
Uma rotina de tens�o e de juras de retalia��o pesa sobre os mais combativos promotores de Justi�a de Minas Gerais, que n�o se abatem pelas amea�as e atentados, continuam acumulando inimigos e precisam de seguran�a para trabalhar.
O promotor da Vara da Inf�ncia e da Juventude de Uberl�ndia, no Tri�ngulo Mineiro, Jadir Cirqueira de Souza, de 54 anos, por exemplo, j� recebeu tantas amea�as que est� escrevendo um livro sobre o assunto.
“Todo promotor precisa ter uma consci�ncia e uma rotina que o torne precavido. Mas no interior a exposi��o � maior e a seguran�a menor. Um pistoleiro que entrar no F�rum ou na procuradoria para me matar vai encontrar pouca resist�ncia, sobretudo seguran�as de firmas particulares”, considera.
Ele tem prote��o policial para ir ao trabalho e para sua fam�lia, depois de ter recebido, no fim do ano passado, v�rias amea�as de morte pelas redes sociais e de uma multid�o o ter cercado no F�rum de Uberl�ndia. “Foi uma manifesta��o direcionada e s� escapei porque a Pol�cia Militar estava l�. Tive de sair pelos fundos e me afastar das minhas fun��es at� as coisas se acalmarem na comarca”, lembra.
Manifestantes cercaram o F�rum fazendo amea�as aos gritos e com buzina�o, obrigando o promotor a sair pelos fundos, escoltado pela PM. “Precisei deixar meu carro no estacionamento e ir embora. A PM estava l� acompanhando outro caso sobre crime organizado e por isso puderam me escoltar para fora”. Deixar o F�rum n�o p�s fim aos riscos e o promotor precisou receber seguran�a e se afastar. “Tive de ficar uma semana afastado, no Maranh�o, at� tudo esfriar. Ainda assim estou com escolta e pessoas da seguran�a institucional que me municiam de informa��es sigilosas para minha seguran�a”, disse.
O desgaste dessa vigil�ncia na vida particular do promotor ainda � grande. “Impacta a fam�lia, os amigos, os vizinhos. Os meus dois filhos viam quando eu chegava com a escolta de vigil�ncia disfar�ada, com aqueles carros descaracterizados, mas com luzes da pol�cia acopl�veis. Isso mudou o esquema de seguran�a do meu condom�nio. Tive de explicar tamb�m todo esse desgaste aos meus filhos. Temos de viver com esses traumas”, afirma.
GARIMPO A pior amea�a, contudo, ocorreu em Coromandel, no Alto Paranaiba, em 1996. “Fizemos uma opera��o contra garimpeiros que desviaram o curso do Rio Parana�ba para retirar diamantes do leito. Acompanhei a opera��o com a PM e tivemos 50 presos. Como a cidade vive do garimpo, o impacto foi muito grande”, diz Cirqueira. Ap�s a opera��o o promotor passou a receber amea�as e precisou ficar dois meses com escolta ostensiva.
Mas a situa��o se agravou. “Uma mulher foi at� a minha esposa e contou a ela que um dos garimpeiros presos estava inconformado e que tinha contratado um pistoleiro de Bras�lia para me assassinar. Foi preciso manter essa escolta e sair da cidade com a fam�lia”, diz Jadir Cirqueira. Al�m dos procedimentos institucionais, que lhe garantem vigil�ncia, o promotor tamb�m toma medidas por conta pr�pria. “Era fuzileiro naval antes de entrar para o Minist�rio P�blico e como militar sei lidar um pouco com essas situa��es. Tamb�m fiz aulas de defesa pessoal, com pr�tica de carat�”, afirma.
