
Bras�lia - Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo, disse em acarea��o com o ex-diretor da empreiteira Cl�udio Melo Filho que recebeu do ent�o vice-presidente Michel Temer um pedido de "apoio" para a campanha de Paulo Skaf (PMDB) ao governo de S�o Paulo em 2014.
Segundo relato do empreiteiro, ao qual a reportagem teve acesso, o pedido aconteceu antes do jantar no Pal�cio do Jaburu - no fim de maio de 2014 -, no qual o ex-presidente da Odebrecht disse ter acertado com o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o repasse de R$ 10 milh�es a campanhas de candidatos do PMDB nas elei��es daquele ano.
A conversa com Temer, segundo Marcelo Odebrecht, foi "totalmente institucional". O conte�do da acarea��o faz parte do processo que vai julgar o pedido de cassa��o da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em alega��es finais o PSDB, autor da a��o, pede que Temer seja exclu�do do processo.
Conforme o relato de Marcelo Odebrecht, Skaf - com quem ele diz ter rela��es de amizade - o procurou para pedir R$ 6 milh�es na campanha de 2014. O empreiteiro considerou o valor alto e disse ao ent�o candidato e presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (Fiesp) que ele deveria convencer Temer a destinar para sua campanha parte dos R$ 10 milh�es que seriam repassados pela empreiteira para candidatos do grupo do ent�o vice.
Ele reproduziu conversa com Skaf: "Paulo, voc� � um candidato que � apoiado por Michel. Eu estou sabendo que o Michel fez um pedido para apoiar candidatos e que montava 10 milh�es".
Na sequ�ncia, segundo disse Marcelo Odebrecht, Skaf lhe passou o telefone celular e no outro lado da linha estava Michel Temer. "Marcelo, a import�ncia de apoiar, a import�ncia de apoiar o Paulo", teria dito Temer, de acordo com o relato do empreiteiro, que disse ter concordado: "Sim, presidente".
Segundo Marcelo Odebrecht, a destina��o de R$ 6 milh�es para a campanha de Skaf s� foi decidida dias depois, no jantar no Pal�cio do Jaburu, resid�ncia oficial do vice-presidente.
Vers�es
O relator do processo, ministro Herman Benjamin, solicitou a acarea��o, realizada no dia 10, com o objetivo de esclarecer diverg�ncias entre as vers�es de Marcelo Odebrecht e Cl�udio Melo Filho - que foi diretor de Rela��es Institucionais da empreiteira.
Marcelo Odebrecht disse que em momento algum discutiu valores com Temer. Segundo ele, o ent�o vice-presidente saiu do jantar antes que os detalhes sobre os repasses fossem discutidos. A tarefa teria ficado a cargo de Padilha. J� Melo Filho afirmou que Temer participou, sim, da discuss�o sobre valores. Ambos mantiveram suas vers�es.
Tanto Marcelo Odebrecht quanto o ex-diretor fizeram dela��es na Lava Jato. Eles n�o podem contar � Justi�a Eleitoral vers�es diferentes das que apresentaram nas colabora��es.
Durante a acarea��o, o relator Herman Benjamin tentou manter o foco nas contas da campanha da chapa Dilma-Temer. Empreiteiro e ex-diretor disseram n�o ter ouvido nada sobre a possibilidade de parte dos R$ 10 milh�es ter sido usada na disputa presidencial.
A campanha de Skaf em 2014 n�o declarou doa��es da Odebrecht. Questionados na acarea��o, Marcelo Odebrecht e Melo Filho disseram que n�o falaram em repasses por meio de caixa 2 com representantes do PMDB.
Defesas
Procurado, o Pal�cio do Planalto informou que n�o iria comentar o teor da acarea��o. Skaf, por meio de sua assessoria, disse que todas as doa��es recebidas por sua campanha est�o registradas na Justi�a Eleitoral e a presta��o de contas foi aprovada "sem reparo". "Skaf nunca pediu nem autorizou ningu�m a pedir contribui��o de campanha que n�o as regularmente declaradas", diz a nota.