
S�o Paulo, 10 - O depoimento do ex-ministro Antonio Palocci ao juiz S�rgio Moro n�o apenas fechou o cerco ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva como escancarou o racha no PT sobre quem encarnar� o “plano B” para a elei��o de 2018, caso ele seja impedido de entrar na disputa. Embora os petistas n�o admitam em p�blico a possibilidade de a candidatura Lula ser inviabilizada politicamente ou juridicamente, h� grande temor entre alguns dirigentes de que Palocci tenha reunido provas ou ind�cios do que contou ao juiz S�rgio Moro na quarta-feira da semana passada.
Segundo apurou o Estado, se fechar um acordo de dela��o premiada, Palocci detalhar�, com provas, a movimenta��o financeira de campanhas eleitorais petistas e indicar� quando e onde valores foram entregues ao partido e quem foi o respons�vel pela opera��o. Ao contr�rio do que dizem dirigentes do PT e apoiadores de Lula, um advogado e dois amigos de Palocci afirmaram que ele est� “l�cido”, “sereno” e “aliviado” com a confiss�o a Moro.
H� ainda a possibilidade de os relatos de Palocci serem corroborados pelo sucessor dele na Fazenda, Guido Mantega, que tamb�m negocia uma colabora��o. Ao assumir para Moro que era o “Italiano” nas planilhas da propina da Odebrecht, petista fez as investiga��es avan�arem diretamente rumo ao ex-presidente e complicou ainda mais a situa��o jur�dica e pol�tica dele.
Nos bastidores, o ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad seria o preferido de Lula para concorrer ao Planalto caso ele pr�prio seja inviabilizado. H� d�vidas, por�m, se Haddad ter� a “coragem” suficiente, nas palavras de um dirigente, para dar as costas ao discurso �tico e defender o partido, um dos mais implicados no maior caso de corrup��o da hist�ria do Pa�s, o dos desvios na Petrobr�s. Alguns petistas acham que Haddad pode at� apresentar reservas em defender Lula na intr�nseca rela��o de amizade e troca de favores com empreiteiros j� condenados pela Justi�a.
Al�m disso, Haddad � definido por integrantes da c�pula do PT como “Dilma de saia”. Trata-se de uma refer�ncia ao que muitos classificam como falta de jogo de cintura pol�tica da presidente cassada Dilma Rousseff. Na avalia��o de dirigentes da sigla, principalmente os alinhados � tend�ncia majorit�ria Construindo um Novo Brasil (CNB), tanto Haddad quanto Dilma s�o “incontrol�veis”.
A favor de Haddad, no entanto, pesa a opini�o de Lula, que v� numa eventual candidatura do ex-prefeito condi��es de produzir um discurso sob medida para a classe m�dia e a juventude desencantada.
'Persegui��o'
A atual estrat�gia do PT, no entanto, ainda consiste em embalar a pr�-campanha de Lula com a narrativa de que ele � v�tima de “persegui��o pol�tica”. Na quarta-feira, o ex-presidente ser� ouvido novamente pelo juiz S�rgio Moro - que j� o condenou no caso do triplex -, desta vez no processo referente a propinas pagas pela Odebrecht.
A ideia do partido � bater na tecla de que, se Lula n�o puder ser candidato, a elei��o de 2018 n�o ter� legitimidade.
Para desestimular Haddad de disputar voos mais altos, um grupo do PT ofereceu a ele a candidatura ao Senado. Disc�pulos do fogo amigo contra o ex-prefeito dizem, ainda, que o ex-ministro Jaques Wagner - hoje secret�rio estadual na Bahia - tem mais “perfil” para entrar no lugar de Lula, se for preciso.
“O plano A � Lula e n�o existe essa hist�ria de plano B”, diz Haddad, sempre que � questionado sobre o assunto. “O foco do PT, agora, deve ser lutar pela revis�o da senten�a que o condenou injustamente e descaracterizar o depoimento de Palocci, que n�o tem fundamento”, afirma o ex-prefeito.
A avalia��o, no entanto, � de que Palocci n�o teve a mesma “estatura moral” que o ex-ministro Jos� Dirceu e os ex-tesoureiros do partido Del�bio Soares e Jo�o Vaccari Neto, que mesmo depois de presos n�o “entregaram” colegas. Para petistas, Palocci agiu de caso pensado para construir um discurso que agradasse ao Minist�rio P�blico e Moro e, assim, agilizar as negocia��es do acordo.
Expuls�o
No PT j� surgiram algumas vozes pedindo a expuls�o do ex-ministro, mas a c�pula do partido afirma que o assunto n�o foi discutido e que, se entrar em pauta oficialmente, vai obedecer a todos os tr�mites com a garantia da ampla defesa.
“H� uma troca de mensagens nas redes sociais entre militantes e dirigentes discutindo o momento mais oportuno para uma expuls�o. N�o deve demorar. Existe um consenso se formando”, afirmou o deputado estadual Jos� Am�rico (SP). Para o deputado, ao assumir a postura de delator, Palocci est� dando “adeus” � pol�tica.
A rea��o ser� manter a mobiliza��o de apoio ao petista nas ruas. O pr�ximo passo ser� mobilizar a milit�ncia para dar uma demonstra��o de apoio a Lula em Curitiba na pr�xima quarta-feira quando ele estar� novamente cara a cara com o juiz S�rgio Moro.
1ª inst�ncia. A den�ncia apresentada pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, contra os ex-presidentes Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff e o ex-ministro Aloizio Mercadante por obstru��o � Lava Jato ser� encaminhada � primeira inst�ncia da Justi�a Federal, por decis�o do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (SFT).
Relator do inqu�rito, Fachin contrariou o pedido do procurador, que queria o processo no STF. O ministro determinou a remessa do caso � Justi�a Federal do Distrito Federal, por n�o haver autoridade com foro privilegiado entre os denunciados. As defesa de Lula, Dilma e Mercadante negam a acusa��o. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
(Alberto Bombig, Vera Rosa, Valmar Hupsel Filho, Gilberto Amendola, Rafael Moraes Moura e Breno Pires)