
A atitude do general causou desconforto em Bras�lia. Oficiais-generais ouvidos pelo jornal "O Estado de S. Paulo" criticaram a afirma��o de Mour�o, considerada desnecess�ria neste momento de crise.
"Ou as institui��es solucionam o problema pol�tico, pela a��o do Judici�rio, retirando da vida p�blica esses elementos envolvidos em todos os il�citos, ou ent�o n�s teremos que impor isso", disse Mour�o em palestra gravada, justificando que "desde o come�o da crise o nosso comandante definiu um trip� para a atua��o do Ex�rcito: legalidade, legitimidade e que o Ex�rcito n�o seja um fator de instabilidade".
O general Mour�o seguiu afirmando que "os Poderes ter�o que buscar uma solu��o, se n�o conseguirem, chegar� a hora em que teremos que impor uma solu��o… e essa imposi��o n�o ser� f�cil, ela trar� problemas". Por fim, acrescentou lembrando o juramento que os militares fizeram de "compromisso com a P�tria, independente de sermos aplaudidos ou n�o". E encerrou: "O que interessa � termos a consci�ncia tranquila de que fizemos o melhor e que buscamos, de qualquer maneira, atingir esse objetivo. Ent�o, se tiver que haver haver�".
Procurado neste domingo, Mour�o explicou, no entanto, que n�o estava "insuflando nada" ou "pregando interven��o militar" e que a interpreta��o das suas palavras "� livre". Ele afirmou que falava em seu nome, n�o no do Ex�rcito.
Ao jornal, o comandante do Ex�rcito, general Eduardo Villas B�as, foi enf�tico e disse que "n�o h� qualquer possibilidade" de interven��o militar. "Desde 1985 n�o somos respons�veis por turbul�ncia na vida nacional e assim vai prosseguir. Al�m disso, o emprego nosso ser� sempre por iniciativa de um dos Poderes", afirmou Villas B�as, acrescentando que a For�a defende "a manuten��o da democracia, a preserva��o da Constitui��o, al�m da prote��o das institui��es".
Depois de salientar que "internamente j� foi conversado e o problema est� superado", o comandante do Ex�rcito insistiu que qualquer emprego de For�as Armadas ser� por iniciativa de um dos Poderes. No s�bado, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, conversou com o comandante do Ex�rcito, que telefonou para o general Mour�o para saber o que havia ocorrido. O general, ent�o, explicou o contexto das declara��es.
Pol�micas anteriores
Esta n�o � a primeira pol�mica protagonizada pelo general Mour�o, atual secret�rio de economia e finan�as do Ex�rcito, cargo para o qual foi transferido, em outubro de 2015, quando perdeu o Comando Militar do Sul, por ter feito duras cr�ticas � classe pol�tica e ao governo.
Antes, ele j� havia desagradado ao Pal�cio do Planalto, ao ter atacado indiretamente a ent�o presidente Dilma Rousseff ao ser questionado sobre o impeachment dela e responder que "a mera substitui��o da PR( presidente da Rep�blica) n�o trar� mudan�a significativa no 'status quo'" e que "a vantagem da mudan�a seria o descarte da incompet�ncia, m� gest�o e corrup��o".
Neste domingo, ao ser procurado pelo jornal, o general Mour�o disse que "n�o est� insuflando nada" e que "n�o defendeu (a tomada de poder pelos militares), apenas respondeu a uma pergunta". Para o general, "se ningu�m se acertar, ter� de haver algum tipo de interven��o, para colocar ordem na casa". Sobre quem faria a interven��o, se ela seria militar, ele responde que "n�o existe f�rmula de bolo" para isso. E emendou: "N�o (n�o � interven��o militar). Isso n�o � uma revolu��o. N�o � uma tomada de poder. N�o existe nada disso. � simplesmente algu�m que coloque as coisas em ordem, e diga: aten��o, minha gente vamos nos acertar aqui e deixar as coisas de forma que o Pa�s consiga andar e n�o como estamos. Foi isso que disse, mas as pessoas interpretam as coisas cada uma de sua forma. Os grupos que pedem interven��o � que est�o fazendo essa onda em torno desse assunto".
Mour�o estava fardado ao fazer a palestra. Ele permanece no servi�o ativo no Ex�rcito at� mar�o do ano que vem, quando passar� para a reserva. O general Mour�o disse ao jornal que n�o vai se candidatar, apesar de existir p�gina nas redes sociais sugerindo seu nome para presidente da Rep�blica. "N�o. N�o sou pol�tico. Sou soldado."
(T�nia Monteiro)