
Ap�s causar uma reviravolta no cen�rio pol�tico brasileiro, a Opera��o Lava-Jato, maior a��o de combate � corrup��o da hist�ria, chega a dezenas de pa�ses.
Na��es da Europa, das Am�ricas, da �frica e da �sia j� iniciaram suas pr�prias investiga��es. Para que os trabalhos avancem nessas regi�es, a colabora��o do Brasil � fundamental.
Devido � grandeza do esquema de corrup��o, os investigadores brasileiros tamb�m contam com a parceria de agentes internacionais. At� agora, 340 pedidos de coopera��o internacional foram realizados no �mbito da opera��o. E a��es j� est�o em andamento em 49 na��es.
Assim como no Brasil, as investiga��es atingem autoridades de alto escal�o de governos de muitos pa�ses. O Peru virou um caso emblem�tico, ap�s o ex-presidente Alejandro Toledo ter tido a pris�o decretada, acusado de receber propina de US$ 23,9 milh�es.
N�o s� ele, mas todos os presidentes do pa�s desde o ano 2000 s�o acusados de terem recebido propina da Construtora Odebrecht. A corrup��o investigada pela Lava-Jato no pa�s atinge tamb�m a ex-deputada Keiko Fujimori, principal l�der da oposi��o.
Alvo de uma ordem de pris�o em fevereiro deste ano, Toledo vive atualmente na Calif�rnia, nos Estados Unidos, e n�o passou nem um dia na cadeia. Ele � considerado foragido.
Cerco
O ex-presidente peruano Ollanta Humala, que conduziu o pa�s entre 2011 em 2016 foi preso em julho deste ano, acusado de lavagem de dinheiro e associa��o il�cita.
A Justi�a afirma que ele recebeu R$ 9,8 milh�es em repasses ilegais. Na semana passada, o atual presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, foi acusado de liga��es com pagamentos de propina.
Documentos que indicam a participa��o dele nos atos investigados pela Lava-Jato foram entregues ao parlamento e est�o sendo analisados por uma comiss�o criada exclusivamente para investigar pagamentos a pol�ticos.
Para manter foro, investigados na Lava-Jato disputam cargos inferiores
O procurador da Rep�blica Alan Mansur, que atua no combate � corrup��o eleitoral, destaca que os desdobramentos da Lava-Jato no exterior est�o come�ando a apresentar resultados de grande relev�ncia.
“N�s temos sequ�ncias importantes da opera��o a n�vel internacional. Na Am�rica Latina, temos de destacar o Peru, que conseguiu �timos resultados. Hoje, mais do que nunca, o dinheiro j� n�o tem nacionalidade. � f�cil levar recursos para fora, muitas vezes, sem deixar vest�gio. Por isso, � necess�ria coopera��o entre as autoridades dos pa�ses. Isso traz agilidade �s investiga��es e fecha o cerco contra a corrup��o”, afirma.
De acordo com o Minist�rio P�blico Federal (MPF), durante a Opera��o Lava-Jato foram feitas centenas de pedidos de coopera��o internacional. At� agora s�o 201 solicita��es de coopera��o ativa feitas a 41 pa�ses.
Neste caso, o Brasil � quem pede a colabora��o de outras na��es para aprofundar as investiga��es. J� no caso de coopera��o passiva, em que outros pa�ses solicitam ajuda do Brasil, foram recebidos 139 pedidos de 31 autoridades estrangeiras.
As investiga��es em andamento abrangem Estados Unidos, Argentina, Chile, China, Col�mbia, Costa Rica, Dinamarca, Equador, Espanha, Fran�a, Israel, Su��a, It�lia, M�xico, Reino Unido, R�ssia, Angola, Venezuela, Hong Kong e Portugal.
Somente na Su��a foram bloqueados, at� agora, R$ 3,2 bilh�es depositados em contas banc�rias supostamente envolvidas em esquemas de corrup��o. O bloqueio s� foi poss�vel por conta da coopera��o bilateral.
O cientista pol�tico Aninho Irachande Mucundramo, especialista em rela��es internacionais da Universidade de Bras�lia (UnB), destaca que, al�m de ser importante para as investiga��es em curso, as parcerias podem abrir portas ao Brasil para futuros acordos de combate aos crimes que ultrapassam os limites das fronteiras do pa�s.
“Neste momento, em que o nossa na��o tem papel fundamental nesses casos, � necess�rio ter agilidade e colaborar com provas concretas para as investiga��es. A comunidade internacional j� tem uma certa desconfian�a em rela��o ao Brasil, pois temos autoridades de alto escal�o envolvidas em atos de corrup��o. � necess�rio que a colabora��o brasileira v� al�m do discurso. Com as demais na��es adotando o princ�pio da reciprocidade, teremos portas abertas no futuro”, afirma.
Da Am�rica � �sia
Fora do territ�rio nacional, as investiga��es avan�am com mais for�a na Am�rica do Sul e nos Estados Unidos. Na Col�mbia, por exemplo, o presidente Juan Manuel Santos � acusado de ter recebido caixa 2 (doa��es ilegais) para as campanhas eleitorais de 2010 e de 2014.
De acordo com as investiga��es, entre as empresas que repassaram recursos il�citos est�o companhias brasileiras. Santos admitiu que sua elei��o teve ajuda de dinheiro ilegal, mas disse que tudo foi negociado pelo seu coordenador de campanha, sem que ele soubesse.
Com um pr�mio Nobel da Paz no curr�culo, o presidente colombiano se disse envergonhado e pediu desculpas ao ser questionado pela Justi�a Eleitoral sobre seu envolvimento com neg�cios il�citos.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Estado j� julgou 21 a��es referentes � Lava-Jato e pretende ouvir 51 pessoas acusadas de participar de esquemas de corrup��o. Como a maioria dos acusados � de nacionalidade brasileira, � necess�rio que o Superior Tribunal de Justi�a (STJ) conceda autoriza��o.
As investiga��es da Lava-Jato tamb�m atravessaram o Oceano e foram parar no outro lado do planeta. Na �sia, China, Hong Kong e Singapura d�o os primeiros passos para investigar empresas e autoridades suspeitas de envolvimento com lavagem de dinheiro e pagamento de propina.
Al�m disso, diversas obras de grande porte est�o na mira de �rg�os de controle desses pa�ses. Na China, a suspeita � de que executivos tenham aberto contas em bancos do pa�s para guardar dinheiro de propina.
A apura��o de recursos ilegais supostamente enviados � China ainda caminha a passos lentos. J� Hong Kong est� no foco das investiga��es desde o ano passado.
O territ�rio, mais aberto ao capital estrangeiro, pode ter se tornado um caminho atraente para criminosos envolvidos em esquemas de corrup��o.
As apura��es, em parceria com o Brasil, come�aram ap�s, ind�cios recebidos pelo Minist�rio P�blico e pela Pol�cia Federal, de que empres�rios de grandes empresas do ramo de infraestrutura enviaram recursos para l�.
Em nota, a Odebrecht afirmou que “est� colaborando com a Justi�a no Brasil e nos pa�ses em que atua”. A empresa ressalta que “j� reconheceu erros, pediu desculpas p�blicas, assinou um acordo de leni�ncia com as autoridades de Brasil, Estados Unidos, Su��a, Rep�blica Dominicana, Equador e Panam�, e est� comprometida a combater e n�o tolerar a corrup��o em quaisquer de suas formas”.
