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Estado de Minas

Para quase 11 milh�es de eleitores nenhum candidato os representa

Houve at� campanha nas redes sociais pelo voto nulo, um retrato da insatisfa��o crescente dos eleitores


postado em 06/11/2016 06:00 / atualizado em 06/11/2016 08:09

Eleitos e reeleitos pelo voto popular, os ex-presidentes Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) fazem parte dos 10,8 milh�es de brasileiros que n�o escolheram candidato no segundo turno do pleito municipal, 32,7% do eleitorado apto a votar.

A op��o dos dois ex-mandat�rios sinaliza a for�a do chamado alheamento eleitoral no pa�s, quando o cidad�o decide pelo nulo, branco ou se abst�m. No primeiro turno, absten��es, votos nulos e brancos chegaram a 40,9 milh�es de eleitores, 28,4% do total. Em capitais como Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro, surgiram campanhas de movimentos nas redes sociais para usar o voto nulo como forma de protesto.


Oficialmente, Lula informou que tem 71 anos – o voto � facultativo para quem tem mais de 70 anos e entre 16 e 18 anos incompletos. Nos bastidores, a decis�o do petista seria uma cr�tica ao cen�rio pol�tico brasileiro. Lula vota em S�o Bernardo do Campo (SP), onde Orlando Morando (PSDB) saiu vitorioso ao disputar o segundo turno com Alex Manente (PPS). J� Dilma, que tem 68 anos, n�o votou porque estava fora de Porto Alegre, seu domic�lio eleitoral. Na capital ga�cha, o duelo ficou entre candidatos de partidos que protagonizaram o impeachment da petista, o PMDB, de Sebasti�o Melo, e o PSDB, que elegeu Nelson Marchezan Junior.


Assim como os dois pol�ticos, outros milh�es de brasileiros ajudaram a engrossar a estat�stica do “n�o-voto”. Eleitor de BH, o cozinheiro Ant�nio de Paula Gomes, de 57 anos, se recusou a interromper suas f�rias para ir votar.

Antônio de Paula Gomes, cozinheiro(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Ant�nio de Paula Gomes, cozinheiro (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

“Depois dessa baixaria, n�o ia sair da ro�a para cometer essa loucura. Os candidatos n�o convenceram a popula��o”, reclama Gomes, que afirma n�o se sentir distante da pol�tica, pelo contr�rio. “Acompanho sempre”, diz.
De acordo com levantamento do Estado de Minas, a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), BH � a terceira capital com maior �ndice de votos nulos, em branco ou absten��es no pa�s, que correspondem a 38,4% do eleitorado. Eleito com 628 mil votos, Kalil teve menos votos do que os 742 mil que correspondem � soma dos nulos, em branco e absten��es. A campanha na capital foi marcada por acusa��es pessoais.
Marina Soltz, estudante (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Marina Soltz, estudante (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


Al�m da estudante Marina Soltz, que votou nulo, a empres�ria Ivone Maciel, de 32, contraria as an�lises de quem fala que os eleitores est�o longe da pol�tica. “N�o me sinto distante da pol�tica. S� n�o fiquei � vontade de dar meu voto para o Kalil, que � dirigente de futebol, nem para o Jo�o Leite, por causa do PSDB”, afirma.

Ivone Maciel, empresária(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Ivone Maciel, empres�ria (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Embora seja bastante politizado, o vendedor Augusto Ara�jo, de 30, nunca se sentiu � vontade para votar em algu�m e, desta vez, n�o foi diferente. Ele viajou no segundo turno das elei��es na capital mineira. “N�o acredito no sistema eleitoral. Acho que esse modelo de representatividade n�o funciona e penso que os pol�ticos querem � sal�rio e mordomia ao se candidatar”, afirma.
 Augusto Araújo, vendedor (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Augusto Ara�jo, vendedor (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

 






Personagem da not�cia

 

Izidora Leonina Kambiw�

 

Uma candidata fict�cia

 

Mulher negra, ind�gena, parteira e quilombola. Izidora luta pela moradia, pelo meio ambiente, pelos direitos de gays, l�sbicas, transexuais, transg�neros e as mais diversas formas de ser e amar. Candidata a prefeita, seu n�mero � 99, por representar 99% da popula��o. A personagem, fict�cia, foi criada por um grupo de eleitores decididos a anular o voto no segundo turno em BH,  e que criaram a candidata para protestar e marcar posi��o no pleito. Izidora ficou famosa nas redes sociais e teve at� campanha, com o slogan “Nem goleiro nem cartola. Meu voto � Izidora” (foto), em refer�ncia, respectivamente, a Jo�o Leite (PSDB) e ao prefeito eleito Alexandre Kalil (PHS). “Os projetos pol�ticos que se colocaram no segundo turno s�o ligados aos mesmos donos de poder e n�o se alinham �s lutas sociais da cidade”, afirma uma das ativistas da campanha Izidora 99, J�lia Moys�s, que tamb�m integra o movimento pol�tico Muitas pela cidade que queremos. “Tem uma poesia que diz ‘eu anulo para n�o me anular’”, completa a ativista. Para J�lia, o alto n�mero de absten��es, votos nulos e em branco imp�e um outro cen�rio p�s-eleitoral. “Izidora e essas outras vozes que comp�em o nulo ter ganho significa que esse prefeito ter� que negociar bem mais, pois ele n�o representa a maioria”, refor�a. Assim como essa iniciativa, outras campanhas incentivando o voto nulo emergiram nessas elei��es. Em Porto Alegre, o recado era “Anula l�”, numa alus�o ao jingle “Lula L�” da campanha do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, em 1989.


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