Rio - O ex-governador do Rio Sergio Cabral (PMDB) recebeu R$ 144,7 milh�es em propinas do setor de transportes entre 2010 e 2016, segundo duas novas den�ncias oferecidas contra ele pelo Minist�rio P�blico Federal no Rio, que partiram das investiga��es da opera��o Lava Jato no Estado.
Os procuradores apontaram o papel central da Federa��o das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado (Fetranspor), que re�ne sindicatos, no esquema. Eles levantaram provas de que, a uma "caixinha de propina", foram destinados repasses de 26 empresas de �nibus. O dinheiro foi parara nas m�os de agentes p�blicos e pol�ticos, num total de R$ 250 milh�es - esses, no per�odo 2013-2016.
As den�ncias foram protocoladas na segunda-feira, 7, na 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Os procuradores, que ir�o detalhar as den�ncias a jornalistas ainda nesta ter�a-feira, 8, pedem o bloqueio de pelo menos R$ 520 milh�es de membros da organiza��o para repara��o dos danos causados ao er�rio. A propina era lavada e enviada ao exterior, segundo o MPF.
Outros 23 investigados da Opera��o Ponto Final da Pol�cia Federal, desencadeada em julho, tamb�m foram denunciados, entre empres�rios de �nibus e servidores do Estado coniventes. Cabral teria recebido propina entre julho de 2010 a outubro de 2016 - ele deixou o governo, em favor do vice, Luiz Fernando Pez�o (PMDB), em 2014.
O ex-presidente do Departamento de Transportes Rodovi�rios do Estado (Detro) Rog�rio Onofre ficou, conforme o MPF, com R$ 43,4 milh�es, tamb�m entre 2010 e 2016. O Detro � respons�vel pela fiscaliza��o do setor. Onofre foi preso na Ponto Final.
Os pagamentos il�citos garantiam a lideran�a de empres�rios nos transportes no Rio, al�m de benef�cios na pol�tica tarif�ria e benesses tribut�rias. As den�ncias citam o aumento de 7% das passagens de �nibus intermunicipais em dezembro de 2009, por decis�o de Cabral e de Onofre, e o desconto de 50% no IPVA dos coletivos em janeiro de 2014. Eram contrapartidas do Estado �s contribui��es para a "caixinha".
As informa��es foram levantadas gra�as �s colabora��es premiadas do doleiro �lvaro Novis e do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado Jonas Lopes, alvos de opera��es anteriores da PF, e ainda com a quebra do sigilo telef�nico e de e-mails dos envolvidos e material arrecadado em buscas da pol�cia.
"� n�tido que, por um lado, o governador Sergio Cabral concedeu benef�cios tribut�rios �s empresas de �nibus, abrindo m�o de receitas importantes para o combalido Estado do Rio. Tais benesses, no entanto, n�o foram consideradas pelo ent�o presidente do Detro, Rog�rio Onofre, para reduzir os valores das tarifas pagas pelos usu�rios do servi�o p�blico de transportes ou ao menos para diminuir o seu porcentual de aumento", afirmam os procuradores Eduardo El Hage, Fabiana Schneider, Jos� Augusto Vagos, Leonardo Freitas, Marisa Ferrari, Rafael Barreto, Rodrigo Tim�teo e S�rgio Pinel.