
Quais os pontos positivos deste um ano de governo?
Dois pontos s�o dignos de registro. O presidente Michel Temer conseguiu manter um relacionamento singular com o Congresso Nacional, que lhe deu uma base de 411 deputados, dos quais 330 votam com governo. Todos os projetos encaminhados ao Congresso foram aprovados. Ponto n�mero dois � o sucesso da parte econ�mica do governo.
O que isso rendeu?
Estamos com a infla��o abaixo da meta, juros caindo rapidamente para um d�gito, d�lar caindo e o real se valorizando, Bovespa com n�meros singulares, quase 68 mil pontos. E a a��es de Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil com avalia��o surpreendente. Neste primeiro ano, o sucesso da �rea econ�mica do governo est� al�m do esperado.
Se de fato j� h� ind�cios de retomada da economia, por que a avalia��o do governo ainda � t�o baixa?
Essas informa��es n�o chegam ao Jo�o, Jos�, ao povo. Quando tivermos revers�o do desemprego, teremos crescimento no apoio ao governo.
Mas algumas ag�ncias dizem que o n�vel de emprego s� melhora em 2019.
Mas se vai consolidar at� 2019, at� l� vai ter crescimento. � medida que a popula��o for sentindo que est�o crescendo emprego e todas as atividades comerciais e empresariais tamb�m, ela vai vendo que melhorou. E o governo come�a a melhorar.
N�o ser popular ajuda a implementar medidas amargas?
N�o. Como hoje o governo n�o tem uma boa avalia��o, temos que trabalhar muito os parlamentares. Eles t�m de dar muita explica��o.
O governo vai ter o teste de fogo da base na reforma da Previd�ncia. Queria votar tudo at� 30 de junho. O calend�rio est� mantido?
O governo tinha a pretens�o de aprovar, at� 30 de junho, toda a reforma da Previd�ncia. Temos de ter certeza de aprovar nos dois turnos na C�mara no primeiro semestre e tentar encaminhar ao Senado para aprova��o tamb�m.
O PMDB n�o tem tradi��o de fechar quest�o em vota��es. Vai fechar na Previd�ncia?
Chegou o momento de o PMDB dar testemunho forte de que � governo. Eu acredito que o PMDB vai, sim, fechar quest�o.
Ser o maior partido da coaliz�o tem mais �nus do que b�nus?
Partido que tem o presidente da Rep�blica tem que ter mais responsabilidade pela manuten��o e sustenta��o do governo.
No caso da reforma da Previd�ncia, a demora aproxima a vota��o da elei��o do ano que vem. Como separar isso?
Tem que se conscientizar dos avan�os que ocorreram na reforma. Todas as solicita��es que chegaram no relator, na medida do poss�vel, foram atendidas. N�s precisamos da reforma para dar a esses parlamentares a certeza de que a popula��o estar� mais segura com a reforma do que sem ela. Ela � feita para garantir a aposentadoria de quem j� est� aposentado e dos que vierem a se aposentar.
Ainda h� espa�o para mudan�as no texto?
Enquanto o tema se encontra no parlamento, h� condi��es. O governo, no entanto, entende que chegou no limite em que pode fazer concess�es. Estamos em 75% do que prev�amos de economia na mensagem inicial. O n�mero de R$ 800 bilh�es (de economia) j� caiu para R$ 600 bilh�es. Temos que segurar nesse valor, sob pena de prejudicarmos nosso ajuste fiscal.
O governo conseguiu reverter a batalha da comunica��o na Previd�ncia?
Come�amos a reverter o que eram as informa��es falaciosas. T�nhamos que multiplicar a capacidade de transmitir informa��o para deputados e senadores para que pudessem contestar fatos narrados que n�o tinham proced�ncia. Por exemplo, dizer que essa reforma veio para tirar direitos. Falou-se que, para se aposentar, o sujeito teria de trabalhar 49 anos. Em nenhum momento foi dito isso. O que se dizia � que teria de ter um n�mero de anos de contribui��o para se aposentar. Isso s� vai acontecer daqui a 20 anos.
Voc�s respiraram mais aliviados com a presen�a do Renan Calheiros na reuni�o dos senadores do PMDB com o presidente Miche Temer?
