
No interrogat�rio a que foi submetido pelo juiz S�rgio Moro nessa quarta-feira, 10, em Curitiba, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva deu informa��es sobre a decis�o pela constru��o da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco - empreendimento que se tornou o primeiro alvo da Lava-Jato no esquema Petrobras. Ele disse que havia decidido construir a obra naquele estado ap�s entendimento com o ex-presidente da Venezuela Hugo Ch�vez, morto em 2013.
Segundo o ex-presidente da OAS, Jos� Adelm�rio Pinheiro, o L�o Pinheiro, parte do dinheiro que supostamente foi enviado a Lula, por meio do tr�plex no Guaruj� (SP) e do estoque de bens do ex-presidente, veio desviado da obra da refinaria.
Moro queria saber qual havia sido a participa��o de Lula no planejamento da obra. Lula ent�o passou a narrar uma hist�ria que chegou ao colega venezuelano.
"Essa refinaria de Pernambuco era assim: Esp�rito Santo queria refinaria, Cear� queria refinaria, Rio de Janeiro queria refinaria em Campos e Pernambuco queria refinaria. E todo tinha uma empresa chamada Marubeni, que todo mundo falava que iria participar", disse Lula.
"Acontece que eu fiz um encontro em Pernambuco com o presidente Ch�vez. E l� em Pernambuco o Ch�vez demonstrou interesse em fazer uma associa��o com o Brasil para fazer uma refinaria", continuou.
"Ou seja, eu achei importante porque era um jeito de o Brasil equilibrar a balan�a comercial com a Venezuela. N�s t�nhamos um super�vit de quase US$ 5 bilh�es e n�o � sadio que um pa�s grande como o Brasil tenha um super�vit muito grande com um pa�s pequeno. N�o sei se o Chaves acertou j� com o ex-governador, que era do PMDB, ou se acertou com o governador Eduardo Campos. O dado concreto � que ficou acertado que teria um acordo entre a Petrobras e a PDVSA (a estatal petrol�fera venezuelana) para construir uma refinaria bipartite. Ou seja, uma refinaria 40% da Venezuela e 60% do Brasil", afirmou o ex-presidente.
Moro quis ent�o saber qual foi a participa��o de Lula no projeto. "A reuni�o com Ch�vez", resumiu o ex-presidente. "A defini��o da ideia de que interessava ao dois pa�ses. O que aconteceu era que nem a Petrobras nem a PDVSA queria. E o que aconteceu � que n�o aconteceu a t�o sonhada parceria. A Petrobras fez sozinha a refinaria".
Moro passou ent�o a questionar os sucessivos aumentos de pre�o da obra e o atraso na conclus�o do empreendimento. "Atrasou porque teve atraso de obra", disse Lula, ao afirmar que n�o tinha detalhes t�cnicos do trabalho.
A den�ncia do Minist�rio P�blico Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milh�es em benef�cio pr�prio - de um valor de R$ 87 milh�es de corrup��o - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusa��es contra Lula s�o relativas ao recebimento de vantagens il�citas da empreiteira por meio do tr�plex 164-A no Edif�cio Solaris, no Guaruj� (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016. O petista � acusado de lavagem de dinheiro e corrup��o.