As fac��es criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) disputam o dom�nio do tr�fico de drogas nas fronteiras do pa�s. Por isso est�o em guerra e buscam aliados do crime em todos os estados. Na �ltima semana, mais de 90 presos foram brutalmente assassinados em massacres ocorridos em penitenci�rias do Amazonas e de Roraima. No total, segundo autoridades que investigam o crime organizado, pelo menos mais 25 fac��es criminosas participam dessa disputa, apoiando o PCC ou o CV.
De acordo com o procurador de Justi�a Marcio S�rgio Christino, especialista em investiga��es sobre o crime organizado, PCC e CV firmaram alian�a no final dos anos 1990. Naquela �poca, a fac��o paulista come�ou a vender drogas no Rio por atacado e, ao mesmo tempo, passou a investir o dinheiro do crime na expans�o de atividades em outros estados, formando parcerias com grupos locais.
“Percebemos que o PCC dava aos bandidos locais a estrutura e no��o de organiza��o que eles n�o tinham. Por isso, acabou ganhando in�meros simpatizantes em v�rios estados. Isso fez a fac��o crescer e se expandir. Enquanto o CV consolidou o dom�nio na maioria dos morros do Rio, principais mercados de consumo de drogas no pa�s”, diz Christino.
Com um ex�rcito de 10 mil homens – 7 mil nos pres�dios e 3 mil nas ruas –, o PCC se tornou a principal fac��o criminosa do Brasil e movimenta, segundo o Minist�rio P�blico Estadual (MPE), 40 toneladas de coca�na e R$ 200 milh�es por ano.
Esse comportamento, por�m, trouxe inimigos dentro do crime, que s�o fac��es menores concentradas principalmente no Norte e Nordeste. “Os bandidos rivais de S�o Paulo est�o em fac��es menores que n�o fazem diferen�a no cen�rio da criminalidade do estado”, afirma Christino.
Para o procurador, com a morte de Rafaat, que foi assassinado com tiros de metralhadora calibre .50 (capaz de derrubar um helic�ptero), o Comando Vermelho acabou virando dependente do PCC no tr�fico na fronteira com o Paraguai. “A partir desse momento, a alian�a foi rompida. E as consequ�ncias est�o aparecendo, que s�o os massacres nos pres�dios”, afirma o procurador.
Para o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atua��o Especial de Combate e Repress�o ao Crime Organizado (Gaeco), o CV percebeu a necessidade de fazer alian�as com outros grupos criminosos para enfrentar o PCC. O grupo do Rio ent�o se aliou � FDN, fac��o que comanda o crime no Amazonas e domina a cobi�ada Rota Solim�es, e determinou a morte de membros do PCC em cadeias do Norte. O CV tamb�m fez aliados em outros estados do Norte e Nordeste.
Em contrapartida, a fac��o paulista ganhou mais for�a nas Regi�es Sul e Sudeste do pa�s, principalmente no Paran� e Mato Grosso, o que consolidou o dom�nio na fronteira com o Paraguai.
Selvageria A guerra entre PCC e CV come�ou em outubro, com 18 presos mortos em Roraima e Rond�nia (16 do PCC e dois do CV). Depois, houve o massacre de Manaus, em 1º de janeiro, com a morte de 60 detentos do PCC. Em seguida, 31 presos foram assassinados em Roraima por integrantes da fac��o paulista. Todas as rebeli�es foram filmadas e fotografadas pelos pr�prios presos, que compartilharam as imagens em grupos de WhatsApp. S�o dezenas de decapita��es e demonstra��es de crueldade.
Segundo a desembargadora do Tribunal de Justi�a de S�o Paulo (TJ-SP) Ivana David, nos massacres os detentos deixam claro que n�o temem repres�lias do Estado. “Eles matam e filmam como se ningu�m, nenhuma autoridade, estivesse ali. Eles mostram para a sociedade que n�o t�m medo de retalia��es.” Para a magistrada, uma das solu��es � cada estado isolar os presos de fac��es rivais em pres�dios diferentes. “Seria o primeiro passo. Admitir que duas grandes fac��es est�o em guerra e enfrentar a quest�o.”
N�meros e promessas
Confira dados das penitenci�rias brasileiras
» Total de presos 622.202
» Vagas 372 mil
» Presos provis�rios 249.668
» Presos definitivos 372.524
Delitos
» Tr�fico de drogas 25%
» Roubos 23%
» Furto 12%
» Homic�dio doloso 12%
» Porte ilegal de armas 7%
» Latroc�nio 3%
» Viol�ncia dom�stica 1%
» Outros 17%
Pres�dios federais
» Catanduvas (PR)
» Mossor� (RN)
» Campo Grande (MS)
» Porto Velho (RO)
Total de penitenci�rias
» 1.424 unidades prisionais
» Das quais, quatro penitenci�rias federais Total de vagas: 832
» Total de presos custodiados em 2014: 364
» Custo estimado para constru��o da penitenci�ria federal do DF: R$ 34,8 mi
» Custo por m�s do preso em pres�dio estadual: R$ 1.500
» Custo por m�s em pres�dio federal: at� R$ 4.500
An�ncios do governo para o sistema
» R$ 1,2 bilh�o para os estados, divididos em R$ 45 milh�es para cada unidade da Federa��o, dos quais R$ 30 milh�es para a constru��o dos pres�dios com capacidade para cerca de 200 pessoas e R$ 13 milh�es para adquirir equipamentos de moderniza��o de seguran�a.
» Previs�o de R$ 430 milh�es para a constru��o e moderniza��o de cinco pres�dios federais, dos quais R$ 80 milh�es para aquisi��o de scanners,
R$ 200 milh�es para a constru��o dos pr�dios e R$ 150 milh�es anuais para a instala��o de bloqueadores de sinais de celulares.
» Realiza��o de mutir�es de audi�ncias de cust�dia.
» Incentivo �s penas alternativas.
» Aquisi��o de mais de 10 mil tornozeleiras eletr�nicas.