidos; e uma nova metodologia de fiscaliza��o e controle para coibir a profus�o de esc�ndalos de corrup��o que preenchem os notici�rios nos �ltimos meses. Uma das maiores preocupa��es est� nas regras de campanha. “A veda��o ao financiamento privado tira o caixa 2 de pessoa jur�dica do roll de crime eleitoral, passa a ser corrup��o passiva e ningu�m vai brincar com isso. Do meu ponto de vista, n�o tem encaminhamento para isso, acho que essa elei��o de 2016 vai ser o caos.”

Maia aposta que, ao reunificar a base de apoio no Congresso, o presidente em exerc�cio, Michel Temer, ter� condi��es de aprovar as mat�rias importantes, como a emenda constitucional que imp�e um limite de gastos da Uni�o. Ele n�o acredita que, durante a sua gest�o, que vai at� fevereiro, possa ser aprovada a reforma da Previd�ncia. Mas quer concluir, na Casa, a vota��o do teto de gastos e deixar para o Senado concluir a mat�ria no primeiro semestre do ano que vem.

O que o senhor espera desses sete meses? � um tempo relativamente curto...

Se conseguirmos reorganizar o di�logo na Casa e entre os Poderes, a partir de um ambiente menos radicalizado, teremos condi��es de aprovar as mat�rias relevantes para os pr�ximos meses. At� para a C�mara dar sua colabora��o neste momento de supera��o da crise, que o Brasil est� construindo com o presidente Temer.

Quais as prioridades em rela��o aos projetos?
Temos tr�s campos aqui. O campo econ�mico, com a renegocia��o da d�vida, o pr�-sal, a PEC do teto de gastos e, a partir de outubro, a reforma da Previd�ncia, que certamente n�o terminar� neste mandato. Na parte pol�tica, a reforma pol�tica n�o sair� nada que n�o seja uma quest�o constru�da com as executivas dos partidos, com a C�mara e o Senado. Isso � fundamental, n�o adianta. Ou os partidos tomam uma posi��o de que v�o construir uma sa�da para a quest�o da fal�ncia do sistema pol�tico, ou a gente n�o vai a lugar nenhum. E o terceiro item, tamb�m na supera��o da crise, s�o as propostas que v�m na linha de aperfei�oar a legisla��o, para que se tenha controle e puni��o mais fortes, com esse projeto desses 10 pontos contra a corrup��o.

Onde est� a falta de controle?

N�o est� funcionando o controle. Voc� tem dois sistemas de controle: a Controladoria e a Advocacia-Geral. A preven��o deveria funcionar melhor, sen�o n�s n�o ter�amos tantos casos de investiga��es da MP e da Pol�cia Federal. Ent�o, acho que a gente tem que construir um caminho, ouvindo as �reas, para que a gente possa n�o apenas punir melhor, mais severamente, aqueles que cometerem atos il�citos, mas tamb�m tentar prevenir, porque o custo � menor do que o de voc� ficar indo atr�s do desvio.

O senhor quer marcar o mandato com a aprova��o deste projeto?

� o que d� tempo. A reforma pol�tica � complicada, mas, eu acho, essa elei��o vai ser um caos.

Ent�o, � com a aprova��o desse texto que o senhor quer marcar a gest�o?

N�o, s�o v�rios itens. O projeto de lei anticorrup��o � um dos pontos. Agora, a supera��o da crise econ�mica, reformando o Estado tamb�m � muito importante. Criar condi��es para o setor privado voltar a investir no petr�leo � muito importante. Dar um al�vio financeiro para os estados neste momento tamb�m � muito importante porque a situa��o fiscal, com a crise que o Brasil vive, com a queda da arrecada��o, est� no limite de ter uma situa��o fora de controle. Ent�o, voc� tem na �rea econ�mica um encaminhamento. Agora, a reforma da Previd�ncia chegando, se a gente encaminhar essa parte inicial do debate, na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a, depois da cria��o da comiss�o especial, eu acho que a gente vai dar uma sinaliza��o importante de que algumas coisas avan�aram neste semestre. E vai sinalizar tamb�m que no pr�ximo ano voc� vai poder continuar com essa agenda e com bons motivos para acreditar que essas reformas podem ser aprovadas.

A sa�da de Eduardo Cunha, de certa forma, facilita a gest�o do senhor?

O processo do Eduardo j� est� maturado. Agora, vai cumprir todo o rito formal da C�mara, de ele ser notificado, e depois vamos votar. O caso do Eduardo depois do resultado da CCJ j� n�o � mais uma quest�o que vai atingir a governan�a da Casa, no meu ponto de vista. Eu acho que agora � a gente tentar reconstruir as rela��es entre todos os partidos, que seja o centr�o ou a nossa parte da base que deveria e deve ser uma s� e a oposi��o.

