Menos de tr�s meses ap�s o impeachment de Dilma Rousseff, grupos respons�veis pelas manifesta��es de rua amea�am agora pedir a sa�da de Michel Temer caso ele sancione um eventual projeto de anistia ao caixa 2. Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre e Nas Ruas acusam o Planalto de condescend�ncia com parlamentares que tentam descaracterizar o pacote anticorrup��o em discuss�o na C�mara.
O desgaste de Temer foi ampliado ap�s as den�ncias feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que levaram � queda de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo. Principal articulador pol�tico do presidente, Geddel foi acusado de pressionar o colega para liberar a constru��o de uma obra em Salvador embargada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan).
“A nossa palavra de ordem vai depender de como Temer agir. Se passar na C�mara a anistia e ela for sancionada, vamos ent�o pedir o ‘Fora, Temer’”, disse Carla Zambelli, l�der dos Nas Ruas e uma das porta-vozes do Converg�ncia, que re�ne 40 movimentos em diferentes Estados.
Ap�s a repercuss�o negativa da articula��o na C�mara, aliados de Temer passaram a divulgar que o presidente vetar� qualquer proposta de anistia que chegue ao Pal�cio do Planalto. At� ent�o, o presidente vinha dizendo que respeita decis�es do Congresso e chegou a sinalizar, em entrevista, que sancionaria o texto.
O Vem Pra Rua lan�ou nas redes sociais a hashtag #vetatemer e se aproximou do PSOL, partido de esquerda que combateu o impeachment de Dilma. “Vamos apoiar fortemente a��es como a do deputado Ivan Valente, do PSOL, que est� pressionando para que a vota��o seja nominal. Estamos abertos para conversar com qualquer partido alinhado com a nossa causa. Por isso vamos parabeniz�-lo”, disse Rog�rio Chequer, porta-voz do grupo.
Reduto de pol�ticos tucanos e da antiga oposi��o, o Vem Pra Rua tem sido enf�tico. “N�o vi o Temer se posicionar contra isso (anistia ao caixa 2). Gostaria de ouvir. Estamos de olho no Temer e no (deputado) Andr� Moura (PSC-SE, l�der do governo na C�mara). Estamos juntando evid�ncias”, afirmou Chequer.
Segundo o ativista, o presidente ter� uma dura decis�o nas m�os. “Temer vai ter que escolher se � � favor dos pol�ticos corruptos ou est� ao lado da sociedade”.
Al�m do veto, por�m, para n�o arcar com o �nus o presidente precisar� articular sua base para que a decis�o n�o seja derrubada na C�mara posteriormente.
Autores do pedido de impeachment de Dilma, a advogada Janaina Paschoal e o jurista Miguel Reale engrossam a press�o sobre Temer. “Afirmo de maneira categ�rica que se esse projeto de anistia tiver andamento no Congresso e for sancionado pelo presidente, isso ser� uma situa��o inequ�voca de quebra de decoro”, disse Janaina. Na semana passada, a advogada usou o Twitter para cobrar a demiss�o de Geddel.
Reale, por sua vez, avalia que ainda n�o h� fato concreto para que se pe�a o impeachment de Temer, mas v� condescend�ncia com a articula��o pela anistia ao caixa 2. “H� um imenso desgaste. O problema n�o � s� sancionar (a anistia ao caixa 2), mas dar sinal verde para as tratativas. As not�cias indicam que ele n�o vetaria. At� agora, Temer n�o negou isso”, disse Reale.
PSDB
Os juristas e os grupos de rua tamb�m est�o afinados na cr�tica aos partidos que apoiaram o impeachment, em especial o PSDB. “Alguns l�deres do partido est�o mudos. V�rios membros est�o indicados como envolvidos”, disse Reale.
“A posi��o do PSDB � lament�vel. Ser� que querem assumir a Presid�ncia em 2018 depois disso?”, questionou Chequer, ampliando as cr�ticas.