
Relat�rio da Pol�cia Federal apontou que o senador A�cio Neves (PSDB-MG) e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), realizaram 43 chamadas telef�nicas via WhatsApp entre si no per�odo entre 16 de mar�o e 13 de maio deste ano.
De acordo com duas tabelas anexadas pela PF no relat�rio, referentes a dois celulares de A�cio Neves, teriam sido 38 chamadas com um celular de A�cio, e 5 com outro, dentro desse per�odo de tempo. Do total de 43, 20 tiveram zero segundo de dura��o, sugerindo que n�o foram completadas. Outras 23 tiveram dura��o de tempo que variou entre alguns segundos e oito minutos.
Apesar de destacar "frequ�ncia de contato", o relat�rio diz que essa informa��o n�o tem rela��o com os conte�dos em investiga��o na Opera��o Patmos, iniciada na dela��o da J&F, da qual o tucano � alvo.
A PF destacou que Gilmar Mendes � relator de quatro inqu�ritos contra A�cio no STF e frisou que ao menos uma das liga��es foi feita em um dia no qual o ministro deu uma decis�o que suspendeu um interrogat�rio pelo qual o investigado deveria passar no dia seguinte.
"N�o � poss�vel conhecer a finalidade ou o contexto em que houve essas liga��es, restando t�o somente evidenciado a frequ�ncia de contato entre as autoridades em quest�o", observou inicialmente a PF no relat�rio encaminhado ao Supremo Tribunal Federal como parte das an�lises realizadas na Opera��o Patmos.
Segundo a PF, "algumas dessas liga��es, ou simples tentativa, ocorreram no dia 25/04/2017, mesma data em que o ministro Gilmar Mendes deferiu monocraticamente requerimento do senador A�cio Neves, relativo � suspens�o de interrogat�rio que seria realizado nesta Pol�cia Federal no dia seguinte, 26/04/2017, nos autos do Inqu�rito 4244-STF, conforme se verifica em tela de acompanhamento processual daquela Suprema Corte".
A PF faz a ressalva de que n�o � poss�vel afirmar que as liga��es feitas no dia 25 de abril tenham rela��o com o requerimento feito por A�cio Neves na mesma data pedindo a suspens�o do interrogat�rio. Mas, segundo a PF, "� de se destacar a coincid�ncia desses contatos".
"No material analisado, embora sem conte�do probat�rio correlacionado aos fatos sob investiga��o (Opera��o Patmos), destacam-se os registros verificados nos aparelhos celulares utilizados pelo Senador A�cio Neves, nos quais se evidencia os seus contatos frequentes com o Ministro do STF, Gilmar Mendes, relator de quatro inqu�ritos em que ele aparece como investigado", diz na conclus�o o agente da Pol�cia Federal Morais Cezar da Mota Furtado.
O relat�rio tamb�m citou que o n�mero do empres�rio Joesley Batista, delator do Grupo J&F, estava na agenda do celular de A�cio Neves, e pontuou que houve um chat entre o tucano e o empres�rio. De acordo com a PF, o conte�do n�o est� dispon�vel.
Outro lado
Procurado por meio da assessoria de imprensa, o ministro Gilmar Mendes ainda n�o se manifestou sobre o assunto. A defesa do senador A�cio Neves afirmou que o tema dos di�logos era a reforma pol�tica.
"O senador A�cio Neves mant�m rela��es formais com o ministro Gilmar Mendes e, como presidente nacional do PSDB, manteve contados com o ministro, presidente do TSE, para tratar de quest�es relativas � reforma pol�tica. Ressalte-se que pouco mais da metade das liga��es citadas foram completadas, conforme consta do relat�rio da PF. Ocorreram tamb�m reuni�es p�blicas para tratar do tema, com a presen�a do presidente da C�mara e presidentes de outros partidos. O senador A�cio � autor de uma das propostas aprovadas no �mbito da reforma pol�tica", disse o advogado de A�cio Neves, Alberto Zacharias Toron.
O advogado destaca que a decis�o de Gilmar Mendes que suspendeu a oitiva do senador foi resultado de peti��o protocolada pelos advogados, de acordo com a s�mula 14 do STF.
"Tal decis�o encontra-se em harmonia com a pac�fica orienta��o do STF e vai na linha de in�meras outras decis�es de outros ministros no mesmo sentido. Essa quest�o foi tratada pelos advogados junto ao tribunal, n�o tendo sido objeto de contato do senador com o ministro. A oitiva foi realizada poucos dias depois", afirmou o advogado.
(Breno Pires e Rafael Moraes Moura)