A oposi��o queria investir muito nessa quest�o do teto, de aumentar os limites para �reas sociais. H� alguma perspectiva disso?
Os l�deres v�o tratar, a gente vai dialogar. Acredito que, se voc� mexer em alguma parte do teto, excluindo alguma �rea, voc� dar� uma sinaliza��o muito ruim. Eu acho que voc� deveria aperfei�oar a PEC; o Congresso tem essa prerrogativa, mas eu n�o acho que seria bom voc� come�ar a excluir, porque se voc� fatiar demais, ao chegar l� no fim n�o tem nada, � um esqueleto sem for�a para colaborar com o governo.

Passada a vota��o do impeachment, o di�logo tende a melhorar?
A tend�ncia � que o di�logo v� melhorar porque, na verdade, a tese para voc� n�o ter uma candidatura, um apoio no primeiro turno, foi uma tese daqueles que estavam mais � esquerda, que estavam mais radicalizados, o que � natural. Mas a vontade, de forma majorit�ria, dos tr�s partidos, se somar os tr�s, era estar com uma candidatura do nosso campo, como n�s fizemos com a candidatura do Aldo, no ano passado, e que fosse um nome que gerasse a possibilidade desse di�logo, isso ficou muito claro. A gente teve uma sinaliza��o clara de que a oposi��o quer ser respeitada como minoria. N�o quer ser tratada como tem sido at� agora.

Qual o tamanho da base do governo Temer?
Tem de ser uma base com gordura para aprovar uma PEC pol�mica. Ele tem 400 votos. Claro que em uma PEC como a reforma da Previd�ncia, ele n�o vai ter 400 votos, mas ele tem uma gordura para poder articular.

Esta � a pior legislatura da C�mara?
� um dos piores momentos da pol�tica brasileira, de forma geral. No caso do volume de den�ncias que atingiu o Executivo, o Legislativo. H� tamb�m a quest�o da exposi��o no impeachment. Aqui nesta Casa, cada deputado tem um perfil. Tem um deputado que est� aqui e tem o objetivo �nico de estar nos minist�rios liberando as emendas dos munic�pios que ele representa. Tem outro que � da Frente Ruralista, ou da opini�o p�blica. Alguns, representam a m�quina partid�ria. Por isso, voc� chega no plen�rio e olha aquela quest�o do impeachment e alguns ficam achando que aquilo ali � uma demonstra��o de enfraquecimento da qualidade da C�mara, mas eu n�o vejo por a�. Acho que o Congresso e a pol�tica, de fato, vivem um momento ruim, mas n�s temos condi��es de reorganizar isso.

A liga��o de parlamentares com Cunha n�o contribuiu para essa imagem?
Geralmente, quem � que se coloca para ser presidente da C�mara dos deputados? S�o pol�ticos que lideram grandes bancadas. E o Eduardo, talvez pela compet�ncia dele de articula��o, em alguns temas, foi construindo aliados e esses aliados geraram uma vit�ria. E, no caso espec�fico daquela elei��o, tava na cara que era uma disputa PT e PMDB. Ele teve muito voto de pol�ticos que queriam derrotar o PT, isso tamb�m colaborou com a vit�ria dele.

No dia seguinte � sua elei��o, o seu pai, C�sar Maia criticou a articula��o do governo e atribuiu a Geddel um erro pol�tico por ter apoiado o Cunha.

Eu discordo do meu pai. O Geddel queria um nome de consenso. O nome da prefer�ncia dele, 15 dias antes, era o Rosso. Mas, quando o processo afunilou, eu n�o vi nele um advers�rio � minha pretens�o. No segundo momento, quando ele viu que tinha o risco de o Marcelo Castro ir para o segundo turno, o governo passou a trabalhar, claramente, para as duas candidaturas. Como eu consegui unificar minha base melhor do que a do Rog�rio, eu fui beneficiado por isso. Mas at� tr�s dias antes, havia a prefer�ncia do governo por uma composi��o pelo centr�o.

Rog�rio Rosso ficou marcado como um candidato pr�-Cunha, mas o senhor sempre foi um aliado dele tamb�m.

Eu ter sido preterido na lideran�a do governo — e ter sido atropelado pelos aliados do Eduardo — mostrou para o plen�rio qual era a minha rela��o com o Eduardo, uma rela��o t�tica. T�nhamos o completo interesse de derrotar o PT e depois, com base no crime de responsabilidade, construir o impeachment da presidente Dilma. Acho que a decis�o da lideran�a deixou claro que a rela��o era essa, at� porque, no Rio, sempre fomos advers�rios.

E as CPIs da Lei Rouanet e do Carf?

A da Rouanet j� est� para ser instalada, o (Waldir) Maranh�o colocou para eleger os componentes. Como ele arquivou uma, deu sequ�ncia na outra. Em rela��o ao Carf, os deputados est�o pedindo um prazo maior para apresentar o relat�rio, para continuar a fase de oitiva. Estou consultando os l�deres e n�o estou vendo apoio para essa decis�o.

