(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Lula e Dilma sabiam de caixa 2, dizem marqueteiros

Dela��es de Jo�o Santana e M�nica Moura revelam influ�ncia dos ex-presidentes no vazamento de informa��es sigilosas da Lava-Jato e no esquema de caixa 2, que tamb�m envolve ex-ministros


postado em 12/05/2017 06:00 / atualizado em 12/05/2017 07:42

(foto: Gisele Pimenta/FRAMEPHOTO/AE )
(foto: Gisele Pimenta/FRAMEPHOTO/AE )

Bras�lia – Os ex-presidentes Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff tinham conhecimento dos pagamentos via caixa 2 nas campanhas, segundo as dela��es premiadas dos marqueteiros Jo�o Santana e sua mulher, M�nica Moura, que tiveram o sigilo quebrado pelo ministro Edson Fachin, relator da Opera��o Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal. Os dois foram respons�veis pelas campanhas do PT � Presid�ncia da Rep�blica em 2006, 2010 e 2014.

Nessa quinta-feira, Fachin enviou para o juiz S�rgio Moro,  em Curitiba,parte da dela��o de Santana que trata das duas campanhas de Dilma, j� que ela n�o tem mais foro privilegiado. Em sua dela��o, Santana disse que Lula era quem dava a palavra final dos pagamentos oficiais e de caixa 2. J� M�nica Moura revelou ao Minist�rio P�blico Federal que foi alertada por Dilma, via e-mail, sobre a pris�o dela e do marido, que acabou ocorrendo dois dias depois. Confira as principais revela��es das dela��es premiadas.



A palavra final do chefe


O marqueteiro Jo�o Santana informou ao Minist�rio P�blico Federal em sua dela��o premiada que Lula e Dilma sabiam dos pagamentos oficiais e de caixa 2 feitos como contrapresta��o aos servi�os prestados nas campanhas eleitorais. Ele disse que falou diversas vezes com Lula e Dilma quando necessitava fazer cobran�as. “Nestas oportunidades, tanto Lula como Dilma se comprometeram a resolver o impasse e, de fato, os pagamentos voltavam a ocorrer. Tanto os pagamentos oficiais, quanto os recebimentos de valores atrav�s de caixa 2”.

Santana contou que o ex-ministro da Fazenda Ant�nio Palocci dizia que decis�es definitivas sobre pagamentos dependiam da “palavra final do chefe”, em refer�ncia a Lula. Em dois momentos da campanha � reelei��o de Lula, Santana diz ter amea�ado interromper os trabalhos por causa da inadimpl�ncia. Depois disso, o petista pressionou Palocci, que “colocou a empresa Odebrecht no circuito”, segundo o marqueteiro.

Na dela��o, Santana foi questionado por procuradores sobre quais quest�es que, segundo Palocci, dependeriam do “respaldo do chefe”. O marqueteiro disse que eram quest�es referentes aos valores totais de seus honor�rios nas campanhas. Jo�o Santana diz, em seu relato, que soube por sua esposa que Palocci tinha “poder quase absoluto” sobre o fundo de caixa 2 do PT manuseado pela Odebrecht.

A empreiteira baiana revelou na dela��o premiada de seus executivos que havia uma conta-corrente destinada aos governos do PT e abastecida pelo Setor de Opera��es Estruturadas, conhecido como departamento da propina da empresa. A assessoria de Lula informou que n�o comentaria “declara��es de pessoas que buscam benef�cios judiciais” e que “dela��es, pela legisla��o brasileira, n�o s�o provas”. A assessoria de Dilma disse, por meio de nota, que o casal de marqueteiros prestou falso testemunho.

Alerta contra pris�o

M�nica Moura afirmou tamb�m em seu acordo de dela��o premiada que foi avisada em 19 de fevereiro de 2016 pela ex-presidente Dilma de que o casal seria preso pela Opera��o Lava-Jato, tr�s dias antes de vir a p�blico as ordens de pris�o. O alerta foi feito por uma conta secreta de e-mail, de conhecimento apenas de Dilma e M�nica, segundo o relato.

