A oposi��o ao governo Temer ainda n�o tem uma estrat�gia definida para a sess�o de quarta-feira que vai analisar a den�ncia da Procurador-Geral da Rep�blica (PGR) contra o presidente Michel Temer.
“S� vamos votar depois que a base do Temer colocar o n�mero suficiente no plen�rio. V�rias dela��es est�o sendo negociadas, como a do Cunha (ex-deputado Eduardo Cunha) e a do Funaro (L�cio Funaro, doleiro ligado ao PMDB), e a expectativa � de que surjam novos fatos grav�ssimos envolvendo o governo.
O Congresso n�o tem direito de privar a sociedade de conhecer a fundo os detalhes das investiga��es”, avalia o deputado Reginaldo Lopes (PT).
A ex-deputada Luciana Genro (PSOL) usou suas redes sociais para criticar integrantes da oposi��o que est�o “desidratando” o movimento contra Temer.
“A tese da perman�ncia de Temer encontra adeptos at� mesmo na oposi��o, com setores que passaram a desidratar o ‘Fora, Temer’”, criticou a Luciana, que foi candidata do PSOL � Presid�ncia da Rep�blica em 2014.
Os partidos de oposi��o t�m reuni�es marcadas para hoje e amanh�, em Bras�li,a para tentar criar um consenso em rela��o � sess�o de quarta-feira, quando ser� colocada em vota��o a den�ncia apresentada pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, contra Temer.
Alguns deputados apostam que o desgaste dos parlamentares que declararam apoio a Temer pode ajudar a mudar votos nas v�speras da sess�o.
“Os parlamentares que est�o dispostos a assumir a defesa de um governo rejeitado por 95% dos brasileiros v�o pagar um pre�o por essa escolha. � um recorde de impopularidade que supera at� o enfrentado pelo ex-presidente Sarney, quando a infla��o era absurda”, diz o deputado J�lio Delgado (PSB-MG).
Janot prepara novas den�ncias
Com o fim do recesso parlamentar, na ter�a-feira, com o retorno dos parlamentares ao trabalho, Rodrigo Janot precisa escolher quais den�ncias ter� de acelerar, j� que seu mandato acaba em 17 de setembro e nem tudo o que foi iniciado na gest�o dele poder� ser conclu�do a tempo.
Entre as prioridades do procurador-geral deve estar novas den�ncias contra Temer, al�m da aprova��o das novas dela��es premiadas, como a do ex-presidente da C�mara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tamb�m deve respingar no presidente.
Janot pretende deixar o m�nimo de pend�ncias para a sucessora, Raquel Dodge, cuja linha de trabalho deve ser diferente da que foi desenvolvida ao longo dos �ltimos quatro anos, quando o combate � corrup��o teve tratamento especial.
O procurador-geral n�o comenta suas estrat�gias, mas deixou claro que pretende prosseguir com os pedidos de investiga��o contra Temer, acusado pela PGR de corrup��o passiva.
“Enquanto houver bambu, l� vai flecha”, disse, ao ser questionado sobre o assunto. Presume-se, ent�o, que as �ltimas flechadas sejam disparadas em dire��o ao desgastado presidente, atualmente com 5% de aprova��o.
As novas acusa��es devem tratar de obstru��o da Justi�a e forma��o de quadrilha. Janot pretende, segundo confidenciam interlocutores, encerrar o mandato afastando Temer. H� d�vidas se Raquel Dodge tenha a mesma prioridade. (Colaborou Bernardo Bittar, especial para o EM)
Dela��o explosiva
As acusa��es do Minist�rio P�blico Federal (MPF) t�m como base a dela��o premiada, grava��es e documentos apresentados pelos executivos da J&F, holding controladora da JBS.
Um dos donos da empresa, Joesley Batista gravou conversas em que Temer afirma que � preciso manter a boa rela��o com o deputado cassado Eduardo Cunha, preso em Curitiba e que negocia acordo de dela��o premiada.
O presidente indica tamb�m que Joesley deve conversar com seu homem de confian�a, o ent�o deputado Rodrigo Rocha Loures. Uma semana depois, Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil.
� a primeira vez na hist�ria da Rep�blica brasileira que um presidente � acusado formalmente de crime durante o exerc�cio do mandato, uma vez que em 1992, Fernando Collor de Mello foi denunciado quando j� estava afastado do cargo.
Como ser� a sess�o
- A sess�o em que ser� apreciada a den�ncia contra o presidente Michel Temer est� marcada para come�ar �s 9h de quarta-feira, dia 2.
- Para iniciar as discuss�es, 52 dos 513 parlamentares devem registrar presen�a no plen�rio.
- O primeiro a falar � o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), relator do parecer favor�vel ao presidente Temer na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ). Ele ter� 25 minutos para explicar seu parecer para os parlamentares.
- Os advogados de Temer (ou o pr�prio presidente, se ele preferir) ter�o os mesmos 25 minutos para apresentar os argumentos da defesa.
- Quando forem abertas as discuss�es, cada deputado que se inscrever para falar na tribuna ter� 5 minutos cada.
- A fase de vota��o s� come�a com a presen�a de 342 deputados no plen�rio. Dois oradores s�o escolhidos para argumentar contra a den�ncia e dois para argumentar a favor da den�ncia da PGR.
- Em seguida, os l�deres dos partidos encaminham como votam suas legendas.
- Os parlamentares ser�o chamados em ordem alfab�tica, por estado, em voto aberto.
- O resultado ser� proclamada ap�s todos votarem. S� haver� um resultado se no m�nimo 342 parlamentares votarem, caso contr�rio, ser� convocada uma nova sess�o para nova vota��o.
- S�o necess�rios 172 votos para o arquivamento da den�ncia.
- Se a acusa��o for admitida pelos parlamentares, o processo voltar� ao Supremo e para ser julgado. No caso de recebimento da den�ncia na Corte, o presidente se tornar� r�u e ser� afastado do cargo por 180 dias. Se for rejeitada pelos deputados, a den�ncia da PGR ser� arquivada e n�o poder� ser analisada pelo Supremo.