A �ltima semana de campanha eleitoral exp�s ao Brasil uma faceta da pol�tica que muitos eleitores n�o tinham conhecimento: a viol�ncia contra pol�ticos. O atentado que matou um candidato a prefeito em Itumbiara e feriu o governador em exerc�cio de Goi�s, na quarta-feira, chamou a aten��o para o cen�rio de uma disputa sangrenta que j� vinha se desenhando desde o meio do ano.
A campanha deste ano ficar� manchada por atentados e homic�dios contra candidatos a prefeito e vereador em 16 dos 27 estados. A Justi�a Eleitoral contabilizou pelo menos 20 assassinatos de candidatos este ano. Para garantir a seguran�a, 25 mil militares estar�o nas ruas em todo o pa�s neste domingo.
Apenas na quarta-feira foram registrados pelo menos tr�s atentados. Durante uma carreata em Itumbiara, no Sul de Goi�s, o candidato a prefeito Jos� Gomes da Rocha (PTB), conhecido como Z� Gomes, foi morto por um atirador, que tamb�m atingiu o vice-governador Jos� Eliton (PSDB), que estava no exerc�cio do governo com a aus�ncia de Marconi Perillo (PSDB).
No mesmo dia, em Santa Catarina, o candidato a prefeito de Santa Cec�lia Jo�o Rodoger de Medeiros (PSD) sofreu um atentado, mas n�o se feriu. O carro do pol�tico foi alvejado: tr�s balas acertaram o para-brisa e duas, o cap�. Ainda na quarta-feira, o candidato a vereador Julio Cesar Maia Pereira (PTdoB), conhecido como Julio da Power, levou um tiro e viu o pai morrer baleado em um ato pol�tico, no Bairro Sol Nascente, em Cuiab� (MT). Segundo a assessoria dele, dois homens em uma moto abordaram o candidato e o pai e dispararam v�rias vezes.
No come�o da semana houve tentativas de assassinato de candidatos no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte. O candidato a vereador do Rio Marcos Vieira Souza (PP), presidente da Portela, foi assassinado a tiros na segunda-feira dentro do seu comit� de campanha, em Oswaldo Cruz, na Zona Oeste. Ele era policial licenciado para fazer campanha.
Tamb�m na segunda-feira, o vereador Manoel Clementino do Carmo (PMDB), que tentava a reelei��o em Serrinha dos Pintos (RS), foi morto a tiros durante evento pol�tico. Ele chegou a ser socorrido no Hospital de Pau dos Ferros mas n�o resistiu. Em Pernambuco, o candidato a vereador de Vic�ncia M�rcio Rog�rio Ara�jo de Fontes (PSDB) foi encontrado amarrado na madrugada de quarta-feira, depois de ser deixado �s margens de uma rodovia. Ele estava desaparecido desde segunda-feira, depois de denunciar irregularidades de concorrentes na campanha, e pediu ajuda em um posto em Itamb�. O pol�tico levou coronhadas na cabe�a e estava com o abd�men ferido.
Foram ainda registrados atentados e homic�dios contra candidatos em Minas Gerais, S�o Paulo, Cear�, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Maranh�o, Pernambuco, Mato Grosso, Rond�nia, Goi�s, Paran�, Bahia, Acre e Piau�.
O estado mais violento � o Rio de Janeiro, onde os casos vinham ocorrendo at� mesmo antes da campanha. Desde novembro de 2015, 15 pol�ticos foram assassinados na Baixada Fluminense. Somente em Duque de Caxias morreram tr�s pr�-candidatos a vereador. A pol�cia do estado, por�m, que investiga os crimes, por enquanto fala em motiva��o pol�tica s� para dois casos.
Clima de faroeste
Alguns dos casos, como o do candidato a vereador no Guaruj� (SP) Cerciran dos Santos Alves (PSDB), o Celso do Transporte, ganharam contornos quase de faroeste. No fim de agosto, ele foi morto com 15 tiros perto do seu comit� de campanha, dentro do seu carro. No atentado foram disparados mais de 30 tiros. O assassinato ocorreu quando ele sa�a de um buf� de sua propriedade.
No Cear�, pelo menos um candidato morreu e um foi baleado. Em agosto, o inspetor de pol�cia Jos� Cl�udio Nogueira, que era candidato a vereador em Quixeramobim, foi executado com sete tiros em Senador Pompeu. O candidato a vice-prefeito de Cair�s Louren�o Oliver Sales (PTdoB) sofreu tentativa de homic�dio ao levar dois tiros.
Em Caucaia, quem foi atingido foi o motorista do carro de som do candidato a prefeito Hipolito Indio Guimar�es Neto (PTC). "Atentado � democracia" O l�der do PTB na C�mara dos Deputados, Jovair Arantes (GO), classificou como “atentado contra a democracia” o assassinato do candidato do PTB � prefeitura de Itumbiara, Jos� Gomes Rocha, na quarta-feira. Ele testemunhou o crime. “O que aconteceu foi uma barbaridade, um atentado contra a democracia, contra os sonhos da cidade, contra a fam�lia de Itumbiara, contra as pessoas da regi�o”, afirmou.
Segundo ele, a carreata na qual ele e Rocha participavam era o primeiro grande ato p�blico da campanha do candidato do PTB. “Do nada surgiu esse rapaz. Ele ia matar todos n�s, se n�o fosse um her�i chamado Vanilson (Rodrigues, cabo da Pol�cia Militar) que nos salvou”, contou. Rodrigues trocou tiros com o agressor, identificado como Rog�rio, que era funcion�rio da prefeitura,e o matou, mas tamb�m acabou baleado e morreu. O vice-governador de Goi�s e secret�rio da Seguran�a do Estado, Jos� Eliton, foi atingido no abd�men.
Arantes afirmou ainda que o autor dos disparos era um “advers�rio pol�tico” do candidato na regi�o. Gomes havia sido prefeito duas vezes. Ele foi um dos 38 deputados que votaram contra a abertura do processo de impeachment de Fernando Collor de Mello na C�mara dos Deputados, em 1992.