
A Pol�cia Federal e a Procuradoria-Geral da Rep�blica deflagraram nesta segunda-feira, 5, uma nova etapa da Lava-Jato. Policiais cumprem mandados nas resid�ncias do ministro do TCU Vital do R�go (PMDB) e do deputado petista Marco Maia (RS).
A opera��o foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato na Corte, e faz parte das investiga��es da PF e da Procuradoria-Geral da Rep�blica no inqu�rito no STF que apura a atua��o dos dois pol�ticos para blindar empreiteiros na CPI Mista da Petrobr�s realizada em 2014.
A PF cumpre, com apoio da PGR, mandados de buscas nas resid�ncias de Maia e R�go e tamb�m em empresas. � a primeira vez desde o in�cio da opera��o que agentes da Pol�cia Federal cumprem mandado na resid�ncia de um ministro do TCU, a corte respons�vel por, dentre outros, julgar as contas do governo federal.
Em julho do ano passado, a Lava-Jato realizou buscas no escrit�rio e na resid�ncia do advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU Aroldo Cedraz e alvo de outra investiga��o por suspeita de receber propina para favorecer empres�rios em julgamentos na Corte de Contas.
Nesta manh� de segunda a PF esteve na casa de Maia num condom�nio em Canoas (RS). O deputado n�o estava. Estavam a filha e a mulher dele apenas. Os agentes tamb�m foram atr�s do parlamentar em Porto Alegre.
A investiga��o foi aberta em maio com base na dela��o do ex-senador Delc�dio Amaral, que acusou Maia e Vital de cobrarem "ped�gio" de empreiteiros investigados na Lava-Jato em troca de prote��o na CPI. Naquele ano foram realizadas duas comiss�es para investigar as suspeitas de irregularidades na estatal que vieram � tona com a Lava-Jato, uma no Senado e uma Mista.
A comiss�o do Senado terminou sem votar um relat�rio final e a mista concluiu por pedir o indiciamento de 52 pessoas. Nenhuma delas, por�m, chamou os executivos das grandes empreiteiras para depor.
Vital do R�go e Marco Maia eram, respectivamente, presidente e relator da CPI mista. No pedido de abertura de inqu�rito, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, disse que os fatos narrados por Delc�dio indicam crimes de concuss�o ou corrup��o passiva, o que est� sob apura��o.
O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) est� preso preventivamente desde abril e j� foi condenado pelo juiz S�rgio Moro a 19 anos de pris�o corrup��o passiva, lavagem de dinheiro e obstru��o � investiga��o de organiza��o criminosa por tamb�m ter atuado para cobrar pagamentos das empresas em troca de prote��o na CPI. Como n�o possui foro, ele foi julgado em primeira inst�ncia.
Press�o
Al�m do ex-senador, o ex-presidente da OAS L�o Pinheiro tamb�m relatou a press�o dos dois em sua tentativa de negociar um acordo de colabora��o premiada. Em depoimento ao juiz S�rgio Moro em setembro, ap�s voltar a ser preso preventivamente, Pinheiro disse que Maia o procurou em 2014 para tratar do assunto.
"Ele teve uma conversa comigo, que podia ajudar porque o relat�rio � fruto de todo um trabalho investigativo feito durante o per�odo (da CPI) e o relat�rio final � que � votado. Ent�o, ele teria condi��es de ajudar no sentido de proteger nossa empresa", relatou.
Ainda de acordo com Pinheiro, Marco Maia teria lhe relatado uma "dificuldade bem grande" pelo fato de ser relator de uma investiga��o que implicaria grandes empresas e traria dificuldades para ele conseguir doa��o para sua campanha. O deputado teria ent�o, segundo o empreiteiro, solicitado ajuda financeira.
"Queria lhe solicitar, em troca de lhe ajudar quando estiver fazendo o relat�rio final da CPI, uma contribui��o de R$ 1 milh�o", teria dito o deputado, segundo o empreiteiro.
L�o Pinheiro confirmou ao juiz S�rgio Moro que sua empresa acabou fazendo o pagamento para um empres�rio indicado pelo parlamentar e que atuaria para campanhas pol�ticas.
Doa��es
Al�m disso, a defesa do executivo entregou � Justi�a em outubro notas fiscais e comprovantes de transfer�ncias da empreiteira para uma construtora no interior da Para�ba que, segundo Pinheiro, foram utilizadas para lavar R$ 1,5 milh�o de caixa 2 para a campanha de Vital do R�go ao governo daquele Estado em 2014. Ele foi derrotado naquele ano e acabou deixando o Senado para ir para o TCU.
Segundo o empreiteiro, o valor repassado a Vital faz parte dos R$ 2,5 milh�es que a OAS teria pago ao PMDB como parte do acerto com Vital e Argello para conseguir a prote��o nas CPIs.
A defesa de Marco Maia e a assessoria de Vital do R�go firam procuradas pela reportagem, mas ainda n�o haviam se manifestado at� �s 10h30 desta segunda-feira.