
Com o MP em evid�ncia, como agora, quando todos querem ter acesso � “lista do Janot”, que pede abertura de inqu�rito contra v�rios parlamentares e ministros citados na dela��o premiada da empreiteira Odebrecht, os ataques se multiplicam.
As informa��es s�o do procurador Marcelo Caiado, chefe da Divis�o de Seguran�a da Informa��o da Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR). Apesar dessa realidade, ele afirma que as institui��es brasileiras pouco investem na �rea. “A presid�ncia � omissa; o gabinete de Seguran�a Institucional tinha que ser mais atuante”, critica.
Ele conta que os ataques s�o de todas as ordens, desde os mais graves, como tentativas de roubo de dados e de derrubar o servidor de �rg�os do estado, at� o chamado script kiddie, quando curiosos, muitas vezes sem maldade, baixam programas que representam amea�a. Uma aventura on-line, por�m, pode acabar com uma visita inc�moda da Pol�cia Federal, como j� ocorreu em S�o Paulo e no Rio de Janeiro.
desafio A Lava-Jato, maior investiga��o de combate � corrup��o da hist�ria do pa�s, � um desafio para a PGR. Caiado n�o sabe quantificar em quanto aumentaram os ataques, mas garante que eles se multiplicaram significativamente, a ponto dele ter de trocar o sistema de seguran�a da informa��o no Minist�rio P�blico Federal (MPF) em Curitiba, onde trabalha a for�a-tarefa do caso. “A opera��o cresceu rapidamente e tivemos que atualizar o equipamento de seguran�a de l�. Tivemos que fazer um trabalho muito �gil para que os procuradores pudessem continuar os trabalhos”, conta.
Com uma equipe reduzida, a PGR tem de contratar uma empresa para auxiliar na prote��o �s informa��es. S�o apenas seis analistas e dois t�cnicos, para uma necessidade de 19 analistas e oito t�cnicos. Caiado acredita que a falta de investimento na �rea � uma realidade, porque esse tipo de trabalho “n�o d� retorno pol�tico em votos”.
“Falamos em seguran�a f�sica e esquecemos a da informa��o, sendo que, �s vezes, � muito mais cr�tica. A gente tem o problema da falta de pensar em seguran�a da informa��o no pa�s. A �rea �, de certa maneira, at� malvista, como algo que se gasta dinheiro. S� se pensa nisso na hora que n�o funciona”, observa. Ele critica, inclusive, o Conselho Nacional do Minist�rio P�blico (CNMP), por n�o dar a devida aten��o ao tema. “Em dezembro, o CNMP publicou portaria de seguran�a institucional abarcando a da informa��o. Est� errado”, diz.
RISCO Um exemplo do risco que o Brasil corre ao n�o investir na seguran�a da informa��o � o que ocorreu com os EUA em 2015. Um ataque que partiu da China invadiu o sistema da ag�ncia governamental de recursos humanos da administra��o federal e roubou os dados de 4 milh�es de funcion�rios p�blicos, ex-funcion�rios e terceirizados. “Isso que estamos falando foi nos EUA, imagina aqui, o risco que corremos”, compara Caiado.
Outro exemplo s�o os casos de espionagem do governo norte-americano � ent�o presidente Dilma Rousseff (PT), denunciado por Edward Snowden, que trabalhou na CIA, ag�ncia de intelig�ncia daquele pa�s. Ele garante que a CIA invadiu o computador e leu e-mails da petista. As amea�as t�m origem, geralmente, no que se chama de dark web ou internet profunda, o mundo ilegal, � margem da lei. “Se voc� quiser, contrata at� um assassino pela internet. Para contratar um hacker � mais f�cil ainda”, diz.