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Estado de Minas

Deputados do DF gastam R$ 6 milh�es com envio de cartas em dois anos

Especialista alerta para a pouca efici�ncia do material em tempos de internet


postado em 16/02/2017 09:50 / atualizado em 16/02/2017 10:14

Em tempos de crise financeira e de dificuldades do Executivo at� para pagar sal�rios dos servidores, o gasto milion�rio da C�mara Legislativa com o envio de correspond�ncias agrava o desgaste da imagem da Casa. Nos �ltimos dois anos, os parlamentares torraram R$ 6 milh�es para mandar cartas aos eleitores — o suficiente para a postagem de 3,5 milh�es de cartas comerciais.

O Estado de Minas teve acesso �s despesas por deputado, al�m de exemplos de correspond�ncias enviadas aos brasilienses. S�o cart�es para celebrar datas comemorativas, como anivers�rios e Dia das M�es, al�m de divulga��es de a��es do mandato.

Os campe�es de gastos com postagens foram Rob�rio Negreiros (PMDB), Raimundo Ribeiro (PPS) e Bispo Renato Andrade (PR). Eles desembolsaram, respectivamente, R$ 179,9 mil, R$ 178,99 mil e R$ 178,91 mil no ano passado.

Cada distrital pode desembolsar R$ 192 mil por ano com correspond�ncias — uma m�dia de R$ 16 mil por m�s. Mas muitos extrapolam o valor, j� que l�deres de partidos ou de blocos t�m direito a uma cota extra anual de R$ 38,4 mil. Nessa rubrica, os tr�s deputados aparecem novamente entre os primeiros colocados: Bispo Renato usou R$ 35,5 mil do montante dispon�vel por lideran�a; Rob�rio gastou R$ 30,9 mil; e Raimundo Ribeiro, R$ 20 mil.

Os gabinetes das secretarias e da Mesa Diretora, al�m da Presid�ncia e da Vice-presid�ncia da Casa, t�m direito a R$ 96 mil mensais. As comiss�es, coordenadorias e divis�es tamb�m disp�em de recursos para a postagem de cartas. O gasto em 2015 chegou a R$ 2,9 milh�es e, no ano passado, o montante subiu para R$ 3,1 milh�es.

A despesa � questionada, pois, em tempos de redes sociais, o envio de mensagens e as divulga��es de informa��es pela internet s�o mais efetivas. Hoje, cerca de 90% dos moradores do DF t�m celular, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Tr�s parlamentares n�o gastaram com o envio de cartas: Reginaldo Veras (PDT), Joe Valle (PDT) e Chico Leite (Rede).

O economista Gil Castello Branco, especialista em contas p�blicas e fundador da organiza��o Contas Abertas, defende a extin��o do envio de correspond�ncia pelos gabinetes. Para ele, os gastos com correios deveriam se restringir a quest�es legais, como notifica��es obrigat�rias. “Infelizmente, na maioria das vezes, os homens p�blicos confundem o dever de prestar contas com a realiza��o de verdadeiras campanhas publicit�rias, sempre de olho na pr�xima elei��o”, comenta Gil.

O especialista avalia que o envio de cartas poderia ser substitu�do por presta��o de contas por meio de redes sociais, portais oficiais, WhatsApp ou divulga��es pelo site da C�mara. “� mais simples e eficiente. Hoje, todo mundo tem celular e usa a internet nos aparelhos. O destino dessas cartas sempre � o lixo”, lamenta Castello Branco. Ele acrescenta que, por causa de erros cadastrais, � comum a carta se perder ou uma casa receber v�rias vezes a mesma informa��o.

“Esses comunicados s�o absolutamente in�teis. � um gasto desnecess�rio, sobretudo em �poca de crise. Lamentavelmente, ainda h� eleitores que, por desinforma��o, acabam valorizando esse tipo de remessa. Ao receberem um cart�o de anivers�rio, por exemplo, eles se sentem importantes. Mas algu�m deveria ter coragem e extinguir essa despesa”, decreta o economista.

Ele defende que outros gastos desnecess�rios sejam suspensos ou revistos, como despesas de verba indenizat�ria com gasolina, aluguel de carros e de escrit�rios. “Se passar um pente-fino, tem muita coisa para cortar”. Participa��o O deputado Rob�rio Negreiros explicou, em nota divulgada pela assessoria de Comunica��o, que o envio de cartas � parte da estrat�gia de mobiliza��o.

“O nosso gabinete � um dos mais ativos da C�mara Legislativa e conclamamos muito a popula��o a participar do processo legislativo. Por isso, estamos entre os gabinetes que mais enviam correspond�ncias. Mas n�o � s� isso. Constantemente, visitamos as cidades pessoalmente, levando informa��es e chamando as pessoas para participarem do mandato”, explicou. Raimundo Ribeiro alega que o envio � legal e previsto pela Casa.

“Cabe esclarecer que o valor utilizado para custear as correspond�ncias n�o ultrapassa o limite estabelecido legalmente pela C�mara. N�o h� ilegalidades nesse processo de custeio, tendo em vista que esse material � utilizado exclusivamente como ferramenta do trabalho parlamentar”, defendeu o deputado do PPS.

Bispo Renato (PR) promete cortar despesas. “Apesar de n�o ser ilegal, esse gasto foi analisado e repensado pelo gabinete, ou seja, todo o material de presta��o de contas e de divulga��o da atividade parlamentar est� disponibilizado na internet para que o gasto seja reduzido at� sua utiliza��o n�o ser mais necess�ria”.

A nota do distrital tamb�m defende o fim da cota para correspond�ncias. “Mas essa medida n�o pode acontecer sem estudo, pois regi�es menos favorecidas n�o contam ainda com acesso facilitado � internet”, concluiu.

O presidente da Casa, Joe Valle (PDT), disse que conduzir� um processo de austeridade, prevendo, para este ano, um corte de 50% das cotas para cartas. “A nossa meta � fazer um corte linear de 25% em v�rias despesas, como telefonia, por exemplo”, detalhou. Outra novidade anunciada por Joe � que o gasto com correspond�ncias ser� mensal e n�o mais cumulativo no ano. Hoje, a maioria dos deputados gasta valores mais altos em determinadas datas, como Natal e Dia das M�es.


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