
O plen�rio da C�mara dos Deputados ser� palco na noite desta segunda-feira de uma sess�o que pode p�r fim a um furac�o que tomou conta do Parlamento h� menos de dois anos. Foi em 1º de fevereiro de 2015 que, alavancado � presid�ncia da Casa, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB) iniciou uma esp�cie de reinado em que ditou ritmo pr�prio �s vota��es em plen�rio e que acabou por deflagrar o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Ora temido, ora vangloriado por sua intelig�ncia destacada, Cunha tornou-se alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar, cuja vota��o final est� marcada para as 19h de hoje, depois de pouco mais de 10 meses de tramita��o.
S�o necess�rios 257 votos de 512, maioria absoluta, para cass�-lo. A tend�ncia � pela cassa��o, j� que nem os seus antigos aliados, como integrantes do Centr�o, grupo de 13 partidos pequenos e m�dios que tradicionalmente o apoiam, est�o unidos para cass�-lo.
Deputado por cinco mandatos, reconhecido por seus aliados e advers�rios por ser um distinto estrategista, Cunha conseguiu impor uma s�rie das chamadas pautas-bomba, e tornou-se um ex�mio int�rprete do regimento interno da Casa, ao passo que conseguia encontrar brechas no documento para justificar suas a��es.
No Conselho de �tica da C�mara, seu processo por quebra de decoro parlamentar foi instaurado em novembro de 2015 e demorou mais de oito meses para ser conclu�do – o processo mais longo do colegiado. Entre os motivos para a demora, est�o as manobras que o deputado aplicou. Foram diversas as medidas protelat�rias.
Cunha conseguiu trocar o primeiro relator do caso, Fausto Pinato (PRB-SP), que j� havia produzido relat�rio contr�rio ao peemedebista, tentou tirar da presid�ncia do colegiado Jos� Carlos Ara�jo (PSD-BA). No lugar de Pinato entrou o deputado Marcos Rog�rio (DEM-RO), em dezembro. Naquele m�s, a tens�o no conselho chegou a tal ponto que os deputados Wellington Roberto (PR-PB), aliado de Cunha, e Z� Geraldo (PT-PA) ap�s uma discuss�o.
ESTACA ZERO Depois da troca de relator, o processo foi novamente levado � estaca zero em fevereiro, quando o primeiro vice-presidente da Casa, Waldir Maranh�o (PP-MA) aceitou uma quest�o de ordem do deputado aliado de Cunha Carlos Marun, que anulou a vota��o que havia ocorrido aprovando o parecer por 11 votos a nove. Marun alegou que o novo relat�rio n�o havia passado pela fase de discuss�o.
Com o passar do tempo, as den�ncias contra Cunha foram ganhando for�a e suas alian�as, tornando-se mais fr�geis, ainda mais depois de ter sido suspenso do mandato em maio. Afastado da presid�ncia, assumiu em seu lugar Waldir Maranh�o, rejeitado pela maioria dos parlamentares.
O desgaste foi tamanho que Cunha lan�ou m�o de mais uma estrat�gia para tentar se livrar da cassa��o e ver seu recurso na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) e renunciou � presid�ncia da Casa, em 7 de julho, ap�s pedidos de aliados. O peemedebista anunciou a decis�o na C�mara, em um discurso no qual tentou vitimizar-se e chorou ao falar da mulher, a jornalista Cl�udia Cruz, e da filha Daniela, ambas alvo de investiga��o da Opera��o Lava-Jato.
ALGOZ Em julho do ano passado, Cunha antecipou-se � decis�o de seu partido, e declarou-se opositor ao governo da ent�o presidente Dilma Rousseff. O peemedebista encabe�ou a linha de frente da legenda que passou a defender a debandada da base.
O governo petista passou a culpar Cunha por dificultar a aprova��o de mat�rias importantes. E ainda colocou o peemedebista na defesa da presidente Dilma Rousseff, acusando-o de ter aceito o pedido de impeachment como uma vingan�a pelo fato de deputados petistas terem decidido votar contra ele no Conselho de �tica.
ALMO�O E NOVO RECURSO
Neste domingo, um dia antes da sess�o que pode cass�-lo, o deputado afastado Eduardo Cunha almo�ou com sua mulher, a jornalista Cl�udia Cruz, em um restaurante italiano no Lago Sul.
Ao chegar no local por volta das 16h, Cunha foi cumprimentado por amigos. Ele bebeu um vinho Sasarolo, que custa cerca de R$ 240.
Na sexta-feira, a defesa do deputado entrou com um mandado no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a C�mara vote um projeto de resolu��o, pass�vel de emendas, no lugar do parecer aprovado no Conselho de �tica por 11 a 9.
O relator na Corte, ministro Luiz Edson Fachin, decidir� nesta segunda-feira sobre a liminar. O objetivo de Cunha e seus aliados � propor uma emenda com uma puni��o mais branda, de suspens�o do mandato no lugar da cassa��o. Aliados est�o preparados para apresentar quest�es de ordem no plen�rio.