As suspeitas, em alguns pa�ses, est�o relacionadas a ex-presidentes, como Cristina Kirchner (Argentina), Ollanta Humala (Peru) e Ricardo Martinelli (Panam�), mas atingem tamb�m governos atuais, como o de Danilo Medina (Rep�blica Dominicana) e Rafael Correa (Equador).
No Panam�, onde o Minist�rio P�blico local a princ�pio se negou a colaborar com as autoridades brasileiras, o per�odo em que a empreiteira admite ter pagado propina se refere ao governo do ex-presidente Ricardo Martinelli, que j� era alvo de investiga��es no pa�s acusado de receber suborno. Nos pap�is do Departamento de Justi�a, embora n�o mencione o nome de Martinelli, s�o citados pagamentos a familiares pr�ximos a um governante panamenho.
Para o presidente atual, Juan Carlos Varela, o caso tamb�m vem causando saia-justa. No fim de 2016, sua administra��o proibiu a Odebrecht de firmar novos contratos no pa�s.
Para entidades da sociedade civil, no entanto, a medida veio "tarde demais". S� o governo de Varela deu contratos avaliados em US$ 2,5 bilh�es � Odebrecht. A rea��o do MP tamb�m s� ocorreu depois que come�ava a se formar uma alian�a que inclu�a universidades e entidades como a Alianza Ciudadana Pro Justicia, que pedia a cria��o de uma comiss�o independente para investigar as obras da Odebrecht. Imediatamente, a Procuradoria anunciou que formaria um grupo especial para avaliar o caso.
Semana passada, o presidente da Assembleia Nacional do Panam�, Ruben de Leon, declarou que seria "mais prudente" que a Odebrecht deixasse o pa�s. "A empresa deveria entregar ou rescindir os contratos com o Estado", disse. O Partido Revolucion�rio Democr�tico, de oposi��o ao atual presidente, afirmou que n�o aceitar� que as investiga��es sejam "seletivas".
'Lava-Jato peruana'
A exemplo do que ocorreu no Brasil com a Opera��o Lava Jato, o chefe do Minist�rio P�blico do Peru, Pablo S�nchez Velarde, anunciou na semana passada a forma��o de uma for�a-tarefa para investigar a corrup��o ligada � Odebrecht. Ele se encontrar� com o colega brasileiro, Rodrigo Janot, na sexta-feira para acelerar a troca de informa��es e as apura��es no pa�s andino.
O MP peruano alega n�o saber, por ora, quais s�o as autoridades do pa�s que se envolveram em corrup��o, o que depender� de tratativas diretas com a empreiteira e da coopera��o com outros pa�ses. A Odebrecht fechou um acordo com o Peru, por meio do qual se comprometeu a colaborar com as investiga��es e a pagar adiantamento de US$ 9 milh�es (R$ 29 milh�es) pelos ganhos il�citos que obteve. A empresa admitiu pagamentos de US$ 29 milh�es em propinas entre 2005 e 2014. O per�odo cobre os governos de Alejandro Toledo, Allan Garc�a e Ollanta Humala.
Ao falar do caso, o procurador Carlos Trigoso disse que o esc�ndalo da Odebrecht no Peru � "sem precedentes".
Desgaste pol�tico
Outro pa�s a se mobilizar para obter mais detalhes do caso Odebrecht � o Equador. A Procuradoria-Geral requereu uma assist�ncia penal internacional para os Estados Unidos, de modo que "as informa��es sejam enviadas com nomes e provas de funcion�rios que receberam subornos".
O MP equatoriano sustenta desconhecer quais autoridades foram subornadas. Embora n�o tenham causado uma crise pol�tica, os dados trazem constrangimento ao governo de Rafael Correa, que teme impacto nas elei��es. No m�s que vem, os equatorianos escolhem o sucessor de Correa, que desistiu de concorrer a um novo mandato. A Justi�a do pa�s proibiu novos contratos com a Odebrecht. No m�s passado, houve busca e apreens�o nos escrit�rios da empreiteira.
Outro presidente a sofrer desgaste pol�tico com o caso � Danilo Medina, da Rep�blica Dominicana. Reeleito no ano passado, Medina contou com os servi�os do marqueteiro Jo�o Santana na campanha. Ap�s a divulga��o dos documentos do Departamento de Justi�a dos EUA, a Procuradoria-Geral do pa�s pediu �s estatais os contratos com a Odebrecht e uma equipe especializada em combate � corrup��o est� � frente das investiga��es.
Casal Kirchner
Na Argentina, as revela��es da Odebrecht podem arrastar o casal Kirchner para o esc�ndalo Petrobr�s. Na dela��o da empreiteira, executivos relataram que, entre 2007 e 2014, pagaram US$ 35 milh�es a funcion�rios dos dois �ltimos governos por obras no pa�s.
Dois nomes importantes dos governos Kirchner est�o envolvidos nas acusa��es. O do deputado Julio de Vido, que foi ministro do Planejamento, pasta respons�vel pelas obras de infraestrutura, e o do ex-secret�rio de Transportes Ricardo Jaime - preso em 2016, em outro caso de corrup��o internacional. O Minist�rio P�blico da Argentina tem ao menos duas investiga��es relacionados � Lava Jato.
�frica
As revela��es publicadas pelo Departamento de Justi�a nos Estados Unidos tamb�m criaram uma crise em Mo�ambique. A empreiteira admitiu que pagou US$ 900 mil em propinas a integrantes do governo africano entre 2011 e 2014, per�odo em que Armando Guebuza comandava o pa�s.
Mas, at� agora, nenhuma institui��o do Estado se pronunciou sobre a revela��o. "N�o � normal o sil�ncio do governo", disse � ag�ncia alem� DW o investigador do Centro de Integridade P�blica (CIP) Baltazar Fael. "H�, aqui, claramente uma liga��o intr�nseca entre pol�tica e o nosso sistema judici�rio", disse Fael.
A reportagem n�o conseguiu contato com autoridades de M�xico, Col�mbia, Guatemala e Angola, pa�ses que tamb�m foram destino de pagamento de propina pela Odebrecht, segundo o �rg�o americano.