Como ser�o tratados temas como desarmamento, aborto, estatuto da fam�lia?
Eu acho que temos pautas mais importantes neste momento. Se temas de valores como esses forem colocados no jogo, n�s vamos gerar uma perturba��o, reviver o radicalismo e perder a oportunidade de avan�ar em pautas que, neste momento, s�o mais importantes para a supera��o da crise.

D� pra se dizer que, nesta gest�o, a bancada chamada de “BBB: Bala, B�blia e Boi” perde espa�o?
N�o � que eles perdem espa�o, eles t�m uma bancada forte e unida, mas eles tamb�m est�o na base do governo. Eles entendem, acredito eu, que h� uma agenda para superar a crise. Eles t�m eleitores e, neste momento, eleitores est�o perdendo renda ou est�o desempregados e acho que, o tema dos valores, neste momento n�o vai resolver o desemprego, a redu��o das taxas de juros, a melhoria da renda, a quest�o do investimento no setor privado.

O senhor � a favor da volta do financiamento privado de campanha?

Eu votei a favor do financiamento privado, mas n�o h� clima neste momento para se tratar desse tema. Eu acho que cabe uma coisa coletiva, n�o � s� o financiamento, � o sistema. O problema do financiamento est� em campanhas caras, ent�o temos que construir um sistema onde a despesa seja reduzida. � preciso rever o sistema, n�o adianta olhar a receita sem olhar a despesa. Todo mundo est� com medo de vincular seu nome � pol�tica. A veda��o ao financiamento privado tira o caixa 2 de pessoa jur�dica do rol de crime eleitoral, passa a ser corrup��o passiva e ningu�m vai brincar com isso. Do meu ponto de vista, n�o tem encaminhamento para isso, acho que essa elei��o de 2016 vai ser o caos. Precisamos sentar todos os partidos e organizar um consenso m�nimo no sistema eleitoral, n�o s� aprovar o fim das coliga��es. Para reduzir o n�mero de partidos, n�s precisamos criar um sistema que fale melhor com a sociedade e que tenha um custo menor.

O que representa a volta do DEM a um cargo estrat�gico, ainda que seja por sete ou oito meses?

Representa que n�s fizemos as apostas certas. Acreditar que n�s podemos apostar em partidos ideol�gicos no Brasil, que tenham lado, que tenham ideiais, que sejam de centro-direita e que, por esse motivo, sejam respeitados pela sociedade e pelo parlamento. O nosso compromisso com aquilo que acreditamos e que representamos nos �ltimos 13 anos sendo uma oposi��o dura ao PT nos gerou a condi��o de ter o voto da esquerda nestas elei��es. Eles querem um partido da base, mas por que escolheram o partido como o DEM? Porque eles consideram confi�vel. Eles escolheram um partido da oposi��o que nunca foi governo e nunca mudou de lado, at� para cumprir acordos e respeitar o espa�o da minoria.

Durante sua gest�o, o presidente Lula acabou implodindo v�rios nomes do DEM. O senhor acha que a presidente Dilma deu a chance de voc�s ressurgirem?

Pelas declara��es p�blicas, o Lula tinha uma rela��o p�ssima com o PFL e patrocinou a derrota de muitos candidatos importantes ao Senado. E voc� v� que, nesse processo todo de t�rmino do impedimento da presidente Dilma Rousseff, o pr�prio PT caminha para colaborar com a vit�ria de um deputado que, em tese, tinha uma posi��o contr�ria no passado. Eles passaram a ter uma prioridade nessas elei��es diferente das outras, que era derrotar aqueles que foram vitais para o impeachment, isto ficou claro. E escolheram, dentro da antiga oposi��o, algu�m que � cumpridor de acordo e que n�o vai isolar o PT, o PCdoB ou o PDT na gest�o da Casa.

A direita no pa�s sempre foi identificada pelo lado conservador das causas e n�o como liberal na economia...
Eu acho que aumentou muito a participa��o de pol�ticos de direita neste plen�rio, n�o s� do DEM. A bancada da bala, da B�blia e do boi �, em tese, uma bancada de direita. O lado conservador � o que d� votos. O eleitor � conservador. O lado liberal na economia n�o era popular at� agora, mas vai passar a ser. O caos gerado pela presidente Dilma vai dar condi��o aos partidos que s�o liberais na economia a oportunidade de vocalizar o que significa a irresponsabilidade fiscal na vida das pessoas.

Corre o risco desta peste ir para a esquerda ap�s esses 13 anos de governo?

Eu acho que, se tivermos 30% da compet�ncia do PT em vocalizar, iremos mostrar claramente que o que aconteceu nos �ltimos anos gerou 14 milh�es de desempregados, estados quase falidos com atraso de pagamento de servidores, redu��o no investimento e aumento da viol�ncia. Ent�o, se tivermos essa compet�ncia, acho que ser� um bom momento para se mostrar que o equil�brio fiscal � uma pe�a fundamental para o desenvolvimento de qualquer pa�s.


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