Sempre tivemos a certeza de que ele estaria com o partido, mais dia, menos dia. N�s temos deixado claro que isso era indispens�vel e insist�amos na presen�a dele e ele correspondeu.
Tem espa�o para mudar o texto no Senado?
Temos procurado falar muito com os senadores. E a ideia � que tenhamos a mesma postura que tivemos na reforma trabalhista. Fazer as mudan�as na C�mara e, depois, se for necess�rio, promover mudan�as em uma medida provis�ria. Como estamos em um ano pr�-eleitoral, todo atraso na tramita��o � praticamente irrecuper�vel. Tudo se far� para ganhar tempo.
O governo n�o teve 330 votos para aprovar a reforma trabalhista.
Olha o n�mero de aus�ncias. Temos, normalmente, 330 votos. N�o exigia qu�rum qualificado.
Como voc�s v�o trabalhar para vencer resist�ncias, como a do PSB, por exemplo?
Vamos trabalhar por partido. O PSB � uma bancada dividida. Temos rela��o direta com a lideran�a do PSB, os deputados, buscando convenc�-los de que, sendo governo, eles precisam votar com o governo. E que tem um dos mais importantes minist�rios, o de Minas e Energia, onde o ministro Fernando Bezerra Filho tem tido um excepcional desempenho.
Como est� sua planilha de votos?
Est� crescendo. Eu parto dos 330 e, a partir da�, vamos vendo com quem n�o contamos ainda. Est� bem pr�ximo do n�mero necess�rio, dos 308 votos. Neste momento, para n�s, vazar n�meros n�o � um pouco interessante. Mas estamos bem.
S� vai para plen�rio quando voc�s tiverem certeza da aprova��o?
Certeza voc� sabe como �, n�? Mas quando estivermos convic��o de aprova��o.
A Lava-Jato continua preocupando o governo?
Lava-Jato e governo s�o processos diferentes. Processo de governar � do Executivo e a quest�o da Lava-Jato cabe � Justi�a Federal, ao Minist�rio P�blico Federal e � Pol�cia Federal fazer as apura��es e julgar. Estamos trabalhando como se n�o tivesse nenhum tipo de �bice em decorr�ncia da Lava-Jato.
Mas como est� a press�o em rela��o ao n�cleo duro do governo?
Eu tenho um compromisso de s� falar sobre Lava-Jato nos autos do processo, por interm�dio dos meus advogados.
Em entrevista anterior, quando o PMDB assumiu a articula��o pol�tica do governo, havia a ideia de o partido romper com o PT ap�s as elei��es municipais para ter candidato pr�prio em 2018. O PMDB, agora, � governo. Ter� candidato em 2018?
Sem d�vida nenhuma. Pergunte ao presidente Romero Juc� que ele vai dizer que o PMDB ter� candidatura pr�pria � Presid�ncia da Rep�blica.
Falar isso neste momento n�o atrapalha a rela��o com o PSDB?
O PSDB tamb�m est� dizendo que vai ter candidatura. A pergunta pode ser invertida. A rela��o com o PMDB ficaria mal por que o PSDB est� dizendo que vai ter candidatura pr�pria? N�o.
Henrique Meirelles (ministro da Fazenda) � um nome?
Pode ser, por que n�o? Embora hoje seja mais dif�cil porque ele n�o � do PMDB.
O presidente Michel Temer mant�m a disposi��o de n�o ser candidato ou j� colocou um “n�o sou candidato, mas...”?
Ainda n�o.
Qual sua opini�o sobre as regras que valer�o para a elei��o do ano que vem?
Tudo indica que teremos financiamento p�blico.
Com lista fechada ou aberta?
Penso que, nesse particular, a elei��o n�o vai mudar, vai continuar sendo pelo sistema proporcional. As coincid�ncias de vontades n�o acontecem muito neste sentido.
E o que pode ser aprovado?
O que a gente tem ouvido: fim de coliga��es nas elei��es proporcionais, cl�usula de desempenho e fim da reelei��o.
Com extens�o do mandato para cinco anos?
N�o falaram.
Qual a explica��o para que o ex-presidente Lula ainda se apresente como um candidato altamente competitivo?
Pesquisa sempre � um retrato do momento.
Lula estar� no p�reo em 2018?
Ele tem se declarado candidato. Hoje, teria condi��es de ser. N�o sei se ter� em 2018.