Os dois foram presos em fevereiro de 2016, na 23ª fase da Lava-Jato, suspeitos de receber pagamentos com origem em dinheiro desviado da Petrobras. Segundo M�nica, Dilma acertou com ela durante encontro no Pal�cio da Alvorada, resid�ncia oficial da ent�o presidente, a cria��o de um e-mail fict�cio para que o casal fosse avisado sobre o andamento das investiga��es.

A marqueteira afirmou que Dilma manifestou preocupa��o com a possibilidade de a Lava-Jato rastrear pagamentos de caixa 2 feitos a Santana na Su��a por sua atua��o na campanha eleitoral do PT.

O e-mail foi criado no notebook da presidente, durante encontro na biblioteca do pal�cio, com um nome e senha fict�cios, de conhecimento apenas de M�nica, Dilma e um assessor da presidente. Em seu depoimento, M�nica disse que a estrat�gia consistia em deixar as mensagens salvas no rascunho do e-mail.

Dessa forma a outra parte conseguia acessar o conte�do da mensagem sem que ela precisasse ser enviada. Segundo M�nica, Dilma teria sido informada sobre o andamento da opera��o pelo ent�o ministro da Justi�a Jos� Eduardo Cardozo. O ex-ministro nega a acusa��o.

Pagamentos a cabeleireiros


Em seu acordo de dela��o, M�nica Moura afirmou ter pago despesas da ent�o presidente Dilma, como gastos pessoais de cabeleireiro. Os servi�os custaram R$ 90 mil e foram pagos entre 2010 e 2014, mesmo fora de per�odos de campanha eleitoral. Em  2010, um assessor de Dilma pediu que fossem pagos R$ 4 mil por m�s, durante um ano, para uma cabeleireira particular que cuidava do cabelo e da maquiagem da presidente. Os pagamentos foram feitos em dinheiro � pr�pria cabeleireira, somando um total estimado de R$ 40 mil, segundo a dela��o. Ap�s a campanha eleitoral de 2010, M�nica diz que este assessor pediu que tamb�m fossem pagas as despesas com o cabeleireiro Celso Kamura, que costumava ser contratado pela presidente para eventos importantes. M�nica disse estimar em R$ 50 mil o total gasto com Kamura, que teve os servi�os contratados diversas vezes por Dilma entre 2010 e 2014. Cada di�ria custava cerca de R$ 1.500, segundo o relato. Segundo a assessoria de Dilma, M�nica mentiu em sua dela��o.


Dilma Bolada

O  publicit�rio Jefferson Monteiro recebeu de M�nica Moura, em meio � campanha pela reelei��o de Dilma em 2014, R$ 200 mil em esp�cie, provenientes de recursos de caixa 2, para que mantivesse sua p�gina sat�rica “Dilma Bolada” no ar, segundo M�nica Moura. O perfil nas redes sociais ficou conhecido por promover a imagem da ex-presidente de forma bem-humorada.

O pagamento teria sido feito a pedido do ex-ministro Edinho Silva, � �poca tesoureiro da campanha. Monteiro, por meio de seu perfil no Facebook, negou que tenha recebido a quantia de M�nica. Ironizando as acusa��es sobre supostos recebimentos que teriam sido direcionados a ele, o publicit�rio afirmou: “Algu�m, por gentileza, me avisa onde que tenho que retirar a quantia porque estou com o aluguel atrasado e o telefone cortado”, escreveu.

Pimentel com R$ 800 mil

A marqueteira M�nica Moura disse ao MPF que o ent�o ministro do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior e hoje governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), transportou R$ 800 mil em dinheiro vivo em um jatinho para pagar despesas da campanha do ent�o ministro do Desenvolvimento Social e Combate � Fome Patrus Ananias � Prefeitura de Belo Horizonte, em 2012.

