S�o Paulo, 11 - Em nota divulgada nesta sexta-feira, 10, a assessoria do l�der do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), afirmou que o parlamentar nunca recebeu doa��o eleitoral "direta ou indireta" da Serveng - empreiteira que fez doa��es oficiais ao Diret�rio Nacional do PMDB e que que a Lava Jato aponta serem propina no esquema de corrup��o na Petrobras.
O posicionamento do senador ocorre na mesma semana em que o Supremo Tribunal Federal aceitou uma den�ncia contra seu colega de partido, o senador Valdir Raupp (RO), por suspeita de ter recebido propinas do esquema Petrobras disfar�adas de doa��es eleitorais.
Quando a den�ncia foi apresentada ao STF, no ano passado, Renan havia alegado, por meio de sua assessoria, que "suas contas eleitorais j� foram aprovadas" e que estava "tranquilo para esclarecer esse e outros pontos da investiga��o".
Agora, o peemedebista afirma que "n�o conhece os diretores desta empresa e nunca recebeu direta ou indiretamente doa��o eleitoral dela". Oficialmente, o senador recebeu a maior parte de suas doa��es eleitorais na campanha para o Senado em 2010 do diret�rio estadual do partido e do Comit� Financeiro Estadual.
Naquele ano, a lei permitia que os comit�s financeiros e siglas n�o identificassem os doadores origin�rios, isto �, qual foi a empresa ou pessoa f�sica que havia doado o recurso para o partido ou para o comit� que foi repassado depois para o candidato.
Por meio de quebra de sigilo banc�rio e com os dados das doa��es registradas na Justi�a Eleitoral, contudo, as investiga��es da Procuradoria-Geral da Rep�blica identificaram que a empreiteira fez duas doa��es oficiais ao PMDB, uma de R$ 500 mil e R$ 300 mil que foram encaminhadas ao comit� financeiro da campanha de Renan poucos dias depois.
A primeira doa��o da empresa para o diret�rio nacional do PMDB foi no dia 18 de agosto. No dia seguinte, o Diret�rio Nacional da sigla transferiu R$ 375 mil para o Comit� Financeiro Estadual. No dia 25 daquele m�s houve nova transfer�ncia do diret�rio nacional para o Comit�, desta vez no valor de R$ 200.000,00.
"O Comit� Financeiro, a seu turno, transferiu para a campanha de Renan Calheiros R$ 200.000,00 em 21/8/2010, R$ 100.000,00 em 26/8/2010 e R$ 400.000,00 em 3/9/2010", afirma Rodrigo Janot na den�ncia apresentada contra o peemedebista, o deputado federal An�bal Gomes (PMDB-CE) e um diretor da Serveng.
"Portanto, os R$ 500 mil transferidos pela Serveng ao Diret�rio Nacional do PMDB em 19/8/2010 chegaram em apenas doze dias �teis � Renan Calheiros, como forma de pagamento de vantagem indevida a partir do ajuste pr�vio (no esquema de corrup��o da Petrobras", segue Janot.
Em 24 de setembro de 2010 a Serveng fez a segunda doa��o ao PMDB nacional, no valor de R$ 300 mil. No dia 27, o diret�rio nacional transferiu R$ 200 mil ao Comit� Financeiro, que recebeu ainda mais R$ 125 mil do PMDB no dia 28. No dia 29 daquele m�s o Comit� Financeiro Estadual doou R$ 300 mil para a campanha do peemedebista.
"Assim, em apenas 4 dias �teis, os R$ 300 mil sa�ram da Serveng e favoreceram diretamente Renan Calheiros, revelando o fechamento do ciclo do pagamento da vantagem indevida por interm�dio de doa��o eleitoral travestida de propina", assinala Janot na den�ncia que est� sob an�lise do gabinete do ministro do STF Luiz Edson Fachin.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Serveng na tarde desta sexta-feira, 10, mas at� o fechamento desta mat�ria n�o havia recebido nenhum posicionamento oficial da empresa sobre o caso.
A assessoria de Renan divulgou a seguinte nota: "O senador Renan Calheiros n�o foi ainda citado pelo ministro Edson Fachin neste apressado inqu�rito. Tanto a empresa Serveng quanto o deputado An�bal Gomes negaram qualquer rela��o do fato com o senador, que n�o conhece os diretores desta empresa e nunca recebeu direta ou indiretamente doa��o eleitoral dela. O saudoso ministro Teori Zavascki devolveu no mesmo dia este mesmo pedido de investiga��o por prec�rio. O senador nunca credenciou ou autorizou ningu�m a falar em seu nome onde quer que seja."