
Preocupado com o efeito das rebeli�es nos pres�dios sobre a j� fragilizada imagem do governo, o presidente Michel Temer tomou para si a administra��o da crise ap�s uma sucess�o de epis�dios que desgastaram o ministro da Justi�a, Alexandre de Moraes. Apesar dos problemas, por�m, Temer n�o planeja substituir Moraes na reforma ministerial prevista para ocorrer ap�s a elei��o que renovar� o comando da C�mara dos Deputados e do Senado, em 2 de fevereiro.
O titular da Justi�a quase foi demitido em setembro do ano passado, quando afirmou, em Ribeir�o Preto (SP), que uma nova etapa da Opera��o Lava-Jato seria deflagrada. "Quando voc�s virem (a opera��o) esta semana, v�o se lembrar de mim", disse Moraes, na ocasi�o, a integrantes do Movimento Brasil Limpo. No dia seguinte, a Pol�cia Federal prendeu o ex-ministro Antonio Palocci.
Temer custou a acreditar nas declara��es feitas pelo ministro. � �poca, chegou a cham�-lo para explica��es no Pal�cio do Planalto. Moraes afirmou que havia sido mal interpretado.
Estados
Desta vez, o presidente ficou contrariado com o fato de governadores exigirem uma fonte vinculada de recursos, a exemplo do que ocorre com a sa�de e a educa��o, para a assinatura do protocolo de ades�o ao Plano Nacional de Seguran�a P�blica. Nos bastidores do Planalto, o embate com os Estados tamb�m foi debitado na conta de Moraes.
Auxiliares de Temer reclamam que o ministro da Justi�a decide sozinho a estrat�gia de comunica��o e n�o combina suas a��es com o Planalto, o que muitas vezes provoca surpresas desagrad�veis.
A avalia��o do governo � a de que a tentativa de Moraes de fazer com que todos os Estados endossassem o plano de seguran�a foi um fracasso e ainda jogou para Temer um problema adicional, pois os governadores se queixaram de falta de dinheiro. N�o foi s�: muitos deles disseram que apenas construir pres�dios n�o resolve.
Em reuni�o sigilosa realizada na segunda-feira � noite, no Pal�cio da Alvorada, a crise nos pres�dios foi discutida sob o ponto de vista pol�tico. Mantido sob sigilo, o encontro convocado por Temer reuniu, al�m de Moraes, os ministros Raul Jungmann (Defesa), Eliseu Padilha (Casa Civil), S�rgio Etchegoyen (Gabinete de Seguran�a Institucional) e o secret�rio do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco.
Ali foi fechada a decis�o de anunciar o apoio das For�as Armadas para fazer vistorias dentro dos pres�dios. Ao longo do dia, Temer havia conversado demoradamente com Etchegoyen. O diagn�stico foi o de que a crise penitenci�ria estava fugindo totalmente do controle, podendo se alastrar para o Sul e o Sudeste e contaminar ainda mais a imagem do presidente.
Desde o in�cio do ano, os massacres em pres�dios do Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte j� deixaram pelo menos 119 mortos.
Diante desse quadro, considerado "grav�ssimo", o governo precisava de uma "a��o de impacto" para mostrar que n�o estava omisso. Em conversas reservadas, assessores de Temer admitem que ele errou, no in�cio do ano, quando demorou a se posicionar sobre a rebeli�o de presos em Manaus.
Problemas
Pesquisas em poder do Planalto mostram que as principais preocupa��es da popula��o, hoje, s�o emprego, seguran�a e sa�de. Temer enfrenta problemas nessas tr�s �reas. J� as For�as Armadas s�o vistas como uma das institui��es com maior credibilidade.
"O presidente Temer, vendo que os governos estaduais necessitavam de apoio no cumprimento de suas atribui��es, n�o titubeou e colocou � disposi��o de todos as For�as Armadas para debelar a crise nas penitenci�rias", afirmou o ministro Padilha � reportagem.
Com essa mudan�a, Moraes ter� agora de dividir os holofotes com Jungmann. Seus advers�rios sustentam que ele "perdeu pontos" na Esplanada e tamb�m na pol�tica.
Amigo de Temer e do governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin, Moraes � um dos pr�-candidatos do PSDB ao Pal�cio dos Bandeirantes. "N�o vejo fragilidade do Minist�rio da Justi�a no enfrentamento do problema da seguran�a p�blica", desconversou Jungmann.