Ela revelou que, a pedido da ent�o presidente Dilma, em 2012, ela e Jo�o Santana fizeram o marketing da campanha de Patrus. “Dilma orientou M�nica Moura a procurar Fernando Pimentel, ent�o ministro do Desenvolvimento, para acertar esta campanha. Os valores foram definidos entre Monica Moura e Fernando Pimentel, o qual exigiu que parte dos pagamentos fossem recebidos por fora”, diz trecho da dela��o de Monica. Ela explicou que, oficialmente, a campanha custou R$ 8 milh�es, al�m de mais R$ 4 milh�es “de valores n�o oficiais”.

Segundo M�nica, do total prometido em caixa 2, ela recebeu apenas alguns pagamentos, em esp�cie, na produtora onde era realizado o marketing da campanha de Patrus, em BH. “Depois de muitos atrasos nos pagamentos, e sempre cobrado por M�nica Moura, Fernando Pimentel, em uma ocasi�o, levou pessoalmente cerca de R$ 800 mil em esp�cie, em uma mala, para M�nica Moura, em S�o Paulo, que a recebeu em m�os. Mas M�nica ponderou com Pimentel que n�o tinha meio seguro de transportar esSe dinheiro para BH, onde tinha pagamentos da campanha a saldar”, diz o anexo.

De acordo com a vers�o de M�nica “Fernando Pimentel, ent�o, se disp�s a transportar o dinheiro em esp�cie de S�o Paulo para Belo Horizonte. Ela soube que Fernando Pimentel levou os R$ 800 mil em um avi�o particular (jatinho) de S�o Paulo a Belo Horizonte, e a referida [quantia] foi entregue na produtora em BH”.

Por meio do WhatsApp, o advogado de Pimentel, Eug�nio Pacceli, afirmou: “N�o comentamos mais as tentativas exitosas de delatores em se verem livres de suas responsabilidades por meio de mentiras desprovidas de qualquer elemento de prova. Ministro de Estado conduzindo mala de dinheiro pessoalmente? N�o havia ningu�m pra fazer isso? Francamente!” Patrus n�o foi encontrado ontem pela reportagem para comentar o assunto.

Maduro pagou 'por fora'


Em sua dela��o, a marqueteira M�nica Moura afirmou que o presidente da Venezuela, Nicol�s Maduro, pagou “por fora” US$ 11 milh�es pela campanha do ent�o presidente Hugo Ch�vez � reelei��o, em 2012. Ela apresentou provas e detalhes sobre os repasses, revelando que Maduro ainda teria de pagar outros US$ 15 milh�es a ela pela campanha, mas que esse valor nunca foi quitado.

A marqueteira afirmou que, al�m desse valor, recebeu outros US$ 9 milh�es de empreiteiras para realizar a campanha de Ch�vez. Al�m do pagamento em esp�cie, Maduro, que � �poca era chanceler, exigiu que a empresa dela recebesse “quase todo os valores” pagos pela campanha via caixa 2.

Em um dos trechos, a marqueteira informa que “parte desse valor n�o contabilizado foi pago em esp�cie, entregue em Caracas diretamente a ela pelo ent�o chanceler Maduro, na pr�pria sede da chancelaria.” “Maduro recebia M�nica em seu pr�prio gabinete, entregava-lhe pastas com dinheiro e providenciava escolta para lhe dar seguran�a no percurso da chancelaria � produtora”, completa.

A marqueteira afirma ainda que a maior parte dos pagamentos foi paga pelas empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez. A assessoria de imprensa da Andrade Gutierrez divulgou nota afirmando que “segue colaborando com as investiga��es em curso dentro do acordo de leni�ncia firmado pela empresa com o Minist�rio P�blico Federal e refor�a seu compromisso p�blico de esclarecer e corrigir todos os fatos irregulares ocorridos no passado.” A da Odebrecht n�o se manifestou.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)