
O empres�rio Marcelo Odebrecht confirmou ao juiz S�rgio Moro, da Opera��o Lava-Jato, que o ex-presidente Lula � o 'amigo' da planilha de propinas milion�rias da empreiteira. Em depoimento nesta segunda-feira, 10, Odebrecht disse ainda que 'Italiano' - alcunha tamb�m lan�ada na planilha - � uma refer�ncia ao ex-ministro Ant�nio Palocci (Fazenda/Casa Civil/governos Lula e Dilma) e 'P�s It�lia' refer�ncia a Guido Mantega, que tamb�m ocupou a pasta da Fazenda.
As informa��es foram divulgadas pelo site O Antagonista e confirmadas pela reportagem. Odebrecht foi interrogado durante cerca de duas horas meia. Ele praticamente reiterou o que j� disse � Procuradoria-Geral da Rep�blica e ao Tribunal Superior Eleitoral.
Como delator da Lava-Jato, Odebrecht se obrigou a responder a todas as perguntas, diferentemente da primeira vez em que foi ouvido por Moro, ainda em 2016 - na ocasi�o, limitou-se a entregar esclarecimentos por escrito, n�o respondeu nenhuma indaga��o do magistrado e acabou condenado a 19 anos e quatro meses de pris�o por corrup��o e lavagem de dinheiro do esquema de propinas e cartel na Petrobras.
Nesta a��o que o levou a novo encontro frente a frente com Moro, Odebrecht � r�u ao lado de outros 14 acusados, entre eles Palocci, que, segundo o Minist�rio P�blico Federal, teria recebido propinas de R$ 128 milh�es da empreiteira.
Relat�rio da Pol�cia Federal entregue ao Minist�rio P�blico Federal e ao juiz Moro j� havia cravado que o 'amigo' da planilha de corrup��o era uma alus�o a Lula. A defesa do petista nega taxativamente envolvimento em qualquer tipo de ilegalidade.
Ainda segundo o site O Antagonista, o empres�rio confirmou a Moro que tentou avisar o governo Dilma do risco de que a Lava-Jato pudesse chegar � conta secreta do marqueteiro Jo�o Santana - das campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010/2014).
Odebrecht teria ido at� o M�xico alertar pessoalmente a ent�o presidente, mas ela n�o teria demonstrado preocupa��o.
Odebrecht descreveu a Moro a planilha elaborada pelo Setor de Opera��es Estruturadas da empreiteira, o Departamento de Propinas.
O empres�rio falou sobre R$ 4 milh�es que teriam sido repassados ao Instituto Lula e na soma de R$ 12,4 milh�es supostamente investidos na compra do pr�dio do Instituto.
Tamb�m abordou a cifra de R$ 50 milh�es em propinas para Mantega que teriam sido usados na campanha de Dilma e, ainda, os R$ 13 milh�es em esp�cie sacados pelo ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic, ou Programa B, entre 2012 e 2013.
Odebrecht disse no interrogat�rio que Palocci era 'o principal interlocutor da empresa com o governo Lula'. Ele definiu o ex-ministro como 'o intermedi�rio'. Esclareceu todos os pagamentos lan�ados na planilha das propinas a Palocci, Lula e o PT.
Ainda segundo revelou O Antagonista, Odebrecht confirmou uma doa��o de R$ 4 milh�es ao Instituto Lula em 2014. A propina teria sa�do da conta corrente que supostamente o petista tinha com a empreiteira e foi registrada na 'Planilha Italiano', subplanilha 'amigo'.
No interrogat�rio, Odebrecht contou que, por meio de uma empresa laranja, a empreiteira comprou o terreno que serviria para abrigar a sede do Instituto Lula.
Defesa
A assessoria de imprensa do Instituto Lula afirma que:
"O Instituto Lula funciona em uma casa adquirida em 1991 pelo antigo IPET, que depois seria Instituto Cidadania e depois Instituto Lula. O Instituto jamais teve outra sede ou terreno.
O ex-presidente Lula teve seus sigilos fiscais e telef�nicos quebrados, sua resid�ncia e de seus familiares sofreram busca e apreens�o h� mais de um ano, mais de 100 testemunhas foram ouvidas em processos e n�o foi encontrado nenhum recurso indevido para o ex-presidente. Lula jamais solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa para qualquer fim e isso ser� provado na Justi�a. Lula n�o tem nenhuma rela��o com qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como 'amigo', que nem essa planilha nem esse apelido s�o de sua autoria ou do seu conhecimento, por isso n�o lhe cabe comentar depoimento sob sigilo de justi�a vazado seletivamente e de forma ilegal.
Todas as doa��es para o Instituto Lula, incluindo as da Odebrecht est�o devidamente registradas, com os nomes das empresas doadoras e com notas fiscais emitidas, foram entregues para a Receita Federal em dezembro de 2015 e hoje s�o de conhecimento p�blico."