
A C�mara dos Deputados j� pagou at� R$ 45,5 mil por um bilhete a�reo de ida e volta para uma viagem oficial neste mandato. Levantamento com dados obtidos por meio de Lei de Acesso � Informa��o, com 1,4 mil viagens oficiais bancadas pela Casa desde 2015, revela que foram desembolsados R$ 7,6 milh�es, em valores atualizados.
Durante o per�odo, as passagens que mais pesaram foram as internacionais - representam mais de 90% do total. Em novembro, reportagem do Estado mostrou que houve um aumento de 41% nas viagens internacionais dos parlamentares neste mandato, em compara��o com o anterior.
As passagens de miss�es oficiais s�o compradas e pagas pela Casa, diferentemente das passagens a que os deputados t�m direito mensalmente para voltar a seus Estados - essas, que n�o foram contabilizadas no levantamento, s�o os deputados que compram, e o dinheiro sai da cota parlamentar. Os cinco casos de passagens mais caras analisados pelo jornal foram de classe executiva - o que pode ser tanto direito previsto no regimento da Casa pelo cargo ou condi��o do deputado ou devido a um "upgrade" de classe com verbas da cota parlamentar.
Questionada se haveria um m�ximo de passagens que deputados poderiam solicitar ou um teto para o valor pago, a C�mara n�o respondeu e afirmou que informa��es adicionais devem ser pedidas "por meio de Lei de Acesso � Informa��o".
Uma comitiva de oito deputados foi � China no ano passado, em uma viagem oficial que durou dez dias. O deputado Dami�o Feliciano (PDT-PB) teve os bilhetes mais custosos do grupo e de todo o ano passado, no valor de R$ 36,6 mil. No ranking total do mandato, ele fica atr�s de oito deputados.
Os cinco bilhetes mais caros pagos nos �ltimos tr�s anos foram de miss�es em 2015. Os dois primeiros s�o de uma viagem de quatro dias dos deputados baianos Claudio Cajado (DEM) e Antonio Imbassahy (PSDB), em dezembro de 2015, para o Casaquist�o e a Georgia. As viagens custaram, respectivamente, R$ 45,5 mil e R$ 45,3 mil, em valores atualizados.
Por serem procurador legislativo e l�der do partido � �poca, respectivamente, eles tiveram direito a classe executiva. Al�m deles, segundo regimento interno, t�m esse direito ocupantes de outros cargos, como membros titulares da Mesa Diretora e presidentes de Comiss�es Permanentes.
"Nenhum de n�s tem interesse de comprar passagem mais cara", disse Cajado. Membro da Comiss�o de Rela��es Exteriores da C�mara, o deputado afirmou que, nessa viagem, um dos focos era participar da Expo-2017, feira mundial de energia sustent�vel, para a qual o Pa�s foi convidado na ocasi�o, mas isso acabou n�o acontecendo por conta da crise. "Acabou faltando recursos", segundo Cajado.
Por meio de nota, Imbassahy disse que "foram cumpridos todos os requisitos estabelecidos pela C�mara para participa��o em miss�es oficiais" e que o objetivo da viagem era "estreitar" rela��es com os pa�ses.
Anteced�ncia
O regulamento interno da Casa determina que o pedido de concess�o das passagens seja "formalizado com devida anteced�ncia da realiza��o da viagem, com vistas � reserva das passagens e � obten��o de pre�os mais vantajosos". O texto n�o estipula, contudo, de quanto tempo seria "devida anteced�ncia".
"Eu n�o controlo o pre�o da passagem. �s vezes, demora para sair (a autoriza��o da C�mara) e elas ficam mais caras", afirmou Cajado. O deputado do DEM tamb�m foi o que mais fez a Casa desembolsar recursos nos tr�s anos de mandato para viagens: R$ 280 mil.
Quem tamb�m diz n�o ter o controle do pre�o da passagem � o deputado Jos� Rocha (PR-BA). Com o terceiro bilhete mais caro do per�odo, R$ 43,1 mil, ele disse ao Estado: "Eu vou saber de pre�o? Viajei, mas n�o fui eu quem comprou". Rocha foi um dos onze parlamentares da delega��o especial a Han�i, no Vietn�, para a 132.ª Assembleia da Uni�o Interparlamentar.
Com outros tr�s deputados, Felipe Bornier (PROS-RJ) passou uma semana na R�ssia em miss�o oficial. � �poca segundo-secret�rio da Casa, foi para ele que a C�mara pagou a quarta passagem mais cara deste mandato: R$ 42,8 mil. "Essa viagem que a gente fez, inclusive, conseguiu retornar a importa��o de carne do Brasil (pela R�ssia). A gente fez uma viagem que teve um resultado e paga essa passagem tranquilamente em rela��o a isso", afirmou o parlamentar. Bornier disse ainda que foi um dos deputados que menos viajaram e que n�o tem acesso aos pre�os da passagem, porque quem compra � a Casa.
O deputado paranaense Alex Canziani (PTB) foi aos Estados Unidos em 2015 para um evento da Funda��o Lemann, com outros tantos brasileiros, de estudiosos e at� ministros, para discutir o Pa�s. Como � �poca era secret�rio da Mesa, teve direito a uma passagem na classe executiva, de R$ 37,9 mil. Canziani ressalta que "existem miss�es e miss�es". A dele, no caso, faz parte daquelas que d�o "a oportunidade de um parlamentar conhecer determinada experi�ncias, pessoas de temas que trata na C�mara". "Viagens podem abrir horizontes", concluiu. O deputado Dami�o Feliciano n�o respondeu aos questionamentos da reportagem.
