
O que se sabe � que n�o havia um controle mais detalhado do programa. O que n�s fizemos foi ampliar a base de dados para ter um controle maior. N�s chegamos a seis informa��es di�rias distintas para cruzar esses dados e, a partir da�, vimos que tinha um n�mero significativo, em torno de 8,1%, de fam�lias que n�o fechavam. Ali�s, � maior o n�mero, pode chegar a quase 20% do total de incoer�ncias nas respostas e informa��es que a gente tinha, mas que certamente foram comprovadas s�o 8,1%.
Isso corresponde a quanto?
Isso corresponde a 1,1 milh�o e mais 1,4 milh�o que v�o ter que se recadastrar agora em janeiro. Esse 1,1 milh�o est� dividido em dois grupos: um grupo que cancelamos, de pessoas que detectamos com uma renda acima do m�nimo do cadastro �nico, mais de meio sal�rio m�nimo per capita, cruzando informa��es. Nesse bloco, havia 469 mil pessoas, mais ou menos. Em um segundo grupo, dentro desse 1,1 milh�o, tinha as pessoas que n�s bloqueamos o repasse do recurso para a fam�lia, que ter� que explicar melhor os dados que havia passado.
Vai ter mudan�a nessa checagem de dados?
O que n�s vamos fazer agora � um pente-fino no cadastro. Quando a pessoa se cadastra, j� passa pelo pente-fino antes de receber o recurso. N�o � para prejudicar quem precisa. Pessoas que precisam v�o continuar recebendo. Este ano mesmo, n�s demos 12,5% de reajuste, um esfor�o muito grande em um ano de crise, de or�amento limitado. Pretendemos dar um novo reajuste no ano que vem.
A PEC do Teto de gastos n�o vai atrapalhar?
O teto de gastos vai obedecer aos recursos que j� est�o previstos no or�amento, mais a infla��o. N�s temos um or�amento para o ano que vem que � maior que o deste ano. Vai ser um or�amento em torno de R$ 90 bilh�es, 10% maior do que o deste ano.
Uma das cr�ticas que se fazia ao programa era n�o conseguir criar mecanismos de sa�da.
Fiquei muito preocupado com algumas declara��es que via alguns anos atr�s, de que o programa n�o era para sair ningu�m, era para entrar, para ajudar quem precisa. Eu acho que isso, de alguma maneira, permeou a pr�tica pol�tica. Foi um programa que tinha 6 milh�es de fam�lias em 2005 e agora, em 2014, antes de a crise se agravar, j� tinha 14 milh�es. Aumentou em um per�odo que tinha mais emprego, que a situa��o econ�mica n�o estava t�o ruim. A qual conclus�o a gente chega? A quest�o da redu��o da pobreza no Brasil n�o � o que se dizia. O programa acabou tendo uma utiliza��o pol�tica. O governo federal fazia o discurso, em todas as elei��es, que “se n�s perdermos as elei��es voc�s v�o perder o Bolsa-Fam�lia. Eles v�o tirar o Bolsa-Fam�lia de voc�s”.
Isso prejudicava a ascens�o das pessoas?
As pessoas tinham medo de perder o benef�cio se tivessem emprego com carteira assinada. Isso valia tanto para empregada dom�stica quanto para tratorista, na �rea rural. N�s temos um pacote que vai contemplar todas essas coisas, para resolver o problema.
Mas o governo anterior n�o criou o Pronatec Bolsa-Fam�lia?
O Pronatec � um programa interessante, s� que � feito de cima para baixo. Metade das fam�lias do Bolsa-Fam�lia que faziam o Pronatec desistiram antes de terminar porque n�o tinha utilidade pr�tica nenhuma no lugar onde viviam. Dos 50% que faziam o curso at� o fim, 90% n�o conseguiam emprego e renda. O Pronatec estava descolado da realidade de cada regi�o.
O que o senhor acha do projeto do senador A�cio Neves (PSDB-MG) de incluir o Bolsa-Fam�lia na Lei Org�nica da Assist�ncia Social (Loas)?
O Bolsa-Fam�lia veio para ficar. � um programa que come�ou l� atr�s, com o Bolsa-Escola e o Vale-g�s. Houve um esfor�o na d�cada de 90, portanto antes de o Lula ser presidente, de se trabalhar contra a desigualdade de renda para diminuir a mis�ria. Para mim, o maior programa de combate � pobreza do Brasil n�o � o Bolsa-Fam�lia, � a aposentadoria do trabalhador rural. Ela custa, hoje, em termos de transfer�ncia de renda, tr�s vezes o Bolsa-Fam�lia, ela � mais de R$ 100 bilh�es. O Bolsa-Fam�lia, com o reajuste que a gente fez, est� em torno de R$ 30 bilh�es. Outro programa criado, j� no governo FHC, em 1996, foi o Benef�cio de Presta��o Continuada (BPC). Isso d� R$ 50 bilh�es, quase o dobro, uns 60% a mais que o Bolsa-Fam�lia.
N�o foi o Bolsa-Fam�lia que reduziu a pobreza?
Ele n�o tira ningu�m da mis�ria, mant�m as pessoas com condi��o de comer. Os programas de transfer�ncia de renda, somados, d�o R$ 180 bilh�es. O Bolsa-Fam�lia � a sexta parte disso.
Mas a aposentadoria dos trabalhadores rurais n�o � uma das causas do d�ficit da Previd�ncia?
Eu sou contra acabar com a aposentadoria do trabalhador rural. Vai ser uma trag�dia econ�mica e social para o pa�s. O que eu acho � que pode-se trabalhar mais a quest�o da contribui��o, ampliar um pouco a contribui��o, criar uma forma de contribui��o efetiva para ter aquele benef�cio depois.
Como o senhor v� esse debate da reforma da Previd�ncia?
� uma discuss�o que precisa ser feita. A idade � uma quest�o que tem que ser pensada, porque n�s temos hoje a popula��o vivendo muito mais. Cuba, 10 anos atr�s, aumentou a idade para mulher com 60 e homem com 65 anos. E n�o teremos futuro nenhum, nem com a PEC do Teto de gastos ou sem a PEC, se o pa�s n�o crescer r�pido.
O senhor acha que tem gente que quer antecipar esse debate eleitoral de 2018?
Pol�tica tem uma coisa chamada ansiedade, algo extraordin�rio. Iniciam-se pesquisas e v�rias outras coisas. Isso n�o interessa para o governo. O governo quer ter a base unida, e isso � fator desuni�o da base.
Tem gente defendendo que o PMDB fa�a uma alian�a com o PSDB daqui a dois anos.
Tudo evolui muito, o PMDB n�o est� muito acostumado a ter candidato ao Planalto.
O PMDB tem algum nome forte que possa concorrer � Presid�ncia?
O nome que o PMDB tem mais forte � o Michel, e ele disse que n�o ser� candidato.
Alguma chance de o Temer rever essa decis�o?
Estamos em uma arca de No�. Se afundar a arca, todos afundam juntos. Se o governo do Michel fracassar, que � um problema muito grave, acabou. Para mim ele disse que n�o ser� candidato em hip�tese nenhuma. Ent�o estou acreditando nele.
A Lava-jato ainda vai fazer muitos estragos dentro do governo?
Acho que ela tem que ir at� o fim. A �nica chance que temos de renovar a pol�tica brasileira, ter credibilidade. Se abortarem a Lava-Jato, vai ficar um clima insuport�vel do ponto de vista pol�tico. Ela tem que ir at� o fim, ver quem � quem.
