Um dos momentos mais aguardados desde o surgimento do nome do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva nas investiga��es da Lava-Jato ocorre a partir das 14h de hoje, quando o petista ficar� frente a frente com aquele que elegeu seu algoz, o juiz S�rgio Moro. A tens�o dos �ltimos dias deu o tom do que, espera-se, dever� ser um “enfrentamento” de alto n�vel.
Lula ser� interrogado por Moro, na condi��o de r�u, em uma das a��es penais que correm contra ele na 13ª Vara Federal, sob a acusa��o de ter recebido propina da OAS, no esquema de corrup��o em contratos da Petrobras. Segundo a den�ncia, Lula teria recebido da empreiteira um triplex no Guaruj� (SP), al�m do pagamento do armazenamento de bens recebidos durante sua passagem pela Presid�ncia. O ex-presidente nega as acusa��es.
GRAVA��O O conte�do do depoimento pode ser conhecido ainda hoje, dependendo do tempo que durar a oitiva. As grava��es do interrogat�rio v�o seguir o protocolo das audi�ncias dos demais investigados diante de S�rgio Moro. Na segunda-feira, o juiz negou pedido da defesa de Lula para gravar com uma c�mera m�vel o depoimento, com imagens, inclusive do magistrado. Em seu despacho, Moro diz que o ex-presidente e seus advogados pretendem transformar o interrogat�rio em um “evento pol�tico-partid�rio”. A defesa recorreu ao Tribunal Regional Federal da 4ª Regi�o (TRF4), que confirmou decis�o de Moro e nessa ter�a-feira (9) voltou a negar o pedido. Para o juiz Nivaldo Brunoni, o pedido � “inusitado”.
Fora da rotina
Mais cedo, o mesmo Nivaldo Brunoni havia mantido o interrogat�rio de Lula para hoje ao rejeitar pedido da defesa do petista para suspender a a��o penal e a oitiva. Em seu despacho, o magistrado tamb�m corroborou o clima de expectativa em torno do depoimento. Destacou que “n�o pode passar despercebido que o interrogat�rio do r�u, ato comum a qualquer a��o penal, ganhou repercuss�o que extrapolou a rotina da Justi�a Federal de Curitiba e da pr�pria municipalidade”.
“Medidas excepcionais foram tomadas para evitar tumulto e garantir a seguran�a prazos foram suspensos, (...) medidas que v�m mobilizando v�rios �rg�os da capital paranaense”, observou o magistrado. Ao pedir a suspens�o da a��o, a defesa de Lula alegou n�o haver tempo suficiente para analisar o conte�do de uma superm�dia com 5,42 gigabytes – calculada em 100 p�ginas –, com documentos que a Petrobras anexou aos autos.
�LTIMA CARTADA Diante das decis�es contr�rias, a defesa do ex-presidente entrou no in�cio da noite, com tr�s recursos no Superior Tribunal de Justi�a (STJ). O mais importante pede que a corte considere S�rgio Moro suspeito para julgar a a��o contra Lula. os outros dois pedem o direito � grava��o por uma equipe independente e a suspens�o do processo. Os tr�s recursos foram protolados em menos de uma hora.
PRESEN�A DE DILMA Al�m das caravanas de apoiadores e opositores a Lula, que j� est�o e ainda devem chegar a Curitiba ao longo do dia, o ex-presidente deve contar com a presen�a de uma comitiva de l�deres do PT, de parlamentares do partido e legendas aliadas e tamb�m da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo pessoas ligadas � seguran�a do depoimento, a Pol�cia Federal j� foi avisada sobre a chegada da ex-presidente.
EXPULS�O DE PARTIDOS Na noite de segunda-feira, durante evento promovido pelo Observat�rio Social, S�rgio Moro foi direto ao cobrar uma a��o incisiva do poder p�blico para tomar medidas contra pol�ticos e partidos que a Lava-Jato flagrou no esquema da Petrobras. “Por que esses partidos n�o instauram apura��es internas e expulsam os seus membros que se envolveram em corrup��o?”, questionou. Alguns dos principais empreiteiros do pa�s apontaram uma extensa rede de propinas que abasteceu quase todos os partidos em �poca de elei��es.
Den�ncias e suspeitas
Al�m da a��o do triplex, caso que motivou o depoimento de hoje, o ex-presidente da Rep�blica � r�u em quatro processos penais e responde a outros inqu�ritos. Confira detalhes:
Triplex no Guaruj�
Lula e o empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS, s�o r�us por corrup��o sob a acusa��o de que o ex-presidente ganhou um apartamento triplex na praia do Guaruj�, no litoral paulista, em troca de facilitar contratos da empresa com a Petrobras.
Instituto Lula
Lula � denunciado por corrup��o e lavagem de dinheiro na Lava-Jato suspeito de obter propinas sob forma de um apartamento vizinho ao seu e um terreno para a constru��o do Instituto com recursos da Odebrecht.
Esquema em Angola
Na Opera��o Janus, Lula � r�u com o sobrinho Taiguara Rodrigues e Marcelo Odebrecht, acusados de montar um esquema de corrup��o, tr�fico de influ�ncia e lavagem. Segundo a PF e o MPF, eles acertavam financiamentos do BNDES para obras em Angola e depois repassavam parte do dinheiro para o sobrinho e palestras do petista. H� mais quatro inqu�ritos na opera��o.
Nestor Cerver�
O petista � r�u na Lava-Jato sob a acusa��o de tentar impedir a dela��o premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerver�. A den�ncia foi feita pelo ex-senador Delc�dio do Amaral, que afirmou ter pago o advogado do ex-dirigente em troca do sil�ncio.
Ca�as e MP
Na Opera��o Zelotes, Lula � acusado de influenciar a compra de ca�as Grippen pelo governo brasileiro e a edi��o da Medida Provis�ria 627, com incentivos fiscais para montadoras. O petista recebeu R$ 2,5 milh�es em contrato da consultoria Marcondes & Mautoni com empresa do filho Luis Cl�udio Lula da Silva.
Inqu�ritos
Chefe de organiza��o criminosa
Em inqu�rito no Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) aponta Lula como um dos principais l�deres de uma grande organiza��o criminosa de compra de apoio pol�tico para desviar recursos da Petrobras e de outras estatais.
S�tio em Atibaia
Lula � suspeito de ocultar a propriedade de um s�tio em Atibaia (SP), reformado por empreiteiras investigadas na Lava-Jato.
Obstru��o de Justi�a
O Supremo investiga se a ex-presidente Dilma Rousseff e Lula agiram para obstruir a Lava-Jato ao nome�-lo ministro da Casa Civil para ter foro privilegiado e evitar a pris�o.
Falsidade Ideol�gica
Procuradores pedem acusa��o criminal do ex-presidente por suspeitas de declara��es falsas � Receita Federal no caso do triplex no Guaruj�.
Influ�ncia no exterior
A Procuradoria da Rep�blica no Distrito Federal apura se Lula fez tr�fico de influ�ncia internacional em favor da Odebrecht em obras financiadas pelo BNDES em pa�ses da �frica e da Am�rica Latina.